A população idosa no mundo aumenta de forma
progressiva e no Dia Mundial da Doença de Alzheimer celebra-se em 21 de
setembro, prestando assim uma homenagem àqueles que, em todas as partes do
mundo, divulgam e sensibilizam para esta patologia.
A data tem como objetivo melhorar a prestação
de serviços a pessoas que sofrem de demência e aos seus cuidadores. e nos
conscientiza que a doença atinge cerca de dois milhões de pessoas só no Brasil.
A doença ataca o sistema nervoso e é
irreversível e não conhece barreiras econômicas, sociais, étnicas, raciais ou
geográficas e a idade em que a doença de Alzheimer começa a desenvolver-se é
muito variável e a sua evolução pode ser lenta ou rápida.
A doença de Alzheimer caracteriza-se, de uma forma resumida, por alterações neuropsicológicas com
predominância das perturbações de memória, linguagem, reconhecimento e da
escrita, assim como alterações do
comportamento, ansiedade, depressão, agressividade e alucinações.
É uma doença neurodegenerativa progressiva, com múltiplas etiologias e que
converge para a perda neuronal.
Está dividida em 3 estágios, Inicial (leve),
Intermédio (moderado) e Final (grave):
Geralmente o alerta é
dado com a presença das falhas de
memória, que familiares e amigos mais próximos detetam. No entanto, as
alterações podem ser tão subtis que a família atribui o esquecimento à idade. As alterações linguísticas (como afasia) e ao nível
da alimentação (como disfagia
e/ou a presença de apraxia bucofacial), são atividades da área de intervenção do
fonoaudiólogo.
A nível da Linguagem, a pessoa com Alzheimer começa a ter dificuldades na procura de alguma palavra durante o
discurso espontâneo e, quando solicitada, apresenta dificuldade em nomear objetos e ações. A conversação mostra-se vazia ao nível do conteúdo, em parte
porque a amnésia reduz a
quantidade de informação disponível e também porque as alterações semânticas
apenas permitem um pensamento
concreto. Além destas alterações evidencia-se também uma fraca capacidade de manter um mesmo tópico de
conversação e alterações ao nível da compreensão. Apesar de a leitura
em voz alta se mantenha até fases mais avançadas, a compreensão da leitura altera-se
precocemente. Em alguns casos a comunicação verbal se faz de forma muito
restringida, chegando mesmo ao mutismo. Por isso é muito importante:
- · manter a comunicação direta com a pessoa com DA,
- · contato visual constante,
- · falar de forma clara e objetiva, explicando tudo que for realizar, oferecer, etc.
- · Use sempre frases motivacionais, elogie tudo que conseguir realizar;
- · estimular com sons, músicas, diálogos que ela goste e assuntos do dia a dia, coisas que estão acontecendo naquele exato momento.
- · privilegiar as vias sensoriais, é um excelente estímulo, olfato, paladar, tato, audição e visão.
- · E não esqueça jamais, de respeitar o tempo da pessoa, cada dia é um dia diferente.
As alterações na Alimentação começam a aparecer quando, para pessoa com
Alzheimer, não faz sentido ingerir
alimentos. O não reconhecimento
dos alimentos aliado à dificuldade
em utilizar os talheres/copo podem levar a um risco de desnutrição e desidratação. Além disso, ocorrem frequentemente episódios de esquecimento de ingestão de alimentos
e de dificuldades de deglutição/mastigação.
Estas dificuldades aparecem pelo fato de permanecerem com o alimento na boca
por muito tempo sem saberem o que devem de fazer com ele e como o engolir. Por
estas questões a pessoa pode manifestar perda
de interesse na alimentação sendo necessária a monitorização por parte
dos cuidadores e profissionais de saúde envolvidos.
Torna-se fundamental a orientação fonoaudiológica quanto a Higiene oral, orientações durante e após a alimentação
e assim ficar atentos a sinais de alerta:
·
Seguir as orientações que o fonoaudiólogo irá
orientar, quanto a realização dos exercícios de lábio, língua e
bochecha.
·
1) Higiene Oral:
·
A higiene oral deve ser realizada todos os
dias, limpando bem a língua, céu da boca, bochechas, gengivas e dentes;
·
caso ela engasgue com a água, realizar a
higiene oral com gaze enrolada no dedo ou espátula, umedecida com água;
·
Em caso de dentadura, retirá-la para limpeza;
·
A higiene oral é importante também para
retirar partículas de alimentos da cavidade oral que posteriormente o paciente pode aspirar.
·
2) Durante a alimentação:
·
O paciente deve estar bem acordado,
confortável e posicionado sentado ou com a cabeceira do leito elevada o máximo
para 90°;
·
Só usar a prótese dentária caso ela esteja
firme, se ela estiver solta, retirá-la durante as refeições , caso contrário,
procure um dentista para avaliar a possibilidade de fazer outra;
·
Oferecer o alimento sem pressa, aguardar o
paciente engolir quantas vezes forem necessárias antes de oferecer a próxima
colherada;
·
Caso sobrem restos de alimento na boca pedir
para limpar com a língua e engolir;
·
A colher não deve estar muito cheia e nem
muito vazia;
·
Usar apenas os utensílios recomendados pelo
fonoaudióloga;
·
Caso apresente voz "molhada" pedir
para raspar a garganta e engolir;
·
Em caso de tosse ou engasgo, parar a oferta
do alimento e comunicar a fonoaudióloga;
·
Quando houver indicação do uso de espessante
para alimentos e líquidos, seguir corretamente a indicação das proporções e
quantidades;
·
Seguir corretamente a consistência e
quantidade indicada pela fonoaudióloga para a oferta da dieta;
·
Seguir as manobras e posturas indicadas pela
fonoaudióloga;
·
Evitar fatores distrativos como televisão,
rádio, conversas com o paciente, entre outros.
·
3) Após a Alimentação:
·
Manter a cabeceira do leito elevada ou o
paciente sentado por mais ou menos 45 minutos.
·
4) Sinais de Alerta:
·
Engasgos;
·
Tosse antes, durante e após a
alimentação;
·
Sensação de bolo parado na garganta;
·
Pigarro;
·
Febre de causa desconhecida
Neste árduo caminho que a pessoa com
Alzheimer e suas famílias atravessam, o
Fonoaudiólogo, pode ser um aliado para a reabilitação de capacidades que a pessoa tem vindo a perder,
assim como para atuar preventivamente,
de forma retardar o aparecimento de sintomas.
A realização de exercícios diários de
estimulação da cognição e da memória ajuda os doentes de Alzheimer a retardarem a perda das
suas capacidades cognitivas e, consequentemente, a sua autonomia.
Até a próxima !
Maria Paula C. Raphael
CRFa 7364-RJ
Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista
Ramain-Thiers, Docente da AVM Faculdade Integrada, cursos de pós
graduação (UCAM), Eventos em Educação presencial e on-line, Supervisora na
Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de
educação e saúde.
Minha mãe tem 91 anos, diagnosticada com Alzheimer a 12 anos e a um ano vim morar com ela,pois se alimentava pouco, seletiva nos alimentos , e se hidratava mal.Eu passava o final de semana com ela e orientava a empregada,mas chegou um momento que não dava mais para ficar a distância.
ResponderExcluirConsegui uma melhora muito grande nesse ano,saiu da depressão, alimenta-se bem, pois dou alimentação variada e saudável. Aboli produtos industrializados.Toma sol diário, caminha e tem sempre um som onde ela está. Durante o dia o rádio, a noite televisão. Nunca mais teve infecção urinária,aumentou a variedade de alimentos ingestos e a quantidade de ingestão hídrica.Hoje ela tem Alzheimer mas com mais qualidade de vida , ela e nós familiares,eu e meu pai.