O
ingresso das crianças nas escolas esta acontecendo cada vez mais cedo e sua
permanência tem ocupado um significativo espaço em seu dia. A escola, desta
forma, tem desempenhado um papel muito importante em seu processo de
amadurecimento de habilidades e competências cognitivas, ou seja, a escola
torna-se peça fundamental para um desenvolvimento harmonioso dessas crianças.
Nesta
perspectiva, muitas são as situações que podem afetar diretamente e/ou
indiretamente seus (das crianças) processos de aprendizagem causando alterações
nos comportamentos em geral. Consequentemente, haverá alterações nas condutas
disciplinares, em seus rendimentos e em suas relações interpessoais
(aluno-aluno, professor-aluno, aluno-escola). Logo, é preciso atenção aos
comportamentos iniciais baseadas na linguagem não-verbal.
Com essa
demanda cada vez mais antecipada das crianças dentro do ambiente escolar, a
escola passou a se preocupar em demonstrar que, ali, as crianças terão um
aconchego semelhante aos seus lares. A questão afetiva ganha relevância e, em
consequência, cresce os inúmeros questionamentos sobre determinados
comportamentos ‘fora do padrão’; e ampliam-se os espaços de trabalho da equipe
multidisciplinar nas escolas e também a busca por especializações relacionadas
aos distúrbios ou transtornos de aprendizagem.
Uma vez
observada precocemente qualquer alteração, é possível detectar e evitar futuros
problemas na aprendizagem que provavelmente aparecerão na classe de
alfabetização. Ou seja, essa alteração não será percebida, necessariamente, com
o início da oralização da criança: primeiro, são os balbucios; e, depois, os
sons intencionais, por volta dos 10/18 meses. Ou sejam a criança ignorada em
sua fase não verbal apresentará dificuldades de aprendizagem em sua fase escolar.
A criança que não recebe a atenção devida em sua formação linguística inicial
estará propensa a desenvolver intensas alterações comportamentais na fase
adulta, como indecisão, insegurança, incapacidade de escolhas, instabilidade
profissional, ausência de autonomia e uma grande imaturidade emocional.
A
antecipação da entrada da criança na escola abre oportunidade de agravamento
das dificuldades e transtornos de aprendizagem, já claramente observados nos
dias atuais.
Diante de
tantas perdas, a criança (aluno) se encontra em uma espiral decadente e sem
pontos de superação, quando, na verdade, deveria estar em um processo de
evolução cognitiva, emocional e, mesmo, física. Ou seja, a criança vive uma
fase de conflitos, pois as suas relações tornam-se menos assertivas e tendem a
levá-la a um caminho social desfavorável, com forte possibilidade de
introduzi-la, por exemplo, no uso abusivo de drogas (álcool, cigarro e outros),
ou a um total desinteresse das relações em geral, ou, mesmo, no abandono dos
estudos, este último item sendo a base do chamado ‘fracasso escolar’.
A
perspectiva de se evitar a dificuldade de aprendizagem pela prevenção precisa
ser conscientizada, principalmente, em ambiente familiar. E nesse caso, a ajuda
de um fonoaudiólogo torna-se muito importante, assim como o acompanhamento dos
demais profissionais. Por meio de exercícios psicomotores, e sensoriais, o
fonoaudiólogo ajuda a criança a lidar com essas dificuldades, além de orientar
a família e os professores, já que esses distúrbios podem afetar a autoestima
da criança e dificultar a convivência com os colegas.
A
indicação de um fonoaudiólogo é necessária se/quando a criança:
- Tem 02 anos e não fala ou se expressa muito pouco;
- Não emite nenhum som ou letra com 01 ano;
- Tem diferenças percebidas pelas pessoas que convivem com ela diariamente;
- Não acompanha com a cabeça e o olhar os objetos sonoros (fonte sonora) tais como chocalhos, chamar pelo nome etc.;
- Tem dificuldades em compreender o que lhe é dito;
- Não faz contato visual e não demonstra qualquer interesse em interagir e comunicar-se;
- Esta constantemente com a boca aberta;
- Apresenta rouquidão constante e por um longo tempo;
- Prefere alimentos pastosos e tem dificuldades ou rejeitam os alimentos sólidos;
- Tem mais de quatro anos e gagueja;
- Faz tratamento ortodôntico e/ou faz uso de de aparelho devido a presença de maus hábitos orais ou uso prolongado de chupeta ou chupar o dedo);
- Esta na escola e apresenta dificuldades de aprendizagem.
Caso o
educador tenha conhecimento sobre as fases de desenvolvimento de linguagem da
criança e o que esperar de seus alunos em cada fase etária, poderá identificar
as dificuldades manifestadas no âmbito escolar e encaminhá-los aos
profissionais habilitados. A suspeita quanto a presença, por exemplo, de
portadores de distúrbios ou mesmo de dificuldades intelectuais de aprendizagem,
em sala de aula, oferece a chance de o profissional da educação apropriar-se de
métodos de ensinagem mais atualizados e eficientes e estes auxiliarão a
evolução da aprendizagem das crianças.
Até a
próxima.
Maria
Paula Costa Raphael
Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista
Ramain-Thiers, Fonoaudióloga e Supervisora de Fonoaudiologia do Projeto Escola
na SPB de 1991 / 1997, Docente da
AVM Faculdade Integrada, cursos de pós
graduação (UCAM), Eventos em Educação,
Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers,
Palestrante em eventos de educação.
A coluna da Maria Paula Raphael é publicada quinzenalmente, sempre revezando com a da Fátima Alves.
A coluna da Maria Paula Raphael é publicada quinzenalmente, sempre revezando com a da Fátima Alves.
Parabéns pelo texto. Muito instrutivo.
ResponderExcluirQuerida Fatima Alves um elogio seu é mais do que especial, beijos
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