segunda-feira, 23 de julho de 2012

Centro de tratamento gratuito de equoterapia está fechado há um mês

Centro de tratamento gratuito com cavalos está fechado há um mês

O descaso de Anastasia com a saúde pública em Minas Gerais está chegando aos seus limites. Único no estado a oferecer este tipo de tratamento de forma gratuita, o Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat) encontra-se fechado há um mês. O motivo? A falta de profissionais de saúde para atendimento.
Segundo reportagem do jornal O Tempo, a situação chegou a este ponto após uma lei estadual de 2009, que proíbe a contratação de funcionários da área da saúde que não seja por concurso público. Ao mesmo tempo, a greve dos trabalhadores da saúde no estado continua de vento em popa, sem qualquer proposta de negociação satisfatória por parte do governo tucano!

Confira na matéria d’O Tempo a agrura de famílias de portadores de deficiências neuromotoras, autismo, síndrome de down e paralisia cerebral, que cobram uma posição do Governo Anastasia:

Abaixo-assinado pede volta de tratamento com cavalos
Documento tem 500 assinaturas e intenção é chegar ao governador
Publicado no Jornal OTEMPO em 10/07/2012

IANE CHAVES
Único no Estado a oferecer tratamento gratuito para pacientes com deficiências mentais e motoras, o Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat) completa um mês de portas fechadas. O serviço foi interrompido em junho, depois de 15 anos, por causa da falta de profissionais de saúde. Familiares dos cerca de 270 pacientes que perderam o atendimento fazem um apelo pela volta do serviço e esperam sensibilizar o governador Antonio Anastasia.
O centro presta atendimento a pessoas com deficiências neuromotoras, síndrome de down, autismo e paralisia cerebral. Os pais dos pacientes organizaram um abaixo-assinado para expor a situação e tentar uma audiência com o governador Antonio Anastasia. Segundo as famílias, já são mais de 500 assinaturas apoiando a volta das atividades no Cercat. "Nós queremos que nossa reivindicação chegue até o governador. E esperamos que ele se sensibilize", afirmou Fátima Coelho, 54, mãe de uma das pacientes.

Fátima contou que as famílias temem que o progresso dos filhos seja interrompido e que haja ainda uma regressão. "Há uma nítida melhora no desenvolvimento motor. A minha filha evoluiu sensivelmente no equilíbrio. Hoje, ela consegue firmar o tronco e ter uma postura ereta", disse Fátima, sobre a filha Melissa, 12, que tem paralisia cerebral.

Para Denizi Dinardi, mãe de Rodrigo, 33, que também tem paralisia cerebral, além de ter um desenvolvimento motor, há um fator importante de socialização no tratamento. "Meu filho passa a falar muito mais e com clareza quando faz a terapia. Não podemos deixar que um centro de reabilitação tão importante deixe de funcionar", disse.

O problema. A falta de profissionais da saúde começou em 2009, quando uma lei estadual proibiu a contratação desses funcionários, determinando que apenas concursados poderiam assumir as vagas. "Não podíamos mais renovar os contratos e ficamos dependentes do envio de profissionais da Fhemig", disse o sargento José Geraldo Nunes, subcoordenador do Cercat.

Segundo o sargento, a suspensão aconteceu depois de quatro funcionários pedirem desligamento por motivos pessoais. "Tivemos que suspender as atividades. É impossível dois técnicos atenderem à nossa enorme demanda", completou.

Investimento
Recurso. Em maio deste ano, a Secretaria de Estado de Saúde liberou uma verba de R$ 300 mil para investimentos no Cercat. O dinheiro servirá para o custeio do local, compra de equipamento e pagamento de pessoal.

Fhemig
Agosto é previsão para retorno das atividades

Mesmo ainda sem data definida, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), responsável pelo envio de funcionários ao Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat), promete o retorno das atividades para a mês que vem. Segundo a assessoria de imprensa da fundação, os servidores foram aprovados no último concurso da Fhemig, de 2009, e já estão em fase de treinamento.
O Cercat funciona em um esquema de convênio com a Secretaria de Estado de Saúde, e o corpo técnico é de responsabilidade da Fhemig. O comandante da cavalaria, tenente coronel Mac Dowel Campos, afirma que também trabalha com a previsão para a retomada em agosto, quando os novos funcionários devem ser enviados pela fundação.
"Dependemos apenas da convocação dos funcionários pela Fhemig. A estrutura mantida pela Polícia Militar, com os equitadores e os animais, está apta a funcionar". O convênio, firmado em 2004, prevê o envio de sete profissionais, entre eles, médicos ortopedistas, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. (IC)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem - parte 4



Atenção

Ela é fundamental para a percepção e para a aprendizagem

Pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o sistema nervoso central só processa aquilo a que está atento. Em um estudo de Gilberto Fernando Xavier e André Frazão Helene, do Instituto de Biociências da USP, publicado em 2006 na revista Neuroscience, um grupo de pessoas passou por um teste que avaliava o desenvolvimento da habilidade de leitura de palavras espelhadas. Uma parte delas treinou escrever, de maneira imaginária, palavras invertidas. Outra pôde ler termos desse tipo. Depois, ambas conseguiram ler com rapidez palavras espelhadas criadas pelos pesquisadores. Um terceiro grupo, enquanto treinava a leitura e a escrita de termos espelhados, realizou outra tarefa de memorização visual. Tanto a memorização quanto a aquisição da habilidade de leitura invertida ficaram prejudicadas. Assim, comprovaram que, se o desvio de atenção é significativo, a aquisição de habilidade e a memorização sofrem prejuízo.

A atenção, para Piaget "De acordo com o psicólogo, prestamos atenção porque entendemos, ou seja, porque o que está sendo apresentado tem significado e representa uma novidade. Se há um desafio e se for possível estabelecer uma relação entre esse elemento novo e o que já se sabe, a atenção é despertada."
- Tania Beatriz Iwaszko Marques

A atenção, para Ausubel "A mente é seletiva. Segundo Ausubel, só reconhecemos nos fenômenos que acontecem a nossa volta aquilo que o nosso conhecimento prévio nos permite perceber. Não hesitamos, por exemplo, em interromper uma atividade quando sentimos um cheiro de fumaça no ambiente. Conhecer padrões é fundamental para se dedicar, agir e aprender sobre o que importa."
- Evelyse dos Santos Lemos

A atenção, para Vygotsky "No decorrer do processo de desenvolvimento, a atenção passa de automática para dirigida, sendo orientada de forma intencional e estreitamente relacionada com o pensamento. Ou seja, ela sofre influência dos símbolos de um meio cultural, que acaba por orientá-la. Atenção e memória se desenvolvem de modo interdependente, num processo de progressiva intelectualização."
- Claudia Lopes da Silva

Implicações na Educação Falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou de desinteresse por parte das crianças. Ela pode ser decorrente de um meio desestimulante ou de situações inadequadas à aprendizagem. Para evitar isso, o professor deve focar a interação entre ele, o saber e o aluno, refletindo sobre as atividades propostas e modificando-as se necessário.

Jogo brasileiro ajuda na educação de crianças com autismo

O jogo é recomendado para crianças entre cinco e nove anos e está disponível no site www.jogoseducacionais.com. Foto: Jogos Educacionais/Reprodução
O jogo é recomendado para crianças entre cinco e nove anos e está
disponível no site www.jogoseducacionais.com
Foto: Jogos Educacionais/Reprodução
Pais e educadores de crianças com autismo têm mais uma ferramenta a seu serviço. Um jogo criado por um mestre em ciências da computação pela PUC-RJ auxilia na alfabetização de estudantes nessa condição. Chamado Aiello, em homenagem a Santa Elena Aiello, a plataforma permite à criança associar nomes e imagens de objetos, ampliando seu vocabulário. "É um jogo simples que tem um personagem principal, um esquilo, que solicita uma palavra qualquer para a criança. Ele pede prato, então tem um prato lá e ela seleciona", explica o criador Rafael Cunha. Existe ainda a possibilidade de configurar o jogo para que, em vez de objetos, apareçam palavras, o que o faria útil também para auxiliar no aprendizado das palavras escritas.

O software foi criado por Rafael como parte da sua dissertação de mestrado, defendida em dezembro do ano passado. A novidade é que o programa, que estava disponível apenas para a realização da pesquisa, foi liberado para acesso do público geral e já conta com uma série de usuários.

A motivação para o desenvolvimento desse aplicativo veio da esposa de Rafael. Fonoaudióloga, ela estava atendendo uma criança com autismo que tinha dificuldade de socialização, mas se interessava muito por computadores. Logo, ele procurou uma maneira de usar o dispositivo para a alfabetização de crianças nessa condição.

Segundo o psicólogo especialista na área Robson Faggiani, o uso da informática pode ser de grande importância na educação de autistas, já que eles costumam gostar de mídias interativas, como vídeos e games. Faggiani acredita que, desde que usadas com moderação e como complemento ao ensino regular, essas ferramentas são muito úteis.

A professora do Departamento de Psicologia da PUC-RJ Carolina Lampreia auxiliou Cunha a entender as necessidades da criança com autismo. Ela realça que o método utilizado pelo jogo é interessante, pois trabalha de modo lúdico com o intuito de motivar a criança. Assim, ela se sente estimulada a seguir realizando as tarefas solicitadas. "O modelo que ele utilizou é muito interessante, chama-se escolha segundo a amostra. Você tem uma amostra e duas opções. Se escolhe a certa, a criança é recompensada de alguma forma, toca uma música ou o bonequinho se mexe", explica.

Outra vantagem apontada pelo psicólogo é que a maior parte desses programas de computador é desenvolvida em outros países, o que torna o uso por crianças brasileiras mais difícil. Faggiani elogia a iniciativa: "É bom que um brasileiro esteja fazendo isso em português. Sou completamente a favor do uso", diz.

O jogo é recomendado para crianças entre cinco e nove anos e está disponível no site www.jogoseducacionais.com, compatível com qualquer navegador de internet, tanto em dispositivos móveis quanto em computadores.





Análise do Comportamento Aplicada (ABA)


Análise do Comportamento Aplicada é o nome em português para a sigla ABA - Applied Behavior Analysis. Trata-se de uma abordagem da Psicologia que tem demonstrado eficácia em diversas áreas de atuação, onde é necessária uma mudança de comportamento e relacionamento entre pessoas.

Qualquer comportamento deficitário ou em excesso no desenvolvimento de um indivíduo e que prejudique seu bem-estar com o meio, pode ser alvo da intervenção, que terá como objetivo a promoção de habilidades que tornem esse indivíduo capaz de produzir relações saudáveis com a sociedade em que vive.

Uma das demandas sociais atendidas pela ABA é o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico, seja ele leve, moderado ou muito invasivo. Entre os diagnósticos, destacam-se: Autismo, PDD, Síndrome de Asperger, X Frágil, Lesão Cerebral, Síndrome de Down, Atraso de Linguagem (Expressivo ou Compreensivo), Déficits de Aprendizagem, Hiperatividade, Distúrbio de Atenção, Dificuldades de Interação Social; até crianças adolescentes que estejam apresentando dificuldades circunstanciais com limites, integração social, acompanhamento escolar e aspectos gerais da rotina (como sono, alimentação e auto-cuidado, entre outros).

A intervenção ocorre em cinco frentes comportamentais: Acadêmica, Profissional, Social, Verbal, Atividades de vida diária – AVD e pode envolver profissionais de diversas áreas, sempre considerando a máxima eficácia do tratamento.

Fonte: Gradual

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem - parte 3



Motivação

Ela é necessária para aprender

"Da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender", afirma Iván Izquierdo. Estudos comprovam que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o sujeito é afetado positivamente por algo, a região responsável pelos centros de prazer produz uma substância chamada dopamina. A ativação desses centros gera bem-estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em relação ao objeto que a afetou. A neurologista Suzana Herculano-Houzel, autora do livro Fique de Bem com Seu Cérebro (208 págs., Ed. Sextante, tel. 21/2538-4100, 19,90 reais), explica que tarefas muito difíceis desmotivam e deixam o cérebro frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa. Por isso são abandonadas, o que também ocorre com as fáceis.

A motivação, para Piaget "É a procura por respostas quando a pessoa está diante de uma situação que ainda não consegue resolver. A aprendizagem ocorre na relação entre o que ela sabe e o que o meio físico e social oferece. Sem desafios, não há por que buscar soluções. Por outro lado, se a questão for distante do que se sabe, não são possíveis novas sínteses."
- Tania Beatriz Iwaszko Marques

A motivação, para Vygotsky "A cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota espontaneamente, como se existissem algumas crianças com vontade - e naturalmente motivadas - e outras sem. Esse impulso para agir em direção a algo é também culturalmente modulado. O sujeito aprende a direcioná-lo para aquilo que quer, como estudar."
- Claudia Lopes da Silva

A motivação, para Ausubel Essa disposição está diretamente relacionada às emoções suscitadas pelo contexto. Pela perspectiva de Ausubel, o prazer, mais do que estar na situação de ensino ou mediação, pode fazer parte do próprio ato de aprender. Trata-se da sensação boa que a pessoa tem quando se percebe capaz de explicar certo fenômeno ou de vencer um desafio usando apenas o que já sabe. Com isso, acaba motivada para continuar aprendendo sobre o tema."
- Evelyse dos Santos Lemos

Implicações na Educação A escola deve ser um espaço que motive e não somente que se ocupe em transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o professor precisa propor atividades que os alunos tenham condições de realizar e que despertem a curiosidade deles e os faça avançar. É necessário levá-los a enfrentar desafios, a fazer perguntas e procurar respostas.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem - parte 2

Emoção

Ela interfere no processo de retenção da informação

Os pesquisadores Larry Cahill e James McGaugh, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, publicaram nos anos 1990 os resultados de estudos em que foram mostradas duas séries de imagens a pessoas. Uma tinha um caráter emocional e a outra era neutra. O grupo teve uma recordação maior das emotivas. Por meio de um tomógrafo, foi observada a relação entre a ativação da amígdala (parte importante do sistema emotivo do cérebro) e o processo de formação da memória. "Quanto mais emoção contenha determinado evento, mais ele será gravado no cérebro", diz Iván Izquierdo, médico, neurologista e coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

A emoção, para Piaget "O psicólogo valoriza o termo afetividade, em vez de emoção, e diz que ela influencia positiva ou negativamente os processos de aprendizagem, acelerando ou atrasando o desenvolvimento intelectual."
- Lino de Macedo

A emoção, para Vygotsky "Para compreender o funcionamento cognitivo (razão ou inteligência), é preciso entender o aspecto emocional. Os dois processos são uma unidade: o afeto interfere na cognição, e vice-versa. A própria motivação para aprender está associada a uma base afetiva."
- Claudia Lopes da Silva

A emoção, para Wallon "O pesquisador defende que a pessoa é resultado da integração entre afetividade, cognição e movimento. O que é conquistado em um desses conjuntos interfere nos demais. O afetivo, por meio de emoções, sentimentos e paixões, sinaliza como o mundo interno e externo nos afeta. Para Wallon, que estudou a afetividade geneticamente, os acontecimentos à nossa volta estimulam tanto os movimentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no desenvolvimento."
- Laurinda Ramalho de Almeida

Implicações na Educação
O professor, ao observar as emoções dos estudantes, pode ter pistas de como o meio escolar os afeta: se está instigando emocionalmente ou causando apatia por ser desestimulante. Dessa forma, consegue reverter um quadro negativo, que não favorece a aprendizagem.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Censo 2010 revela que quase 1/4 da população tem algum tipo de deficiência


Censo 2010
Praticamente um quarto da população brasileira tem pelo menos um tipo de deficiência visual, auditiva, motora ou intelectual, num total de 45 milhões de pessoas. O número equivale a 24% dos 190 milhões de habitantes do País. A constatação faz parte do Censo 2010 e foi divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A metodologia da pesquisa foi baseada na seguinte pergunta: "você tem dificuldade de...?". A partir deste questionamento foi feita a captação da possível deficiência dos entrevistados e o respectivo grau de severidade. Não entraram na conta, por exemplo, quem usa óculos para ler um livro ou dirigir, já que está apto a fazer tais atividades.

"Um outro exemplo são os cadeirantes. Eles entram na deficiência motora, mas se a pessoa tiver uma casa totalmente adaptada, que ela não tenha dificuldade para se locomover, e um carro também adaptado que a leve para qualquer lugar, então não será contada como deficiente", explica Andréa Borges, coordenadora do levantamento do IBGE.

Não entrará nas estatísticas em função da questão ser autodeclarante, como os próprios pesquisadores definem. Ou seja, se o investigado, justamente pelas facilidades tecnológicas, não se considerar um deficiente, já que ele consegue fazer tudo que uma pessoa que anda normalmente consegue, não será somado no número final de incapacitados.

A deficiência visual foi a mais citada: 18,8% dos brasileiros têm dificuldade para enxergar ou são cegos em absoluto. Os deficientes auditivos correspondem a 5%, enquanto os motores são 7% e mentais, 1,4%. Na separação por sexos, 21% dos homens têm algumas das dificuldades citadas, enquanto as mulheres registram índice maior: 27%. "Como a mortalidade dos homens é mais alta, então você encontra mais mulheres em idade avançada com algum tipo de deficiência", afirma Andréa Borges.

Ainda de acordo com a pesquisa, a primeira curva do gráfico das deficiências se faz clara aos 10 anos de idade, no período em que a percepção das dificuldades, sejam motoras, auditivas, mentais ou visuais, se tornam mais claras com o avanço na vida escolar. Do 0 aos 14 anos, 7,5% dos brasileiros apresentaram algum tipo de deficiência. Dos 15 aos 64 anos, 25% responderam que tinham pelo menos uma das dificuldades cotidianas citadas. Já entre os que têm idade avançada, a partir dos 65 anos, este número mais que dobra: 68%.

Estados e raças
Dos que se declararam de alguma forma incapacitados, a grande maioria vive nas áreas urbanas do País: 38 milhões de pessoas. Nas zonas rurais são sete milhões. Segundo as regiões, a maior presença de deficientes está no Nordeste. No Rio Grande do Norte, por exemplo, constatou-se que, em 12% dos municípios, 35% dos investigados têm pelo menos uma das limitações colocadas na pesquisa. O Distrito Federal, por outro lado, tem 23%

Em relação à cor ou raça, a maior taxa dos entrevistados com algum tipo de deficiência está entre os que se definiram como pretos e amarelos, ambos com 27%. A população branca têm 23,5%, enquanto os indígenas apresentaram um número menor: 20%. "Os índios foram os que menos reclamaram de deficiência visual, por exemplo, o que evidencia que o contexto em que eles vivem pode não exigir muito deles nesse sentido", complementa a coordenadora do IBGE.

Mercado de trabalho
Na questão da força de trabalho e das condições para exercê-lo, observou-se que a deficiência intelectual é ainda a maior barreira para os que pretendem ingressar no mercado, tanto para a população masculina, quanto para a feminina, seguida pela deficiência motora.

A taxa de ocupação dos investigados, no entanto, varia pouco entre os que responderam ter ou não alguma incapacidade. Entre os que têm 10 anos ou mais de idade, 46% dos que se declararam com algum tipo de deficiência estão ocupados. O número entre os que não se consideram deficientes não é muito maior: 53%

Fonte: Terra

Rio: MP recomenda medidas na educação de alunos com deficiência


A 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção à Educação da Capital oficiou recomendação ao município do Rio de Janeiro, com 15 medidas a serem adotadas, para regularizar o sistema educacional para pessoas com deficiência. O município tem 120 dias de prazo para a comprovação das providências adotadas.

A recomendação é uma medida jurídica extrajudicial prevista na Lei da Ação Civil Pública e tem como objetivo resolver problemas que afetem direitos coletivos sem a necessidade de acionar a Justiça.

Segundo informações do Ministério Público Estadual, as ações recomendadas deverão ser executadas para facilitar o acesso de pessoas com deficiência às escolas. Elas abrangem desde a prioridade na matrícula até o número máximo de alunos com necessidades especiais matriculados em creches da capital.

Fonte: Terra

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem - parte 1

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem. Foto: André Spinola e Castro

A emoção interfere no processo de retenção de informação. É preciso motivação para aprender. A atenção é fundamental na aprendizagem. O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida. A formação da memória é mais efetiva quando a nova informação é associada a um conhecimento prévio. Para você, essas afirmações podem não ser inovadoras, seja por causa da sua experiência em sala, seja por ter estudado Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896- 1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008), a maioria da área da Psicologia cognitiva. A novidade é que as conclusões são fruto de investigações neurológicas recentes sobre o funcionamento cerebral.

"O que hoje a Neurociência defende sobre o processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por diferentes caminhos", diz a psicóloga Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), estudiosa de Piaget. O avanço das metodologias de pesquisa e da tecnologia permitiu que novos estudos se tornassem possíveis. "Até o século passado, apenas se intuía como o cérebro funcionava. Ganhamos precisão", diz Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), também piagetiano. Mas é preciso refletir antes de levar as ideias neurocientíficas para a sala.

A Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam de entender a aprendizagem, mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por meio de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante o seu funcionamento. "A Psicologia, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido", explica Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e especialista em aprendizagem significativa, campo de estudo de Ausubel.

As duas áreas permitem entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança. "Ela é um ser em que esses fatores são indissociáveis. Por isso, não pode ser vista por um único viés", diz Claudia Lopes da Silva, psicóloga escolar da Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo e estudiosa de Vygotsky.

Sabemos, por exemplo, com base em evidências neurocientíficas, que há uma correlação entre um ambiente rico e o aumento das sinapses (conexões entre as células cerebrais). Mas quem define o que é um meio estimulante para cada tipo de aprendizado? Quais devem ser as intervenções para intensificar o efeito do meio? Como o aluno irá reagir? "A Neurociência não fornece estratégias de ensino. Isso é trabalho da Pedagogia, por meio das didáticas", diz Hamilton Haddad, do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da USP. Como, então, o professor pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as contribuições da Neurociência?

Para o educador português António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, responder à questão é o grande desafio do século 21. "A estrutura educacional de hoje foi criada no fim do século 19. É preciso fazer um esforço para trazer ao campo pedagógico as inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos na área da ciência e da sociedade", diz.

Ao professor, cabe se alimentar das informações que surgem, buscando fontes seguras, e não acreditar em fórmulas para a sala de aula criadas sem embasamento científico. "A Neurociência mostra que o desenvolvimento do cérebro decorre da integração entre o corpo e o meio social. O educador precisa potencializar essa interação por parte das crianças", afirma Laurinda Ramalho de Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em Wallon.

Fonte: Nova Escola