quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Coluna do dia: Maria Paula Raphael - A Fonoaudiologia colaborando nas situações adversas na Educação





O ingresso das crianças nas escolas esta acontecendo cada vez mais cedo e sua permanência tem ocupado um significativo espaço em seu dia. A escola, desta forma, tem desempenhado um papel muito importante em seu processo de amadurecimento de habilidades e competências cognitivas, ou seja, a escola torna-se peça fundamental para um desenvolvimento harmonioso dessas crianças. 


Nesta perspectiva, muitas são as situações que podem afetar diretamente e/ou indiretamente seus (das crianças) processos de aprendizagem causando alterações nos comportamentos em geral. Consequentemente, haverá alterações nas condutas disciplinares, em seus rendimentos e em suas relações interpessoais (aluno-aluno, professor-aluno, aluno-escola). Logo, é preciso atenção aos comportamentos iniciais baseadas na linguagem não-verbal.


Com essa demanda cada vez mais antecipada das crianças dentro do ambiente escolar, a escola passou a se preocupar em demonstrar que, ali, as crianças terão um aconchego semelhante aos seus lares. A questão afetiva ganha relevância e, em consequência, cresce os inúmeros questionamentos sobre determinados comportamentos ‘fora do padrão’; e ampliam-se os espaços de trabalho da equipe multidisciplinar nas escolas e também a busca por especializações relacionadas aos distúrbios ou transtornos de aprendizagem.


Uma vez observada precocemente qualquer alteração, é possível detectar e evitar futuros problemas na aprendizagem que provavelmente aparecerão na classe de alfabetização. Ou seja, essa alteração não será percebida, necessariamente, com o início da oralização da criança: primeiro, são os balbucios; e, depois, os sons intencionais, por volta dos 10/18 meses. Ou sejam a criança ignorada em sua fase não verbal apresentará dificuldades de aprendizagem em sua fase escolar. A criança que não recebe a atenção devida em sua formação linguística inicial estará propensa a desenvolver intensas alterações comportamentais na fase adulta, como indecisão, insegurança, incapacidade de escolhas, instabilidade profissional, ausência de autonomia e uma grande imaturidade emocional. 


A antecipação da entrada da criança na escola abre oportunidade de agravamento das dificuldades e transtornos de aprendizagem, já claramente observados nos dias atuais.


Diante de tantas perdas, a criança (aluno) se encontra em uma espiral decadente e sem pontos de superação, quando, na verdade, deveria estar em um processo de evolução cognitiva, emocional e, mesmo, física. Ou seja, a criança vive uma fase de conflitos, pois as suas relações tornam-se menos assertivas e tendem a levá-la a um caminho social desfavorável, com forte possibilidade de introduzi-la, por exemplo, no uso abusivo de drogas (álcool, cigarro e outros), ou a um total desinteresse das relações em geral, ou, mesmo, no abandono dos estudos, este último item sendo a base do chamado ‘fracasso escolar’.


A perspectiva de se evitar a dificuldade de aprendizagem pela prevenção precisa ser conscientizada, principalmente, em ambiente familiar. E nesse caso, a ajuda de um fonoaudiólogo torna-se muito importante, assim como o acompanhamento dos demais profissionais. Por meio de exercícios psicomotores, e sensoriais, o fonoaudiólogo ajuda a criança a lidar com essas dificuldades, além de orientar a família e os professores, já que esses distúrbios podem afetar a autoestima da criança e dificultar a convivência com os colegas. 


A indicação de um fonoaudiólogo é necessária se/quando a criança:

  •   Tem 02 anos e não fala ou se expressa muito pouco;

  •   Não emite nenhum som ou letra com 01 ano;

  •   Tem diferenças percebidas pelas pessoas que convivem com ela diariamente;

  •   Não acompanha com a cabeça e o olhar os objetos sonoros (fonte sonora) tais como chocalhos, chamar pelo nome etc.;

  •   Tem dificuldades em compreender o que lhe é dito;

  •   Não faz contato visual e não demonstra qualquer interesse em interagir e comunicar-se;

  •   Esta constantemente com a boca aberta;

  •   Apresenta rouquidão constante e por um longo tempo;

  •   Prefere alimentos pastosos e tem dificuldades ou rejeitam os alimentos sólidos;

  •   Tem mais de quatro anos e gagueja;

  •   Faz tratamento ortodôntico e/ou faz uso de de aparelho devido a presença de maus hábitos orais ou uso prolongado de chupeta ou chupar o dedo);

  •   Esta na escola e apresenta dificuldades de aprendizagem.



Caso o educador tenha conhecimento sobre as fases de desenvolvimento de linguagem da criança e o que esperar de seus alunos em cada fase etária, poderá identificar as dificuldades manifestadas no âmbito escolar e encaminhá-los aos profissionais habilitados. A suspeita quanto a presença, por exemplo, de portadores de distúrbios ou mesmo de dificuldades intelectuais de aprendizagem, em sala de aula, oferece a chance de o profissional da educação apropriar-se de métodos de ensinagem mais atualizados e eficientes e estes auxiliarão a evolução da aprendizagem das crianças.



Até a próxima.





Maria Paula Costa Raphael

Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Fonoaudióloga e Supervisora de Fonoaudiologia do Projeto Escola na SPB  de 1991 / 1997, Docente da AVM  Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação,  Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação.

A coluna da Maria Paula Raphael é publicada quinzenalmente, sempre revezando com a da Fátima Alves.

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