quinta-feira, 30 de julho de 2015

COLUNA DO DIA: Lado ‘Sombra’: um estilo humano




Pinel afirma: “[...] Estou convencido de que pessoas não são incuráveis se puderem ter acesso ao ar e à liberdade.” (1763; apud LEDOUX, 2001, p. 206)


Quatro eventos sugeriram esta escrita: a leitura do livro ‘Quem somos nós’, de William Arntz e outros; a leitura do artigo ‘A ciência de ser você’ de vários autores, publicado na Revista SuperInteressante (out 2009); um scrap de uma amiga afirmando ter sido tomada pelo seu ‘lado sombra’; e, finalmente um papo com outra amiga se dizendo ‘demente’ diante de uma situação conflituosa. Cada evento, dentro da sua especificidade, revelou a idéia de que a personalidade humana, quando afetada pelo insólito/absurdo/inesperado, tem reações surpreendentes, às vezes muito condenáveis, porque estão fora dos padrões pré-estabelecidos por cada sociedade.

A idéia de controle é uma idéia completamente metafórica e só surge como uma arma de defesa pessoal. Todos têm segredos, todos têm desejos impublicáveis e, principalmente, todos convivem com outros lados de suas personalidades nem sempre refratárias, equilibradas, compreensivas ou afáveis. O ser humano é um composto de sentidos puros porque seus ‘acertos’, seus desbastes - as regras sociais -, vêm de fora. Analisar estes sentidos como bons ou maus, é analisar o ser humano ou com uma adjetivação influenciada pelo contexto ético em que ele nasce e interage; ou como dependente dos tipos de eventos com que este ser humano lida em seu crescimento biopsicológico. No entanto, o que é importante afirmar é que, para além das certezas de ser isso ou aquilo, o ser humano é potência reativa (ou impulsiva?) cujos mecanismos cerebrais, relacionados à emoção, têm uma complexidade que ainda merecem anos de estudos e esclarecimentos.

Para a neurociência, o ser humano mantém um cérebro primitivo que, quando surpreendido por um evento externo, prontamente reage e esta reação relaciona-se ao chamado instinto de sobrevivência. É função sine qua non do código genético humano defende-se e sobreviver. Antes de se perceber o ser humano como inteligente e criativo, deve-se observá-lo como um animal. Logo, sem tempo para raciocinar / ponderar e, por conseguinte, assimilar racionalmente o acontecimento inesperado, o cérebro humano, por defesa, produz ondas elétricas que levam o corpo humano a ações impulsivas de todo tipo e sem recortes, liberando a pressão da situação absurda. Através da fala ou em bruscos movimentos corporais, liberar é preciso!

Para Jung, em sua Psicologia Analítica, consciente e inconsciente são dois aspectos de um único sistema. Ego e self compõem a psique total humana. Porém o enredamento entre introversão e extroversão apresenta-se dentro de uma alternância rítmica que ajuda a extravasar os melhores e os piores lados da personalidade com pouco prejuízo às diferentes formas de inter-relações humanas, mesmo defrontando-se com o absurdo de algumas experiências.

Estas e outras formas de leitura analítica da personalidade, de um jeito mais objetivo ou em suas entrelinhas, apresentam o ser humano com, pelo menos, dois lados: o lado luz e o lado sombra; o lado sapiens e o lado demens. E o que resta aos ‘pobres mortais’ humanos é criar habilidades suficientes para manter ambos os lados em espaços controlados. Possível? Não! Apenas uma atitude ‘de bom tom’ diante da necessidade de se integrar e da ética de conviver. Neste processo digladiam-se fortemente também, a ansiedade e o medo. Como escreve Ledoux (2001, p. 209), “[...] a ansiedade provém do íntimo; e o medo, do mundo externo”. E ambos estão contidos no que se chama ‘ser humano’.

O ser humano em si não se vê e quando o faz está diante de um espelho real ou imaginário: o Outro ‘olhar-se’ é aceitar-se como especulação e esta é alimentada fortemente pelas especulações dos outros. O ser humano é roteiro em constante edição. É uma conexão em rede cuja sequência de colaborações potencializa a personalidade luz ou sombra e mantém atualizado o comportamento. De que maneira isto acontece? Pela convivência. No decorrer do tempo, ambos (personalidade e comportamento) se aprofundam através de caules experienciais e vivenciais de todos com todos pelo corpo, dentro da mente e nas relações afetivas. Por isso é que se afirma: o ser humano ‘pode tudo’!

Ao partir para o conhecimento do desconhecido ou diante de uma decisão importante, as têmporas humanas latejam, o cérebro acelera sua plasticidade e o ser humano se realiza por inteiro, mesmo no lado ‘sombra’, explicitando corporal e verbalmente o que é, ou o que pensa é. Pelo prazer ou pela dor, o investimento é no respeito à própria pessoalidade sempre. Cada embate enfrentado reflete a luta consciente / inconsciente, no espaço da memória, das informações possíveis e impossíveis à exposição. É assustador, doloroso, mas envolvente e até atraente porque em essência trabalha-se a criatividade do disfarce. O ser humano é disfarce. O ser humano é um grande blefe.

Muitos teóricos postulam a existência de traços imutáveis da personalidade. Será? Como imagem representativa de uma genética específica e das interações sociais nas quais se estabelecem, os traços humanos podem ser aprofundados, suavizados, ou mesmo reconstruídos por mil e uma necessidades. Diante disso, além da influência da convivência, está o poder da escolha. Como produto não acabado, o ser humano pode escolher em que relevância estão / estarão sua luz e sua sombra.

É uma opção manter o lado sombra exposto. É uma opção manter-se em indignação, em tensão ou dentro de um processo de aborrecimentos contínuos. Lógico que certos contextos socioeconômicos não imprimem tranqüilidade, calma ou mesmo alegria na imagem projetada no dia a dia, mas a opção pela obstrução diária do ‘lado luz’ requer tanto trabalho quanto a sua inversão. Diante das “[...] circunstâncias de vida – a ausência de cuidados e nutrição na tenra infância, bem como de estimulação social, e uma existência traumática e tensa num meio ambiente hostil” (LEDOUX, 2001, p. 207) – estabelece-se um processo de emagrecimento psíquico, cuja tônica exige força de vontade. Para não enlouquecer ou assumir uma neurose, o ser humano precisa de estratégias de superação constantes, se assim o escolher.

No processo de individuação de Jung cria-se um procedimento de conexão interna de forma a sobrepor os fenômenos fantasmagóricos da perversidade, maldade, raiva e até loucura, com fenômenos populares de perseverança, superação, ética e honestidade, embora uma das maiores formas de crescimento pessoal sejam o aparecimento, vivência e superação destes elementos em certas experiências. Ou seja, para crescer e amadurecer, o ser humano precisa expor, explorar e superar seu demens interior. Não há como viver meio opaco ou meio translúcido (sem a permissão da luz ou sem poder identificá-la). O arquétipo da sombra (das imoralidades e das violências) requer formas de repressão em que possam se projetar comportamentos e características mais funcionais em sociedade. E aí está justamente a ‘ciência de ser humano’!

Ainda assim sabe-se que há situações (e mesmo pessoas) que merecem ficar frente a frente com as perdas de sentidos humanos. E esta exposição faz muito bem. Carregar o corpo de adrenalina dá plasticidade tanto ao sistema límbico, quanto às relações pessoais. Limpa a pele, alivia o coração e despressuriza a cabeça. Diante de uma “[...] situação de tensão, a amígdala detecta o perigo, envia mensagens ao hipotálamo, que por sua vez envia mensagens a glândula hipófise. Há liberação do hormônio ACTH, que flui na corrente sanguínea para a glândula supra-renal, provocando a liberação do hormônio esteróide, [o que] ajuda o organismo a mobilizar suas fontes de energia para enfrentar a situação (ou pessoa) de estresse” (LEDOUX, 2001).

Mas são os momentos ‘demência’, momentos em que o acometimento do ‘sem controle’ se instaura sem tempo para pensar, que leva o ser humano a se descobrir e a se entender em quase todas as suas periculosidades. Ao vibrar junto com o fato e reagir ‘no laço’, aflora-se, no ser humano, o que a paciência, a educação e os valores familiares tanto reprimem com a desculpa de uma proteção contra injúrias, desgostos ou eternos arrependimentos: o lado ‘sombra’, o lado animales. Daí a incerteza do momento seguinte, daí o medo, já que, mesmo com as desculpas eternamente esfarrapadas porque a situação e o gesto ‘sombra’ já aconteceram, não há retorno.

Quando o ser humano é ‘encontrado’ pela surpresa da exposição de parte do seu inconsciente mais primitivo, o que vai importar será como proceder para tentar conseguir reencontrar novos enquadramentos, harmonias, certezas e estabilidades, no diálogo com a vida e/ou com o outro, com perdão ou sem perdão, porque, segundo Ledoux, “se o estresse perdurar por um longo tempo, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina [...]”. É a grande chance de se encontrar PARA SEMPRE o ‘lado sombra’ transfigurado em loucuras, neuroses, psicopatologias ou dentre as diferentes dependências.

Diante de um ‘lado sombra’ completamente aberto, o ser humano “[...[ deixa de aprender e de lembrar como cumprir tarefas comportamentais que dependam do hipocampo” (LEDOUX, 2001, p. 220), chegando aos famosos ‘lapsos’ de memória ou a uma forte depressão. Sua rede de emoções pode desordenar-se e não haver recuperação de ações mentais conscientes, como, por exemplo, o raciocínio. Mordido pelo ‘espírito de porco’ de um outro alguém ou pela insanidade de uma surpresa da vida, o ser humano admite em cena, a representação da sua inconsciência de forma feroz: seu ‘lado sombra’.

Ainda assim, nem tudo está perdido ao ser humano, porque ‘lados sombra’, também podem ajudar. À perda da consciência de si e do todo diante de um acidente, uma ofensa, uma discussão no trânsito, uma ‘falta de educação’, um desleixo, uma perda pessoal ou profissional, ou uma ordem ‘fora do lugar’, ‘fora do esperado’, ‘fora do cotidiano’, há outros papéis ao ‘lado sombra’; há outros aproveitamentos possíveis a ele e estes podem se tornar fonte de energia e evolução humana, por exemplo: diante de um ‘lado sombra’, podem surgir a espontaneidade e a criatividade. À sensação da emoção profunda, projeta-se um processo de afloramento interessante de mais consciência sobre as reais capacidades de ser/estar/agir dos próprios seres humanos.

Mas não há como negar, isso ‘só depois’, tal aproveitamento só surge no momento seguinte, quando a adrenalina diminui, os hormônios se organizam, as amígdalas e hipocampo retomam suas atividades rotineiras, e o sujeito consegue pensar e refletir sobre o insólito anterior, suas reações e começa a recompor-se ‘narcisicamente’. Da distorção momentânea de si à reorganização em grupo dentro de um conjunto de imagens mentais renovadas, está em cena a transformação constante do corpo biopsicológico.

E assim caminham a personalidade e o comportamento do animal homem.

Profa. Claudia Nunes

Referências
ARNTZ, William, CHASSE, Betsy e VICENTE, Mark. Quem somos nós? A descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Rio de Janeiro: Prestígio Editoral, 2007.
FADIGMAN, James e FRAGER, Robert. Carl Jung e a Psicologia Analítica. In. Teorias da personalidade. São Paulo: HABRA, 1986, p. 41-70.
LEDOUX, Joseph. Onde os desregramentos estão. In. O Cérebro Emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 206-243.

REZENDE, Rodrigo et al. A ciência de ser VOCÊ. Revista Superinteressante (out-2009). São Paulo: Ed. Abril, 2009, p. 68-89.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

COLUNA DO DIA: O acidente vascular cerebral e a atuação da fonoaudiologia nas alterações de fala e linguagem











Se não podemos prever quando uma doença como essa atingirá um ente querido, devemos encarar as dificuldades e, muitas vezes, aprender a conviver com elas.

O acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, segundo pesquisas, é tido como a segunda maior causa de morte no mundo. É a doença neurológica que mais incapacita os adultos. E geralmente afeta a maioria da população idosa. Porém atualmente, percebemos um aumento considerável no percentual de casos de AVC’s em indivíduos abaixo dos 65 anos, devido ao stress e ao excesso de trabalho ou aborrecimentos relacionado à dinâmica dos dias atuais; e também em pessoas ainda muito jovens.

A causa mais comum para este distúrbio são os AVEs (Acidente Vascular Encefálico) do tipo isquêmico ou seja, quando há uma obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que morrem - essa condição é chamada de isquemia. A diferença do AVC isquêmico para o AVC hemorrágico é o que segundo decorre do rompimento de um vaso, e não de seu entupimento. Além do que podem ocorrer outros tipos de lesão como o Traumatismo Cranioencefálico(TCE). Um dos principais conceitos atuais sobre o TCE é que o dano neurológico não ocorre apenas no momento do impacto, mas progride ao longo de dias e horas (lesão secundária).

É de suma importância ressaltar que a necessidade de prestar socorro à vítima de AVC o mais rápido possível. Na maioria dos casos, a chegada ao médico deve acontecer em até três horas após o surgimento do início dos sintomas e em meio isso diferentes medicamentos deverão ser administrados. Nessa corrida em favor da vida, é possível dissolver o coágulo que obstruiu o vaso sanguíneo e permitir assim que o sangue volte a circular normalmente. Essas primeiras atitudes aumentam a chance de cura e diminuem a intensidade dos danos, em especial nos casos de derrame isquêmico.

Caso o atendimento seja tardio, a possibilidade de cura sem sequelas vai depender da localização e do tamanho da área do cérebro que foi atingida.

As incapacidades decorrentes do AVC afetam a vida do paciente e de seus familiares mais próximos. Entre estas incapacidades está a Afasia, um distúrbio de linguagem decorrente de uma disfunção cerebral que afeta circuitos neuronais relacionados à produção/expressão e compreensão da fala.

Considerando o alto comprometimento das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e cognitivo-comportamental, o fonoaudiólogo irá propiciar a reabilitação das funções comprometidas parcialmente ou totalmente, dependendo do grau de comprometimento da área afetada, pois, quando a lesão acontece, no caso, no hemisfério esquerdo, onde estão localizados os principais centros de linguagem (podendo ocasionar uma Hemiplegia Direita), ocorrem:
ð  afasias;
ð  apraxias ideomotoras e ideacionais;
ð  alexia para números;
ð  descriminação direita / esquerda e lentidão em organização e desempenho;
ð  alterações viso espacial;
ð  autonegligência unilateral esquerda;
ð  alteração da imagem corporal;
ð  apraxia de vestuário;
ð  apraxia de construção;
ð  ilusões de abreviamento de tempo e rápida organização;
ð  desempenho entre outros.

O funcionamento da linguagem envolve várias estruturas cerebrais. A presença de uma lesão em áreas específicas do cérebro irá afetar o funcionamento destes circuitos, gerando um distúrbio de linguagem em diferentes graus e formas, e o tratamento fonoaudiológico irá auxiliar o paciente a superar suas dificuldades de linguagem, através de atividades de reabilitação baseadas no conceito da neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso se modificar através de estímulos externos e necessidades adaptativas.

Vale ressaltar que o fonoaudiólogo na reabilitação de pacientes portadores de AVC atua de forma multidisciplinar, garantindo uma melhor qualidade de vida do paciente, uma vez que a respiração, a postura, a deglutição e as emoções possuem uma relação direta nesta doença, necessitando assim de uma intervenção multidisciplinar. Profissionais como médicos neurologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos atuam intensamente em parceria com fonoaudiólogo, com o objetivo de adequar o mais breve as funções alteradas, buscando contribuir efetivamente para uma melhor qualidade de vida, autonomia e inserção social.

Muitas vezes a evolução do paciente portador de AVC é um processo lento que envolve a ajuda individual, familiar e social. Muitas pessoas continuam sua evolução por anos e alguns danos podem ser irreversíveis. Portanto, seguem algumas dicas importantíssimas que contribuirão para o seu melhor desenvolvimento do paciente que teve acidente vascular cerebral e ficou com uma afasia. Atenção:

ð  Busque informações quanto a todos os procedimentos indicados tais como remédio, cuidados físicos e de higiene que a pessoa precisará ter;
ð  Busque todos os serviços disponíveis para ajudá-lo a recuperar-se das possíveis lesões que possa ter, como acompanhamento profissional de fisioterapeutas, fonoaudiólogos etc.;
ð  Procure saber quais os cuidados alimentares que a pessoa precisará ter;
ð  Evite comentar com outras pessoas sobre as dificuldades de comunicação na sua presença, isso pode desmotivá-lo;
ð  Evite chamar a sua atenção para as dificuldades que apresenta (“Como não se lembra disso?” ou “Não consegue isso fazer isso?”);
ð  Converse com o ele sobre assuntos do dia a dia, sua rotina diária, o que será feito no dia e em quais horários deseja comer algo diferente;
ð  Fale de notícias de jornais, programas que esteja assistindo;
ð  Recorde fatos vividos, como viagens, aniversários, datas marcantes falando o nome dos familiares etc.;
ð  Fale de forma clara, pausada, ao se comunicar com ele, ou seja, fale uma pessoa de cada vez; e deixe que fale da maneira como for possível: não o interrompa, seja paciente, tenha calma e compreensão esforçando-se para compreender o que ele deseja dizer ajudando-o, mas sem “falar por ele” o tempo todo;
ð  Valorize suas pequenas conquistas (“Que bom! Já esta lembrando disso!” ou “já está  escrevendo isso, ou falando isso, ou lendo isso…”);
ð  Encoraje-o a participar das atividades de grupo em família, não o fazendo sentir-se isolado;
ð  Procure não privá-la  dos acontecimentos sociais devido a suas limitações.

Mas a principal dica é dar muito carinho e atenção. Embora a pessoa possa apresentar alguma diferença física ou psicológica devido às sequelas da doença, o importante é não olhar para ela com sentimento de pena. Lembre-se: ela é uma pessoa querida e, no momento, precisará de todo o seu apoio e cuidado.

No começo, a adaptação pode ser difícil, mas ao trabalharmos constantemente pelo bem- estar da pessoa, tudo isso deixará de ser algo pesado e passa a ser leve. Acima disso está o profundo carinho que se tem com ela, desta forma ela será eternamente grata por saber que existem pessoas que realmente a amam e a respeitam, apesar das suas incapacidades.

Por fim, lembre-se: cada paciente apresenta seu próprio limite de resposta ao tratamento, limite esse que deve ser respeitado pelo profissional em parceria com a família.

“Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las, elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente.” SIGMUND FREUD

Até a próxima!

Maria Paula C. Raphael
CRFa 7364-RJ
Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Docente da AVM  Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação,  Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação e saúde.


terça-feira, 21 de julho de 2015

Áreas verdes influenciam desenvolvimento cognitivo infantil

Por Proceedings of the National Academy of Sciences


Child
(O conteúdo completo deste artigo está disponível somente em inglês e mediante assinatura)
Sabe-se que áreas verdes propiciam uma gama de benefícios para a população, mas pouco se conhece sobre sua influência no desenvolvimento cognitivo infantil. O estudo a seguir analisa resultados de testes cognitivos em 2,5 mil crianças em idade escolar para investigar a influência do contato com diversos ambientes arborizados (em casa, na escola e no trajeto entre esses dois locais) no seu desenvolvimento cognitivo.
Ficou comprovado que há uma  melhora significativa no desenvolvimento cognitivo infantilassociada ao contato com áreas verdes, particularmente na escola. Essa associação foi parcialmente mediada pela redução da poluição do ar. Os achados desse estudo fornecem a gestores públicos evidências para  a realização de intervenções viáveis voltadas ao aprimoramento de áreas verdes em escolas, visando à melhora do capital mental da população como um todo.

COLUNA DO DIA: As Classes Hospitalares como modalidade de Inclusão






No contexto atual não cabe falar apenas de escola inclusiva, mas, sim, de sociedade inclusiva. Isto se justifica na medida em que a inclusão não se restringe apenas aos portadores de algum tipo de deficiência; estende-se a todos que, de alguma forma, precisam ser incluídos (minorias étnicas,...). No contexto brasileiro, observa-se que a escola, na maioria das vezes, estrutura-se predominantemente para atender ao aluno ideal. Como consequência, constrói-se no imaginário institucional e pedagógico protótipos do que seja esse “aluno ideal”, e os alunos passam a serem classificados em duas categorias, qualitativamente distintas: os ditos “normais” e os “anormais”. Romper com essa visão dualista é o primeiro desafio a ser enfrentado pelo professor. Um dado no mínimo curioso a ser acrescentado diz respeito ao desconhecimento por parte dos alunos do Curso de Pedagogia a respeito de algumas modalidades da Educação Inclusiva.

       O atendimento pedagógico hospitalar, denominado Classe Hospitalar, é uma dessas modalidades “desconhecidas”. Vale destacar que os dados sobre as Classes Hospitalares são, ainda, de certa forma, incipientes.. A criança e/ou adolescente é um cidadão que tem o direito ao atendimento de suas necessidades e interesses mesmo quando está doente. Em termos da prática pedagógica da classe hospitalar, esta implica interligações dos diversos aspectos de sua realidade (a criança, a patologia, os pais, os profissionais da saúde, o professor) com a realidade fora do hospital (Fonseca, 2003). Tal prática implica, inclusive, maior atenção dos Cursos de Formação de Professores quanto as possibilidades de atuação e formação que emergem das demandas mais amplas da sociedade.

O atendimento pedagógico – educacional hospitalar contribui para o reingresso da criança hospitalizada para sua escola de origem ou para o seu encaminhamento a matrícula após a alta, uma vez que muitas delas, mesmo em idade escolar, não frequentam a escola.

Os métodos, técnicas e estratégias pedagógico-educacionais utilizados não só são benéficos para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças como repercutiam na diminuição do tempo de internação hospitalar (Fonseca, 1996; Fonseca e Ceccim, 1999).

Deve-se considerar que o aluno da classe hospitalar não é um doente agonizante, e uma criança ou adolescente numa etapa única e intensa do desenvolvimento psíquico e cognitivo, capaz de responder quando se sente enfraquecido e também de dizer quando necessita de maior estimulo e novas convocações ao desejo de saber, de aprender, de recuperar-se e de curar-se (Fonseca, 1999).

Qualquer internação breve ou longa introduz nas vivencias infantis o registro de afastamento ou exclusão do direito à vida. Não se pode desconsiderar que o ser humano aprende a todo o momento. Até mesmo uma curta permanência, de poucos dias ou poucas horas no ambiente de classe hospitalar podem ser bastante relevante para o processo de desenvolvimento e o processo da aprendizagem.


Dispor de atendimento de classe hospitalar mesmo que por um mínimo de horas, o que talvez pareça não significar muito para uma criança de escola regular, tem grande importância para uma criança hospitalizada. Ela pode operar com suas expectativas e dúvidas, produzir conceitos e produtos subjetivos de forma positiva, tanto para a vida escolar como para a vida pessoal, desvinculando-se, mesmo que momentaneamente, do conteúdo penoso ou de dano psíquico que a doença ou a hospitalização podem provocar.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Coluna do dia: MINHA VIDA E O AUTISMO – O inicio em outro estado, outra cidade, o novo!!



Depois de uma pausa maior em meus relatos nessa coluna por conta de muito trabalho, retorno para a continuação da minha história. E quero contar como foi meu recomeço em Santos, tanto em termos de escola, quanto em termos de trabalho.

Em fins de fevereiro de 2014, eu e meus filhos saímos do Rio de Janeiro para São Paulo. Apesar do ano letivo já ter começado e as crianças estarem estudando eu precisava dar o ponta pé inicial para a nossa mudança definitiva e lá fomos nós para a casa da minha mãe.

A ideia era ir para Santos, atrás do professor de SURF adaptado, Cisco Aranã (eu o conheci através de uma matéria do Fantástico, como já mencionei em outra coluna) e procurar conhecer o que havia de novo / significativo em termos de tratamento para pessoas com autismo. Além disso, também gostaria de saber qual o processo de inclusão do município.

Inicialmente o meu primeiro passo foi buscar vaga na escola municipal mais próxima de casa para meus filhos e, em seguida, encontrar uma unidade básica de saúde (policlínica) para acompanhamento dos mesmos. De pronto, eu me deparei com uma dificuldade já esperada: ausência de vaga para Helena na pré-escola e para Tom na creche. Seria a primeira de muitas...

Além de tudo eu precisava trabalhar urgente. Apenas a pensão não supriria as necessidades das crianças em sua totalidade, a saber: uso de fraldas para dormir, medicação diária, dieta sem lactose dentre outras. Tudo custava muito caro e a maioria seria de uso contínuo. Fora isso, trabalhar também me ajudaria a resgatar algumas coisas de que abri mão para cuidar das crianças, por exemplo, autonomia e independência. Ambas, ainda que mínimas, seriam importantes para o resgate da minha autoestima, nesse momento quase anuladas.

Nada ‘foram flores’ ao chegar a Santos, nada mesmo! Não encontrei o professor Cisco e nem a vaga escolar, mas encontrei uma cidade totalmente diferente de 12 anos antes, última vez em que estive no local, fazendo um dos últimos trabalhos da minha faculdade de Arquitetura. Neste momento, eu encontrei um município limpo, reestruturado em sua urbanização, uma orla linda em toda sua extensão. E nesse momento, ainda que existissem muitas ‘senões, eu tive a certeza de que, entre morar na capital, ou morar em Santos, a segunda opção fora a melhor para nós. Para as crianças, pelo menos, havia opções de lazer, muita natureza, melhor locomoção etc. Tudo isso, com certeza, iria se refletir em qualidade de vida. Uma qualidade que não teríamos na capital.

Em abril, eu consegui, definitivamente, mudar para Santos. Coincidentemente era dia 02 de abril, dia da Conscientização Mundial pelo Autismo, e estava acontecendo uma solenidade em que o prefeito da época se pronunciaria quanto ao assunto. E lá fui eu! Após a solenidade, eu me dirigi à Vara da Infância e Juventude no fórum da cidade para buscar ajuda quanto à escola e aos esclarecimentos no processo de inclusão. Eu desconhecia, naquele momento, que havia, no município, um setor específico para orientações e acompanhamento escolar para pessoas com deficiência.

No fórum, eu fui muito bem recebida e atendida prontamente. Lá relatei todos os fatos relacionados aos meus filhos e em quais condições nós nos encontrávamos. Eles me pediram que tudo fosse registrado através de carta para que a promotoria encaminhasse ao órgão competente, a Secretaria de Educação e aguardasse uma resposta.

Eu não podia, nesse início de reorganização familiar e de vida, ter um emprego fixo ou que me exigisse muitas horas de trabalho longe de casa e/ou de meus filhos. Logo, primeiramente era preciso reorganizar a vidinha das crianças. Meu tempo era absorvido pelas idas e vindas constantes à procura dos setores públicos responsáveis pela inclusão efetiva dos meus filhos, por exemplo, em programas do estado / município. E, com certeza, vocês sabem, o quanto tudo é isso pode ser burocrático e lento; e o quão grande é a nossa demanda diária.

Minha família me dava suporte emocional e financeiro, na medida do possível. Minha mãe vinha da capital sempre que eu precisava. Mas, mesmo com o suporte da pensão, da minha família, financeiramente ainda não era suficiente para vivermos. Então fui fazer limpeza e organização em apartamentos, por um período pequeno. Eu fui ‘me virando’. Eu precisava de flexibilidade de trabalhos, mesmo com toda minha formação acadêmica e atuação profissional, dentro da construção civil. Nesse processo, intimamente, eu fui percebendo que não era mais esse o meu caminho.

No Rio de Janeiro, desde que Helena iniciou o tratamento, meu universo mudou, inclusive profissional. Como já disse em outras colunas, eu passei a estudar e descobri que gostava mais do pensamento, do desenvolvimento, do comportamento das crianças. Observar e analisar tudo isso me encantava. Eu queria a formação clínica e, então, fiquei em dúvidas se o caminho era a psicologia ou a pedagogia. Por fim, optei pela pedagogia.

Voltando a Santos...

Enquanto a resposta da Vara da Infância não chegava, a escola, a qual eu me dirigira no inicio da busca por vaga para Helena, me apresentou a professora de Educação Especial que atendia aos alunos na Sala de Recursos Multifuncional na mesma unidade. Uma coisa me chamou atenção: ela atendia 08 crianças com laudo de TEA, ou seja, todos os alunos que estavam incluídos naquela escola tinham a mesma deficiência de meus filhos! Logicamente, tivemos muita afinidade.

Diante de tanta experiência, eu contei a ela sobre o trabalho que eu fazia junto às escolas e famílias carentes no Rio de Janeiro. E um tema nos aproximou mais ainda a PSICOMOTRICIDADE. Nós passamos a trocar informações sobre o assunto e, um dia, após me apresentar a diretora da escola, Simone Barbieri, ela me convidou para uma palestra informativa sobre o assunto na escola. Neste momento, nós demos inicio a uma parceira que nos rendeu muito aprendizado, admiração e respeito.

Enquanto isso se passou 25 dias até a chamada da Secretaria de Educação: a vaga para creche de Tom havia sido concedida; porém. a vaga para Helena, na escola a qual eu queria, e mais próxima de casa, realmente, não tinha  vaga. Helena foi estudar em uma escola mais afastada. Mais tarde, eu recebi, por correio, uma resposta sobre o processo de inclusão da cidade e como funcionava tudo. Tudo parecia caminhar.

Eu matriculei as crianças, adorei as escolas e seus gestores, ainda assim um item faltava: “a mediadora escolar”. Havia uma demanda enorme e uma significativa falta de professores dispostos a mediar. Em contrapartida, a professora de sala de Helena, Profª. Cris, apropriou-se totalmente da inclusão de seus 03 alunos em classe com deficiência com muita autonomia e competência. As coisas estavam enfim se encaminhando e se reorganizando na vida dos meus filhos.


Quero contar detalhadamente sobre essa inclusão na próxima coluna, juntamente com a questão mais difícil e ainda não solucionada após 15 meses já na cidade, SAÚDE x TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR. 

Aguardem!

Beijos e até a próxima!

Atuação Psicopedagógica e Pedagógica com Autistas BAHIA



Atuação Psicopedagógica e Pedagógica
com Autistas

Teoria e Prática




Dia: 19/09/2015
Local: Estácio FIB - Campus Gilberto Gil - Rua Xingu, 179 - Jardim Atalaia/STIEP - Salvador (exibir mapa)
Carga Horária do certificado de participação: 10 horas

INFORMAÇÕES:
Telefone: (21) 3025 2345 | (21) 2577 8691 | (21) 98832 6047

PÚBLICO ALVO:
Professores, Mediadores (Estagiários, Monitores e/ou Facilitadores), Pedagogos, Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos, Terapeuta Ocupacional, Estudantes de Graduação e/ou Pós, Familiares e demais interessados no assunto.


CRONOGRAMA (sujeito a alterações):

8h às 9h - Credenciamento
9h às 10h50 - Palestra
10h50 às 11h - Intervalo
11h às 12h30 - Palestra
12h30 às 14h - Almoço Livre
14h às 16h30 - Palestra
16h30 às 16h40 - Intervalo
16h40 às 18h - Palestra
18h - Encerramento


OBJETIVO:
Fornecer referencial teórico e prático para profissionais que atuem com crianças e jovens com autismo, inclusive severo, no espaço pedagógico.


PROGRAMA DO CURSO:
1) Avaliação Pedagógica; 
2) Planejamento das Intervenções para a educação; 
3) Aprendizagem das atividades na vida autônoma;
4) Como trabalhar com autistas severos.


PALESTRANTE:
Dayse Serra - Mestre em Educação Especial pela UERJ; Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio; Pós-Doutoranda em Medicina Preventiva pela UNFESP - Escola Paulista de Medicina; Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense; Psicopedagoga especializada em autismo; Pesquisadora do LIPIS/PUC-Rio e Vice-Presidente da ABENEPI-Rio.

INVESTIMENTO (para pagamento até a data limite e mediante a lotação do auditório):



INVESTIMENTO: (para pagamento até a data limite e limitado a capacidade total do auditório)

• PAGAMENTO ATÉ 14/08/15 - de R$ 120,00 por:

R$ 90,00 - individual (cartão)

R$ 80,00 - individual (depósito)
R$ 70,00 - por inscrito (depósito) - grupo a partir de 4 pessoas

• PAGAMENTO ATÉ 16/09/15

R$ 99,00 - individual (cartão)

R$ 90,00 - individual (depósito)
R$ 80,00 - por inscrito (depósito) - grupo a partir de 4 pessoas


• APÓS 16/09/15 (caso ainda tenha vaga, não serão aceitos pagamentos em depósito/DOC, os mesmos serão devolvidos)

R$ 120,00 - individual (cartão)


INSCRIÇÕES E PAGAMENTO: www.creativeideias.com.br



Curso TEACCH - Propostas Didático-Metodológicas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista



Curso TEACCH

Propostas Didático-Metodológicas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista


Dia: 28 e 29/08/2015
Horário: 08h às 18h
Local: PUC-MG - Auditório João Paulo II - Rua Dom José Gaspar, 500 - Coração Eucarístico, Belo Horizonte - MG (como chegar - mapa)
Carga Horária do certificado de participação: 20 horas


INFORMAÇÕES:
Telefone: (21) 3025 2345 | (21) 2577 8691 | (21) 98832 6047 (oi) | (21) 981891109 (tim)

PÚBLICO ALVO:
Professores, Mediadores (Estagiários, Monitores e/ou Facilitadores), Pedagogos, Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos, Terapeuta Ocupacional, Estudantes de Graduação e/ou Pós, Familiares e demais interessados no assunto.

CRONOGRAMA (sujeito a alterações):

sexta e sábado
8h às 9h - Credenciamento
9h às 10h30 - Aula
10h30 às 10h40 - Intervalo
10h40 às 12h - Aula
12h às 13h40 - Almoço Livre
13h40 às 15h - Aula
15h às 15h10 - Intervalo
15h10 às 16h30 - Aula
16h30 às 16h40 - Intervalo
16h40 às 18h - Aula
18h - Encerramento com sorteio de brindes e entrega dos certificados (no último dia).


CONTEÚDO DO CURSO:
    • Revisitando o conceito do Transtorno do Espectro Autista – TEA;
    • Aspectos neuropsicológicos e cognitivos;
    • Como o TEACCH entende os TEA;
    • A proposta TEACCH: Conceito, princípios, Objetivos, Material e Sistemas de Trabalho;
    • O Ensino Estruturado, A comunicação visualmente mediada e as adaptações curriculares para a escola inclusiva;
    • Sugestões de Atividades e organização curricular: o TEACCH na realidade brasileira;
    • Materiais e Jogos Adaptados ao estilo visual do TEA.


      FACILITADORA:

      Maria Elisa Granchi Fonseca - Mestre em Educação Especial pela UFSCAR; Psicóloga e Arteterapeuta; Formação no Programa TEACCH pelos Centros de Charlotte, Asheville e Chapel Hill - University of North Carolina/USA; Professora da Universidade corporativa Rede UNIAPAE da Federação Nacional das APAES; Coordenadora Geral do CEDAP/APAE de Pirassununga.


      INVESTIMENTO DO CURSO COMPLETO (para pagamento até a data limite e limitado a capacidade total do auditório)


      PAGAMENTOS ATÉ 10/08/2015 de R$ 400,00 por:

      R$ 280,00 - individual (cartão em até 10x sem juros)

      R$ 240,00 - individual (depósito)
      R$ 200,00 - por inscrito (depósito) - grupo a partir de 3 pessoas


      PAGAMENTOS ATÉ 25/08/2015:
      R$ 320,00 - individual (cartão em até 10x sem juros)

      R$ 280,00 - individual (depósito)
      R$ 240,00 - por inscrito (depósito) - grupo a partir de 3 pessoas



      INSCRIÇÕES:  www.creativeideias.com.br