domingo, 27 de setembro de 2015

Estudo lança alerta: meninas com Autismo têm maior tendência a sofrer com epilepsia do tipo refratária



Um dos maiores enigmas do Autismo está relacionado a sua maior incidência em homens do que em mulheres (chegando a proporção de 4-1). Aproximadamente 25% das pessoas com Autismo têm epilepsia, em comparação com 1% da população em geral. No novo estudo, os pesquisadores descobriram que as mulheres que têm tanto Autismo quanto epilepsia tendem a ter sintomas mais leves de Autismo, mas crises mais graves de epilepsia que os homens com esses distúrbios. A descoberta sugere que o que protege as mulheres do autismo não parecem protegê-las da epilepsia. Os resultados, publicados na revista Autism Research afirmam ainda que meninas com Autismo possuem um risco três vezes maior de ter epilepsia do tipo refratário (que responde pouco aos medicamentos).”É muito intrigante“, diz o pesquisador-chefe Karen Blackmon, professor assistente de neurologia da Universidade de Nova York.
Estudos anteriores demonstraram que a epilepsia afeta mais meninas do que meninos com Autismo. As novas descobertas servem como um alerta aos médicos que a epilepsia nessas meninas também podem ser especialmente difíceis de tratar.
Os médicos têm que estar preparados para tentar várias medicações e ter a consciência de que muitas delas podem falhar na primeira tentativa” afirma Shafali Jeste, professora assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, Los Angeles, que não está envolvida nesse estudo.
Blackmon e colegas acompanharam 125 pessoas com Autismo que procuraram tratamento para a epilepsia. Os participantes tinham idades entre 2 e 35 anos. Dos 97 meninos e homens, 24% não apresentaram resposta a duas drogas da epilepsia. Em contraste, 46% das 28 meninas e mulheres não responderam ao tratamento. Elas também tinham sintomas mais leves de Autismo do que os homens, de acordo com os questionários preenchidos pelos pais.
Os pesquisadores excluíram do estudo as pessoas com síndromes genéticas já conhecidas e ligadas à epilepsia, tais como Esclerose Tuberosa. Mas alguns participantes podem possuir variantes ligadas a ambos (Autismo e epilepsia resistente ao tratamento) tal como a duplicação da região cromossómica 15q11.13 – o que pode causar convulsões mortais.
As conclusões do estudo podem resultar das garotas e mulheres participantes possuirem um número desproporcional dessas mutações graves, diz Elliott Sherr, professor de neurologia da Universidade da Califórnia, San Francisco, que não estava envolvido com o estudo. Isso iria distorcer os resultados que sugerem que mais meninas do que meninos em geral têm epilepsia resistente ao tratamento, por exemplo.
Ainda assim, o trabalho lança um nova luz sobre observação sobreposta entre autismo e epilepsia. “Sabemos muito pouco sobre o subgrupo de indivíduos com [ambos] Autismo e epilepsia“, diz Christine Nordahl, professora assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em Davis, que não esteve envolvida no estudo. “Este estudo é um grande primeiro passo para explorar as diferenças de sexo neste subgrupo.”
Os pesquisadores também usaram ressonância magnética para explorar as possíveis bases neurológicas da susceptibilidade das meninas à convulsões intratáveis.
Eles descobriram que as mulheres que têm tanto Autismo e epilepsia são mais propensas do que os homens com ambos os transtornos a ter anormalidades leves, como displasias corticais, em que alguns neurônios na camada superior do cérebro não conseguem migrar para o local correto. Cerca de 42% das mulheres no estudo têm varreduras do cérebro incomuns, em comparação com apenas 19% dos homens. Estas anomalias são uma pista para o tratamento da epilepsia refratária em ambos os sexos.
Displasias corticais estão ligadas à epilepsia, mas algumas das outras anormalidades observadas no estudo são menores e podem não ser nocivas. Blackmon e seus colegas estão encontrando maneiras melhores para detectar displasias corticais e um plano para procurá-las através de um grande banco de dados de imagens do cérebro. A prevalência dessas anormalidades pode começar a explicar a ligação entre Autismo e epilepsia grave em meninas, diz Blackmon.
Referência:
1: Blackmon K. et al. Autism Res. Epub ahead of print (2015) PubMed

Menos neurônios, mais sono: Herculano-Houzel traz hipótese sobre o tempo de sono dos mamíferos

Cientistas já sabiam que o tempo de sono varia muito entre os mamíferos e que, quanto maior o animal, mais horas ele passa acordado. Enquanto um elefante fica 21h por dia acordado, por exemplo, um morcego faz o contrário e passa até 20h dormindo. 

Por sua vez, as girafas são praticamente insones pelos padrões humanos: dormem quatro horas por dia no máximo. Já os camundongos dormem praticamente todo o tempo. Mas o que ninguém conseguia explicar até hoje é o que exatamente determina essa diferença tão grande.

Um novo estudo da neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel, publicado no periódico científicoProceedings of the Royal Society B, propõe uma explicação surpreendente sobre o assunto: "A minha proposta é que é exatamente o aumento do número de neurônios que causa um tempo menor de sono, por meio de uma menor taxa de acúmulo de substâncias que induzem o sono", diz Suzana. A relação entre a densidade de neurônios por área e a quantidade diária de horas de sono pode ajudar a explicar como os mamíferos ganharam cérebros e corpos maiores ao longo da evolução.

Estudos detalhados sobre as funções biológicas do sono se multiplicaram nos últimos anos. O repouso noturno (ou diurno, no caso de animais de hábitos mais boêmios) é crucial, por exemplo, para a formação de memórias e para o aprendizado, mas tudo indica que o papel mais importante do sono é fazer uma faxina cerebral, recolhendo moléculas potencialmente nocivas que se acumularam durante o dia como subproduto do funcionamento dos neurônios.

Não daria para fazer isso sem passar algumas horas inconsciente e indefeso todo santo dia? Provavelmente não. Ocorre que, quando um mamífero está acordado, o fluido que banha as regiões entre uma célula e outra de seu cérebro e é responsável por carregar o "lixo" dos neurônios para longe deles só consegue alcançar uma área relativamente pequena do órgão – em geral, a parte mais superficial dele.
Isso acontece, grosso modo, porque os neurônios do cérebro estão "inchados", deixando pouco espaço para o fluido circular. Quando o sono vem, é como se o tecido cerebral relaxasse, de maneira que ele é banhado pelo fluido de forma mais homogênea, facilitando assim a faxina.
Pois bem: ao analisar dados sobre o cérebro de 24 espécies diferentes de mamíferos, desde primatas (incluindo vários macacos e o ser humano) até roedores e até girafas e elefantes, Suzana verificou que, em geral, os bichos maiores e de cérebro mais avantajado eram os que dormiam menos.

O detalhe crucial, porém, é que nos animais grandalhões e de grande cérebro, o tamanho da superfície do cérebro era relativamente menor em relação ao córtex cerebral como um todo. Além disso, os neurônios desses bichos tendiam a ser maiores também.

Esse último ponto é importante porque, com neurônios maiores, menos células desse tipo podem ser empacotadas no mesmo espaço do cérebro, o que permite uma circulação mais eficiente de fluido entre elas – realizando uma faxina mais eficiente à noite, com menos horas obrigatórias de sono.
Nessa história, primatas como nós são, até certo ponto, um caso à parte. Ao longo de sua história evolutiva, o grupo dos macacos não teve um crescimento acentuado no tamanho de seus numerosos neurônios. Resultado: eles possuem uma densidade maior em relação à superfície do cérebro, o que explica porque nós ainda precisamos dormir cerca de oito horas por dia, em média, e não as três ou quatro horas típicas de um elefante.
A matéria-prima que teria desencadeado o processo evolutivo que levou ao aumento do cérebro em várias linhagens de mamíferos poderia ter sido a própria variação natural no número de neurônios entre um indivíduo e outro, propõe Suzana.
"Eu já sei que essa variação existe espontaneamente na natureza", diz ela. "O que estou propondo é que aqueles indivíduos que espontaneamente tiverem mais neurônios terão a vantagem de dormir um pouco menos, o que aumenta sua chance de sobreviver – e de conseguir um corpo maior por terem mais tempo para comer."
A partir daí, a seleção natural teria feito o resto do serviço, criando uma espécie de círculo virtuoso no qual mais neurônios exigiam menos sono, permitindo mais tempo e recursos para a alimentação e o crescimento do corpo e do cérebro.

A hipótese da pesquisadora, se estiver correta, poderia ainda explicar um fenômeno que certamente chama a atenção de todos os pais de primeira viagem: bebês humanos nascem dormindo uma quantidade elevadíssima de horas por dia, que vai lentamente decaindo até alcançar os níveis comuns entre adultos (Isso, aliás, é válido também para filhotes de outras espécies de mamíferos).
Ora, caso o desenvolvimento do cérebro dos bebês seja, de certa maneira, uma recapitulação do que ocorreu ao longo da evolução dos mamíferos, faz sentido que, conforme o órgão vai alcançando suas dimensões adultas, ele tenha menos necessidade de uma faxina de longa duração, devido ao menor acúmulo relativo de moléculas "lixo".
(Via BBC e Folha de S.Paulo)

Brasil tem primeiro musical estrelado por crianças com autismo



A primeira vez que a musicoterapeuta Ana Carolina Steinkopf, de 24 anos, tocou um acorde para uma criança autista, ela deu as costas. Em vez de se chatear ou esquecer a reação, Ana foi buscar mais explicações sobre esse comportamento e descobriu que no Brasil ainda não havia um trabalho consolidado que unisse música com o autismo. Foi assim que ela soube que deveria cumprir este papel. Ana conta que a ideia surgiu a partir da prática clínica, onde pode ver que as crianças que faziam parte das sessões de musicoterapia tinham mais facilidade com a comunicação e o relacionamento. 


A artista montou um musical com crianças autistas de diferentes níveis, que vão dos mais baixos até os casos mais delicados. E o resultado foi recompensador. Além de ter sido um sucesso em Brasília, a montagem serviu como terapia para os pequenos. O projeto conta com 21 crianças autista e seus familiares. “A família é muito importante. Ao envolvê-los, a criança se motiva mais. Quando eles fazem algum movimento ou som, ela se sente estimulada a reproduzir a mesma ação. Isso é importante porque o autista precisa de vínculo”, comenta.


“Uma Sinfonia Diferente” é o nome do trabalho voluntário que reúne ainda a psicóloga Cinthia Vanessa, 21 estudantes de psicologia, equipes de filmagem, fotografia, uma banda com sete músicos e uma equipe de produção. “E o pagamento é a melhora da criança e o vínculo afetivo dos pais e dos irmãos”, completa Ana.

Melhores livros de Neurociência para começar a estudar

Veja a lista completa com os melhores livros para estudar a neurociência, todos eles de fácil compreensão. 
Olá amigos!
A neurociência é uma área relativamente nova que estuda o cérebro e o sistema nervoso. Muitas pessoas desejam saber mais sobre esta fascinante área de estudos e, então, frequentemente recebo emails e comentários sobre quais seriam os melhores livros de neurociência para começar a estudar.
Abaixo, listo os livros que considero fundamentais para um primeiro contato. Evidentemente, a produção na área é incessante e a toda hora vemos novos publicações surgirem, desde livros básicos a livros muito avançados, para especialistas.
Conheça também o nosso Curso de Neurodesenvolvimento Infantil!
O nosso objetivo aqui é indicar o começo, ou seja, por onde começar, ok?

Melhores livros de neurociências para começar a estudar




A Fórmula da Felicidade, de Stefan Klein

Como as recentes descobertas das neurociências podem ajudar você a produzir emoções positivas, harmonia e bem-estar. 
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Klein realizou um trabalho pioneiro ao reunir esses valiosos conhecimentos que até agora estavam dispersos em documentos de difícil acesso e até inéditos. A parte desta leitura inteligente, bem-humorada e de fácil compreensão, temos a oportunidade de desvendar um mundo fascinante de informações sobre como o funcionamento do cérebro determina as nossas relações diante dos acontecimentos e dar um passo fundamental em direção à verdadeira felicidade.

Neurociências, Desvendando o Sistema Nervoso, de Autor: Mark F. Bear; Barry W. Connors; Michael A. Paradiso

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Escrito especificamente para estudantes de graduação, Neurociências, 3ª edição, tem por objetivo estimular o pensamento crítico. Os livros-texto típicos de neurociências partem do pressuposto de que seus leitores já possuem amplo conhecimento prévio de biologia, química e física, enquanto os textos de fisiologia psicológica geralmente são mais superficiais quando cobrem a neurobiologia necessária para entendimento das funções do encéfalo. Neurociências: desvendando o sistema nervoso equilibra perfeitamente esses aspectos, com um estilo de redação claro e leve que facilita a compreensão e a fixação até mesmo dos mais difíceis princípios neurobiológicos.

Princípios de Neurociências, de Eric Kandel; James Schwartz; Thomas M. Jessell; Steven Siegelbaum; A.J. Hudspeth

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Decifrar a relação entre o encéfalo e o comportamento humano sempre foi um dos maiores desafios da ciência. Escrito por importantes pesquisadores da área, incluindo Eric R. Kandel, vencedor do Prêmio Nobel em 2000, este clássico absoluto apresenta uma visão atualizada da disciplina de neurociências, refletindo a pesquisa mais recente que transformou o conhecimento na última década.

Cem Bilhões de Neurônios – Conceitos Fundamentais de Neurociência, de Roberto Lent 

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Dentro das Ciências Biomédicas, o termo Neurociência é relativamente recente. O seu emprego atual, adotado neste livro, corresponde à necessidade de integrar as contribuições das diversas áreas da pesquisa científica e das ciências clínicas para a compreensão do funcionamento do sistema nervoso. Os atuais estudiosos do seu órgão máximo, o cérebro, por exemplo, sabem que para compreendê-lo há que derrubar as barreiras das disciplinas tradicionais, a neuroanatomia, a neurofisiologia, a neurologia, a psicologia, para mencionar apenas algumas das divisões que foram sendo criadas, em grande parte, para caracterizar os métodos de estudo.
Essa tendência fica muito evidente nas obras científicas recentes, que tratam das funções mais complexas desse órgão, como as emoções e a consciência, nas quais seus autores sentem a necessidade de apoiar os principais conceitos em evidências provenientes de diversas áreas. Com esse mesmo espírito, o Professor Roberto Lent adotou o conceito de Neurociência p ara este livro-texto, Cem Bilhões de Neurônios, dirigido ao aprendizado do sistema nervoso em nível de graduação. No conteúdo de seus capítulos, o leitor irá verificar a preocupação que o autor teve para com a aplicação do princípio da multidisciplinaridade do tema, entendendo-se como tal não a mera descrição de informações provenientes de diversas disciplinas, mas a cuidadosa tessitura de dados que se inter-relacionam para permitir que o conhecimento brote.

O Cérebro Que Se Transforma, de Norman Doidge

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O cérebro se modifica. Ele é um órgão plástico, vivo e pode de fato transformar as suas próprias estruturas e funções, mesmo em idades avançadas. A neuroplasticidade promete derrubar a noção ultrapassada de que o cérebro adulto é rígido e imutável. Este livro apresenta casos que detalham o progresso surpreendente de pacientes, como uma mulher que nasceu com apenas metade do cérebro, mas que conseguiu se adaptar e levar uma vida normal; uma pessoa rotulada como doente mental, que curou suas deficiências e agora ajuda outros a fazerem o mesmo; cegos que voltaram a enxergar e dificuldades de aprendizagem curadas.

O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu, de Oliver Sacks

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O cientista e neurologista Oliver Sacks é também um excelente narrador, dono do raro poder de compartilhar com o leitor leigo certos mundos que de outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas. Em ‘O homem que confundiu sua mulher com um chapéu’ estamos diante de pacientes que, imersos num mundo de sonhos e deficiências cerebrais, preservam sua imaginação e constroem uma identidade moral própria. Aqui, relatos clínicos são intencionalmente transformados em artefatos literários, mostrando que somente a forma narrativa restitui à abstração da doença uma feição humana, desvelando novas realidades para a investigação científica e problematizando os limites entre o físico e o psíquico.

Fantasmas no cérebro, de V. S. Ramachadran

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Em Fantasmas No Cérebro, são relatados casos ocorridos no consultório do neurologista e neurocientista indiano Vilayanur Ramachandran, diretor do Centro do Cérebro e da Cognição, na Universidade da Califórnia, em San Diego, onde ousa buscar no cérebro explicações para situações que seriam mais facilmente atribuídas a misticismo, excentricidade, ou simplesmente loucura.
A partir de casos como o de uma mulher parcialmente cega que vê personagens de desenhos animados sentarem no colo do médico à sua frente, de um atleta que perdeu o braço mas sente dores horríveis no “fantasma” da sua mão amputada ou de uma professora que insiste que o lado paralisado de seu corpo ainda se movimenta. Ramachandran utilizava diferentes terapias e métodos investigativos para cada paciente. De um detetor de mentiras e sofisticado equipamento de ressonância magnética até um cotonete, ou um espelho, as particularidades intrigantes de cada paciente vão surgindo no decorrer da investigação.
E acabam por permitir a Ramachandran uma visão – hipotética, mas não por isso menos interessante – de como o cérebro produz nossas sensações, sentimentos e, por que não, a consciência. Com prefácio de Oliver Sacks, autor do best seller Tempo de Despertar, Fantasmas No Cérebro foi escrito após insistentes pedidos de estudantes e colegas de Ramachandran.
Para a publicação da obra, recebeu ajuda da premiada jornalista científica Sandra Blakeslee, que ao longo dos últimos dez anos vem demonstrando sua competência e estilo, escrevendo sobre neurociências para o jornal The New York Times. Um livro surpreendente sobre os segredos da mente e sobre um cientista que ousou ultrapassar os limites da ciência e da razão. “Este é um livro esplêndido.” – Francis Crick, Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina “É um dos livros de neurologia mais originais e acessíveis da nossa geração.” – Oliver Sacks, M.D., autor de Tempo de despertar “Fascinante não só por sua clara e eloqüente descrição de fenômenos neurológicos (…) mas também pelo retrato de Ramachandran, o entusiasta na busca dos segredos da mente humana.” – The New York Times Book Review

O erro de Descartes – Antonio Damásio

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Para pensar bem e tomar decisões corretas é preciso manter a cabeça fria e afastar todos os sentimentos e emoções, certo? Errado. Neste livro surpreendente e polêmico, António Damásio, que dirige um dos principais centros de estudos neurológicos dos Estados Unidos, mostra como, na verdade, a ausência de emoção e sentimento pode destruir a racionalidade. Utilizando-se das mais recentes descobertas da neurobiologia, Damásio desafia os dualismos tradicionais do pensamento ocidental — mente e corpo, razão e emoção, explicações biológicas e explicações culturais — para oferecer uma visão científica e integrada do ser humano e sugerir hipóteses inovadoras sobre o funcionamento do cérebro humano.

O cérebro de Buda, de Rick Hanson

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Com explicações claras acerca da estrutura e do funcionamento do cérebro, os autores de ‘O Cérebro de Buda’ demonstram que é possível condicionar a mente para obter mais felicidade e sabedoria no dia a dia através de práticas meditativas simples e rápidas. Sempre fundamentado em estudos científicos, o livro mostra como modificar e treinar o fluxo de pensamentos para ativar respostas positivas, com calma e compaixão, em vez de reações negativas, cheias de raiva e angústia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

COLUNA DO DIA: Atuação Fonoaudiológica no Alzheimer





  A população idosa no mundo aumenta de forma progressiva e no Dia Mundial da Doença de Alzheimer celebra-se em 21 de setembro, prestando assim uma homenagem àqueles que, em todas as partes do mundo, divulgam e sensibilizam para esta patologia.


  A data tem como objetivo melhorar a prestação de serviços a pessoas que sofrem de demência e aos seus cuidadores. e nos conscientiza que a doença atinge cerca de dois milhões de pessoas só no Brasil.


 A doença ataca o sistema nervoso e é irreversível e não conhece barreiras econômicas, sociais, étnicas, raciais ou geográficas e a idade em que a doença de Alzheimer começa a desenvolver-se é muito variável e a sua evolução pode ser lenta ou rápida.


 A doença de Alzheimer caracteriza-se, de uma forma resumida, por alterações neuropsicológicas com predominância das perturbações de memória, linguagem, reconhecimento e da escrita, assim como alterações do comportamento, ansiedade, depressão, agressividade e alucinações.


 É uma doença neurodegenerativa progressiva, com múltiplas etiologias e que converge para a perda neuronal.


  Está dividida em 3 estágios, Inicial (leve), Intermédio (moderado) e Final (grave):




Geralmente o alerta é dado com a presença das falhas de memória, que familiares e amigos mais próximos detetam. No entanto, as alterações podem ser tão subtis que a família atribui o esquecimento à idade. As alterações linguísticas (como afasia) e ao nível da alimentação (como disfagia e/ou a presença de apraxia bucofacial), são atividades da área de intervenção do fonoaudiólogo.


  A nível da Linguagem, a pessoa com Alzheimer começa a ter dificuldades na procura de alguma palavra durante o discurso espontâneo e, quando solicitada, apresenta dificuldade em nomear objetos e ações. A conversação mostra-se vazia ao nível do conteúdo, em parte porque a amnésia reduz a quantidade de informação disponível e também porque as alterações semânticas apenas permitem  um pensamento concreto. Além destas alterações evidencia-se também uma fraca capacidade de manter um mesmo tópico de conversação e alterações ao nível da compreensão. Apesar de a leitura em voz alta se mantenha até fases mais avançadas, a compreensão da leitura altera-se precocemente.  Em alguns casos a comunicação verbal se faz de forma muito restringida, chegando mesmo ao mutismo. Por isso é muito importante:

  • ·        manter a comunicação direta com a pessoa com DA,
  • ·        contato visual constante,
  • ·        falar de forma clara e objetiva, explicando tudo que for realizar, oferecer, etc.
  • ·         Use sempre frases motivacionais, elogie tudo que conseguir realizar;
  • ·        estimular com sons, músicas, diálogos que ela goste e assuntos do dia a dia, coisas que estão acontecendo naquele exato momento.
  • ·        privilegiar as vias sensoriais, é um excelente estímulo, olfato, paladar, tato, audição e visão.
  • ·        E não esqueça jamais, de respeitar o tempo da pessoa, cada dia é um dia diferente.

 

  As alterações na Alimentação começam a aparecer quando, para pessoa com Alzheimer, não faz sentido ingerir alimentos. O não reconhecimento dos alimentos aliado à dificuldade em utilizar os talheres/copo podem levar a um risco de desnutrição e desidratação. Além disso, ocorrem frequentemente episódios de esquecimento de ingestão de alimentos e de dificuldades de deglutição/mastigação. Estas dificuldades aparecem pelo fato de permanecerem com o alimento na boca por muito tempo sem saberem o que devem de fazer com ele e como o engolir. Por estas questões a pessoa pode manifestar perda de interesse na alimentação sendo necessária a monitorização por parte dos cuidadores e profissionais de saúde envolvidos.


 Torna-se fundamental a orientação fonoaudiológica quanto a Higiene oral, orientações durante e após a alimentação e assim ficar atentos a sinais de alerta:


·        Seguir as orientações que o fonoaudiólogo irá orientar, quanto a realização dos exercícios de lábio, língua e bochecha.


·        1) Higiene Oral:

·        A higiene oral deve ser realizada todos os dias, limpando bem a língua, céu da boca, bochechas, gengivas e dentes;

·        caso ela engasgue com a água, realizar a higiene oral com gaze enrolada no dedo ou espátula, umedecida com água;

·        Em caso de dentadura, retirá-la para limpeza;

·        A higiene oral é importante também para retirar partículas de alimentos da cavidade oral  que posteriormente o paciente pode aspirar.


·        2) Durante a alimentação:

·        O paciente deve estar bem acordado, confortável e posicionado sentado ou com a cabeceira do leito elevada o máximo para 90°;

·        Só usar a prótese dentária caso ela esteja firme, se ela estiver solta, retirá-la durante as refeições , caso contrário, procure um dentista para avaliar a possibilidade de fazer outra;

·        Oferecer o alimento sem pressa, aguardar o paciente engolir quantas vezes forem necessárias antes de oferecer a próxima colherada;

·        Caso sobrem restos de alimento na boca pedir para limpar com a língua e engolir;

·        A colher não deve estar muito cheia e nem muito vazia;

·        Usar apenas os utensílios recomendados pelo fonoaudióloga;

·        Caso apresente voz "molhada" pedir para raspar a garganta e engolir;

·        Em caso de tosse ou engasgo, parar a oferta do alimento e comunicar a fonoaudióloga;

·        Quando houver indicação do uso de espessante para alimentos e líquidos, seguir corretamente a indicação das proporções e quantidades;

·        Seguir corretamente a consistência e quantidade indicada pela fonoaudióloga para a oferta da dieta;

·        Seguir as manobras e posturas indicadas pela fonoaudióloga;

·        Evitar fatores distrativos como televisão, rádio, conversas com o paciente, entre outros.


·        3) Após a Alimentação:

·        Manter a cabeceira do leito elevada ou o paciente sentado por mais ou menos 45 minutos.


·        4) Sinais de Alerta:

·        Engasgos;

·        Tosse antes, durante e após a alimentação;      

·        Sensação de bolo parado na garganta;

·        Pigarro;

·        Febre de causa desconhecida                                    





   Neste árduo caminho que a pessoa com Alzheimer e suas famílias atravessam, o Fonoaudiólogo, pode ser um aliado para a reabilitação de capacidades que a pessoa tem vindo a perder, assim como para atuar preventivamente, de forma retardar o aparecimento de sintomas.


  A realização de exercícios diários de estimulação da cognição e da memória ajuda os doentes de Alzheimer a retardarem a perda das suas capacidades cognitivas e, consequentemente, a sua autonomia.



Até a próxima !



Maria Paula C. Raphael

CRFa 7364-RJ

Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Docente da AVM  Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação presencial e on-line, Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação e saúde.