quinta-feira, 20 de julho de 2017

Menino que recebeu transplante duplo de mãos se veste e se alimenta sozinho

O menino Zion Harvey: cirurgia pioneira em crianças
O menino Zion Harvey: cirurgia pioneira em crianças Foto: Divulgação / Divulgação

Zion Harvey, primeira criança a receber um transplante duplo de mãos, em 2015, quando tinha 8 anos, continua a mostrar melhoras um ano e meio depois da operação, relatam médicos responsáveis pelo caso em artigo publicado ontem no periódico científico “The Lancet Child & Adolescent Health”. Segundo eles, o garoto americano, hoje com 10 anos, consegue se alimentar, se vestir e até escrever após meses de terapia ocupacional e psicológica, além de ter recentemente realizado seu sonho de brincar com um taco de baseball.

— Nosso estudo mostra que a cirurgia de transplante de mãos é possível quando cuidadosamente administrada e apoiada em um time de cirurgiões, especialistas em transplantes, terapeutas ocupacionais, equipes de reabilitação e psicólogos — comemora Sandra Amara, médica do Hospital Infantil da Filadélfia e uma das profissionais envolvidas no caso do menino. — Dezoito meses depois da cirurgia, a criança está mais independente e capaz de cumprir tarefas do dia a dia. Ele continua a melhorar à medida que frequenta terapias diárias para evoluir na função das mãos e tem apoio psicológico para ajudar a lidar com as demandas da operação.

E estas demandas não foram poucas. Segundo os médicos, neste um ano e meio desde a cirurgia, Zion enfrentou oito episódios de rejeição das novas mãos, submetendo-se a agressivos tratamentos com drogas imunossupressoras que o deixam mais sujeito a doenças. O menino foi escolhido para a operação justamente porque já tomava este tipo de remédios por ter feito um transplante duplo dos rins quando ainda era um bebê, após o qual sofreu com infecções que forçaram a amputação de suas mãos e pés quando tinha apenas 2 anos de idade.

Ainda de acordo com os médicos, exames de imagem do cérebro de Zion revelaram que o órgão do menino desenvolveu vias para controlar os movimentos das mãos e levar sinais de tato delas para o cérebro. Mas mesmo diante dos bons resultados no caso do garoto, eles alertam que deve-se ter muita cautela ao analisar os benefícios e riscos deste tipo de cirurgia, lembrando que em outra tentativa recente, envolvendo um adolescente que recebeu um membro de um doador, houve sérias complicações e o paciente morreu pouco depois da operação.

Fonte: Jornal Extra

Dia do amigo: vínculos na infância ajudam no desenvolvimento emocional

Turminha estuda junto desde o jardim e permanece unida mesmo após troca de escola Foto: Divulgação
Ana Paula Blower

É a família que escolhemos, são os que estão ao nosso lado na alegria e na tristeza e ficam bem guardadinhos no lado esquerdo do peito. No Dia Internacional do Amigo, celebrado nesta quinta-feira, confira os principais e os inúmeros benefícios, segundo especialistas, da amizade na infância: a companhia de alguém querido, por exemplo, ajuda a enfrentar etapas essenciais do crescimento.
De acordo com psicólogos, ter com quem compartilhar frustrações, alegrias, broncas e brincadeiras é fundamental para o desenvolvimento emocional e ensina a conviver e a respeitar as diferenças. Além disso, cultivar boas amizades quando criança faz com que no futuro se tenha mais facilidade para estabelecer vínculos afetivos.
— Beneficia por conta dos valores envolvidos na troca: éticos, afetivos, sociais. Se isso ocorre cedo, essas habilidades são exercitadas e criadas já na criança. Ela aprende a negociar, a ceder. Amadurecem à medida que aprendem com o outro — diz a psicóloga Paula Emerick, fundadora do Solace Institute.
Assim como na fase adulta e na velhice, amigos de infância se ajudam a passar pelas transformações naturais da vida, como uma simples mudança de colégio. Ver que o outro superou algo é um incentivo.
— Traz uma segurança emocional, que não está só na família — afirma Paula.
Se para adultos uma amizade de seis anos já pode ser sinal de confiança, imagine para crianças, que têm outra noção de tempo. Lucas Maia Neves, de 10 anos, mantém esse longo laço de afeto com amigos da escola desde o jardim de infância. Os pequenos não se desgrudam: jogam videogame, vão ao cinema...
— Como eu sou filho único, eles são tipo meus irmãos. Acho que vou ser amigo deles por muito tempo — resume o pequeno Lucas
A família que se escolhe para crescer junto
Para a psicóloga Renata Bento, é preciso valorizar esses vínculos na infância. Assim, são fortalecidas as capacidades de enxergar o outro e de se identificar. Ela ressalta que é importante que os pais tentem interferir o mínimo possível nessas relações.
— Para que eles possam criar alternativas, buscar saídas para ultrapassar as dificuldades encontradas na relação. Estarão aprendendo a lidar com alguém fora do círculo familiar — observa Renata.
Ainda entre os benefícios da troca entre os pequenos, está saber como é dividir e se posicionar diante do outro. Em uma conversa, que para elas pode parecer algo simples, as crianças vão crescendo juntas.
Depoimento: ‘Os amigos serão levados além da escola’
Daniele Maia é advogada, de 42 anos,e mãe de Lucas.
— Ele estuda no mesmo colégio desde os 4 anos. Criou ali um ciclo de amizade muito legal que se estendeu aos pais. Eles querem estar sempre juntos, fazem cursos, combinam de jogar um na casa do outro. Esse ano encerram o ciclo no colégio, mas percebemos que os amigos serão levados além da escola. Vão permanecer muito unidos — acredita Daniele.

Fonte: Jornal Extra


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Uma criança saudável é espontânea, barulhenta, inquieta, emotiva e colorida



Uma criança não nasce para estar sentada, vendo televisão ou brincando com o tablet. 

Uma criança não quer estar calada o tempo todo.

Elas precisam se mexer, explorar, encontrar novidades, criar aventuras e descobrir o mundo que as rodeia. Elas estão aprendendo, são esponjas, brincalhonas natas, caçadoras de tesouros, terremotos em potencial.

Elas são livres, almas puras que tentam voar, não ficar de canto, amarradas ou com algemas. Não as façamos escravas da vida adulta, da pressa e da escassez de imaginação dos mais velhos.

Não as apressemos ao nosso mundo de desencanto, potencializemos a sua capacidade de se surpreender. Precisamos garantir que tenham uma vida emocional, social e cognitiva rica de conteúdos, de perfumes de flores, de expressão sensorial, de alegrias e de conhecimentos.

O que se passa no cérebro de uma criança quando brinca?

A brincadeira tem benefícios para as crianças em todos os níveis (fisiológico-emocional, comportamental e cognitivo) que não são novidade. De fato, podemos falar de diversas repercussões inter-relacionadas que ela oferece:

Regula o seu estado de ânimo e a sua ansiedade.

Favorece a atenção, a aprendizagem e a memória.

Reduz a tensão dos neurônios, favorecendo a tranquilidade, o bem-estar e a felicidade.

Magnifica a sua motivação física, e graças a isto seus músculos reagem motivando-as a brincar.

Tudo isto favorece um estado ótimo para a imaginação e a criatividade, ajudando-as a aproveitar a fantasia que as rodeia.

A sociedade vem alimentando a hiperpaternalidade, ou seja, a obsessão dos pais para que seus filhos alcancem habilidades especificas que garantam uma boa profissão no futuro. E como sociedade e educadores, nos esquecemos de que as crianças não têm valor segundo a sua nota escolar, e que não abrandando o nosso empenho de priorizar os resultados,estamos descuidando das habilidades para a vida.

O valor das nossas crianças é o de pequenas pessoas que precisam ser amadas independentemente de tudo, não se definem por suas conquistas ou por seus fracassos, mas sim por elas mesmas, únicas por natureza. Como crianças não somos responsáveis pelo que recebemos na infância mas, como adultos, somos totalmente responsáveis por corrigi-lo.

Simplificar a infância da criança, educar bem

A expressão “cada pessoa é única” é algo que costumamos dizer com frequência mas que ainda temos pouco internalizado. Isto se vê em um simples fato: estabelecemos uma série de regras para educar a todas as nossas crianças.

Realmente este é um erro muito generalizado e que não é nem um pouco coerente com o que acreditamos (que cada pessoa é única). Portanto, não se estranha que a confluência dos nossos valores e das nossas atitudes sejam conflitantes na criação.

Por outro lado, como afirma Kim Payne, professor e orientador norte-americano, estamos criando nossas crianças no excesso de, exatamente, quatro pilares:

Informação demais.

Coisas demais.

Opções demais.

Velocidade demais.

Estamos impedindo-as de explorar, refletir ou se libertar das tensões que existem na vida cotidiana. Estamos empanturrando-as de tecnologia, de brinquedos e de atividades escolares e extracurriculares, estamos distorcendo a infância e, o que é mais grave, estamos impedindo-as de brincar e se desenvolver.

Atualmente, as crianças passam menos tempo ao ar livre do que as pessoas que estão em prisões. Por quê? Porque as mantemos “entretidas e ocupadas” em outras atividades que achamos mais necessárias, procurando que fiquem limpos e não se sujem de barro. Isto é inaceitável e, acima de tudo, extremamente preocupante. Analisemos algumas razões pelas quais precisamos mudar isto…

O excesso de higiene aumenta a possibilidade de que as crianças desenvolvam alergias, bem como demonstrou uma pesquisa do hospital Gotemburgo, na Suécia.

Não permitir que brinquem ao ar livre é uma tortura que enclausura o seu potencial criativo e de desenvolvimento.
Mantê-los colados à tela do celular, do tablet, do computador ou da televisão é tremendamente prejudicial a nível fisiológico, emocional, cognitivo e comportamental.

Poderíamos continuar, mas realmente, neste ponto, acredito que a maioria de nós já encontrou inúmeras razões que mostram que estamos destruindo a magia da infância.Como afirma o educador Francesco Tonucci: “A experiência das crianças deveria ser o alimento da escola: sua vida, suas surpresas e suas descobertas. Meu professor sempre pedia que esvaziássemos os bolsos na sala de aula, porque estavam cheios de testemunhas do mundo exterior: bichos, cordas, figurinhas, bolinhas… Pois atualmente deveríamos fazer o contrário, pedir as crianças que mostrem o que levam nos bolsos. Desta forma a escola se abriria para a vida, recebendo as crianças com seus conhecimentos e trabalhando ao redor delas”.

Esta, sem dúvida, é uma forma muito mais sadia de trabalhar com elas, de educá-las e de garantir o seu sucesso. Se em algum momento nos esquecermos, deveríamos ter o seguinte muito presente: “Se uma criança não precisa entrar com urgência na banheira, é porque não brincou o suficiente”. Esta é a premissa fundamental de uma boa educação.

Fonte: A mente é maravilhosa

Agradecer não é educação, mas sim sinal de um poder extraordinário


Agradecer, para muitos, é um gesto de cortesia e educação quase automático. A gente agradece quando recebe um presente, quando alguém faz um favor ou quando as pessoas têm uma atitude gentil. No mais, parece não ser importante agradecer por alguma coisa. A gratidão, então, se reduziu a algumas circunstâncias específicas, basicamente de cunho social.
Inclusive nessas situações pontuais onde cabe agradecer, muitas vezes a gratidão não é sentida do fundo do coração. Somente nos casos extremos dizemos esse “obrigado” com total convicção. E passado um tempo o sentimento se dissipa.
Haverá quem pense que isto não é o certo. Trata-se justamente disso: dizer “obrigado” no momento certo e, se possível, devolver o favor, ou a atenção que nos deram. Para que mais? Embora no mundo atual isso seja verdade, agindo dessa forma na verdade estamos banalizando a gratidão. Esquecemos que esta é uma força extraordinária, que contribui para termos uma melhor saúde mental e que muitas vezes desperdiçamos.

Agradecer é muito mais do que dizer “obrigado”

A gratidão é um sentimento alegre. Inclusive se o agradecimento se deve a alguma coisa que alguém fez em um momento triste. Nestes casos, agradecer nos remete a um fato agradável que nos enche de satisfação. De fato, a palavra “gratidão” vem de “graça”. E “grato” se traduz como alguma coisa que nos causa bem-estar ou complacência.
Agradecemos a alguém quando existe a consciência de que recebemos mais do que oferecemos. Por isso, imediatamente surge o sentimento de que se obteve um ganho. Então, espontaneamente surge a necessidade de agradecer por esse “extra” que recebemos.
A gratidão implica não apenas uma forma de cortesia, mas também uma experiência de satisfação, de alegria e, por que não, de felicidade. Quem está agradecido, está feliz. E mais feliz é quem é consciente da grande quantidade de motivos que tem para se mostrar agradecido.



Por que para muitas pessoas é difícil agradecer?

Há muitas pessoas que sentem que não têm nada a agradecer aos outros. Enumeram detalhadamente as vezes em que precisaram de alguma coisa e não receberam a ajuda esperada. Ou a infinita quantidade de situações em que deram alguma coisa aos outros e não foram correspondidos. A sua balança entre o que dão e o que recebem sempre se inclina de forma oposta à gratidão.
Provavelmente existe uma lógica onde os outros estão sempre em dívida. A pessoa espera dos outros mais do que eles podem dar e por isso, obviamente, sempre fica frustrada. Acha que poderiam “ter dado mais”. Então, por que agradecer?
Quem pensa assim costumam ser pessoas muito mimadas ou cujo ego foi muito exaltado. Quando existe uma grande dose de narcisismo, o que os outros oferecem de si nunca será suficiente para elas, a mesma coisa com o que a vida lhes proporcionar. Sempre sentem que merecem mais e, obviamente, existem muitos mais motivos para se queixar do que para agradecer.

A gratidão tem poder

O agradecimento é algo que se dá ao outro, ou a alguma coisa abstrata. Pertence ao mundo do dar, não do receber. Mas, como dissemos anteriormente, só o fato de estar nessa postura de gratidão implica um gosto, uma satisfação, um tipo de felicidade. Também enobrece o coração.
Se não fosse pelas ações das outras pessoas, provavelmente sequer estaríamos vivos.Se estamos é graças a uma mãe que nos gestou, que sofreu as dores do parto para dar à luz e que preservou a nossa vida quando não podíamos dar conta de nós mesmos. Não importa se ela mesma não estava pronta para ser mãe, ou se poderia ter feito isto melhor. Só o fato da maternidade já implica uma oferta. Também contam as pessoas que nos ajudaram a nascer, a crescer, a não morrermos nesses primeiros anos vulneráveis.
Daí para frente há os professores que nos instruíram, colegas de brincadeiras, talvez amigos que nos ouviram, amores que talvez se doaram por nós, talvez pessoas que confiaram no nosso próprio trabalho. Nosso dia a dia é possível graças a muitas pessoas, mas às vezes não percebemos isto. Não somos capazes de ver a sua grande contribuição. Em vez disso, nos concentramos no que não fazem.
Viver de forma agradecida é viver muito perto da felicidade. Mais do que uma virtude, ou um valor, é uma atitude diante da vida. Só dá para agradecer se a gente for humilde. Se compreendemos que ninguém nos deve nada, nem tem a obrigação de nos agradar. Quando entendemos isso, damos um grande passo para a frente.

A gratidão muda vidas.

Fonte: A Mente Maravilhosa