quarta-feira, 27 de março de 2013

Carga genética do autismo pode ser acumulada através das gerações



Autismo dos netos pode ser determinado por genes dos avós
Foto: Divulgação / Duo Comunicação e Marketing

Autismo dos netos pode ser determinado por genes dos avós  
Divulgação / Duo Comunicação e Marketing

LONDRES - Homens que são pais com mais de 50 anos aumentam os riscos de ter netos autistas. A conclusão é de um estudo do Instituto de Psiquiatria do King´s College de Londres, do Instituto Karolinska, na Suécia e do Instituto do Cérebro Queensland, na Austrália, que pela primeira vez mostra que os fatores de risco do autismo podem se acumular ao longo de gerações.

O estudo foi publicado na revista “JAMA Psychiatry” e usou registros nacionais para identificar 5.936 indivíduos com autismo e 30.923 saudáveis controles nascidos na Suécia desde 1932, com dados completos sobre os avós paternos e maternos, com idade na época da reprodução e detalhes de diagnóstico psiquiátrico.

Os pesquisadores descobriram que os riscos de autismo nos netos aumentava quanto maior a idade dos avós quando se tornaram pais. Homens que tiveram filhas aos 50 anos ou mais aumentavam os riscos de netos autistas em 1,79 vezes em relação aos que tiveram filhos entre 20 e 24 anos. Homens que tiveram filhos com 50 anos ou mais aumentavam esse mesmo risco em 1,67 vezes.

- Nós tendemos a pensar no aqui e agora quando falamos dos efeitos do ambiente no nosso genoma, mas pela primeira vez na psiquiatria mostramos que o estilo de vida de nossos avós pode nos afetar. É uma descoberta importante para entender a maneira complexa como o autismo se desenvolve - acredita o pesquisador Avi Reichenberg, do King's College e coautor do estudo.

- Já sabíamos que pais mais velhos eram um fator de risco para o autismo, mas o estudo vai além disso e sugere que os riscos para a condição podem ser acumulados por gerações - diz Emma Frans, a líder do estudo pelo Instituto Karolinska.

As causas do autismo são uma combinação de fatores genéticos e ambientais. O mecanismo por trás disso é desconhecido, mas pode ser explicado por mutações que ocorrem nas células do esperma, que se dividem ao longo do tempo e cada divisão é encarada como a possibilidade de uma nova mutação.

Pesquisadores testam droga que pode reverter sintomas do autismo



Uma droga que pode reverter o autismo está sendo, pela primeira vez, testada em crianças com a condição, revelaram os cientistas. Os estudos preliminares mostraram que a droga, chamada Suramina, que já é usada para tratar a doença do sono na África, corrige sintomas semelhantes ao autismo em ratos.

O medicamento tem como alvo um sistema de mensagem celular que produz uma resposta metabólica ao estresse. De acordo com a nova teoria, o autismo é fortemente ligado a esta via, conhecida como sinalização purinérgica. Os cientistas descobriram que a droga corrige 17 tipos de anormalidades ligadas ao autismo, em ratos geneticamente modificados, incluindo problemas de comportamento social, publicou o “Daily Mail”.

“Nossa teoria sugere que o autismo se deve ao fato de as células emperrarem em um modo defensivo metabólico e não se comunicam entre si com normalidade, o que pode interferir no desenvolvimento e na função do cérebro”, disse Robert Naviaux, professor de Medicina e codiretor do codiretor do Centro de Doenças Mitocondriais e Metabólica da Universidade da Califórnia.

Naviaux reconhece que a correção das anomalias nos ratos está muito distante de uma cura para os humanas, mas sinaliza que os pesquisadores se sentem encorajados o suficiente para por à prova este método com criança que apresentem aspectos do autismo, no próximo ano.

“Este processo se encontra nas primeiras etapas de desenvolvimento. Acreditamos que este enfoque, chamado terapia anti-purinergic, ou APT, ofereça um caminho novo, fresco e emocionante, que poderia conduzir ao desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos para tratar o autismo”, acrescentou.

Para o professor Naviaux, a eficácia impressionante da droga em camundongos pode pavimentar o caminho para uma classe completamente nova de anti-inflamatórios para tratar o autismo e outros transtornos.

Com doença degenerativa, aluno cria teclado virtual e conclui mestrado



Orgulhosa, a mãe de Claudio sempre garantiu educação e saúde ao filho (Foto: Luiza Carneiro/ G1) 
Orgulhosa, a mãe de Claudio sempre garantiu educação e saúde ao filho 
(Foto: Luiza Carneiro/ G1)
 
Superação é rotina na vida de Claudio Luciano Dusik, 36 anos. Nascido em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegrex, foi diagnosticado ainda quando criança com uma doença degenerativa. Passo a passo, venceu obstáculos até concluir com nota máxima, nesta terça-feira (26), o mestrado em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sulx. Em sua dissertação, mostrou como estudou e desenvolveu ao longo da graduação um teclado virtual, o Mousekey, que auxilia pessoas com limitação a escrever e se comunicar.

Claudio tem atrofia muscular espinhal (AME), doença que deforma o corpo e limita os movimentos. As impossibilidades causadas pelo transtorno, no entanto, nunca foram barreira para ele desistir. Desde cedo, a mãe Elisa Arnoldo acreditou na capacidade do filho de vencer os obstáculos e, praticamente, implorou para que escolas o aceitassem. “Com apenas cinco anos entrei em uma classe de primeira série e consegui me alfabetizar”, contou Claudio durante a banca, sentado em uma cadeira de rodas adaptada.

Teclado usa movimentos do mouse para formar sílabas e palavras (Foto: Thiago Cruz/UFRGS) 
Teclado usa movimentos do mouse para formar sílabas 
e palavras (Foto: Thiago Cruz/UFRGS)
 
Sem acessibilidade, ele passava os intervalos sozinho na sala de aula, pois estudava no primeiro andar e não conseguia descer as escadas para se juntar aos colegas. Ele lembra que só começou a ser aceito e a socializar com os estudantes na 3ª série. “Um professor criou um projeto chamado ‘ajudante do dia’. Foi ali que comecei a ter contato com as outras crianças. Eles me levavam para o pátio e adaptavam as brincadeiras para mim”, lembra, com naturalidade. Na amarelinha, Claudio ajudava a atirar as pedras. Já na corda, os amigos empurravam a cadeira de rodas, assim como no pega-pega. “O pega-pega era a minha brincadeira preferida. Eles me empurravam e muitas vezes caía. Não sabia se chorava pelos machucados ou de felicidade”, disse, arrancando risos de mais de 50 pessoas, entre conhecidos e desconhecidos, que assistiam a sua defesa.

Desenganado desde bebê, a previsão era de 14 anos de vida. As impossibilidades aos poucos foram se transformando em possibilidades para Claudio. Com o avanço da doença durante a graduação de psicologia e a perda do movimento das mãos, sentiu a necessidade de desenvolver algo onde pudesse continuar a escrever textos. Foi dali que surgiu a ideia do Mousekey. “Nos intervalos das aulas, ia para a biblioteca estudar informática”, relembrou. Com apoio da família, desenvolveu o teclado, que funciona principalmente pelo movimento do mouse e cliques, detalha o alfabeto, sílabas, pronomes e sílabas acentuadas.

Já no mestrado de educação, teve a oportunidade de estudar outros recursos e conhecer pessoas que, assim como ele, também enfrentavam dificuldades no aprendizado. Em um grupo de pesquisa com cinco deficientes físicos garantiu o entendimento dos recursos necessários para a melhoria do aplicativo. “A escrita vai além do contexto escolar. Ela entra no contexto social da pessoa. Estes sujeitos querem também participar da vida em comunidade e terem produtividade”, explicou. “Foi emocionante conhecer estas pessoas. E não somente vi que estava ajudando, mas também percebi que, por muito pouco, não estava ali trancado também. Tenho um orgulho enorme”, emocionou-se.

Dusik tem doença generativa (Foto: Thiago Cruz/UFRGS) 
Dusik tem doença generativa (Foto: Thiago Cruz/UFRGS)
 
Atualmente, atua como funcionário da Secretaria de Educação e, agora mestre da área, quer continuar na carreira de professor. Na UFRGSx, auxilia alunos no curso de Educação à Distância e divide a rotina entre o trabalho e os estudos. Nos próximos meses irá apresentar a dissertação em um congresso de acessibilidade no México, ao lado da orientadora, a doutora em educação Lucila Maria Costi.

A mãe Elisa é só elogios. “Tenho seis filhos. Uma delas morreu no ano passado e a outra tem a mesma doença que o Claudio. Estou muito orgulhosa e sempre busquei todos os recursos para eles, seja na saúde ou na educação”, disse ao G1.

Em Esteiox, um grupo de amigos se reuniu para assistir ao vivo, em um telão, a banca de Claudio. Para o futuro, planeja patentear o produto e especializar-se ainda mais em um doutorado. “Quero escrever p-o-s-s-í-v-e-l nas histórias de prováveis impossíveis”, finalizou a apresentação garantindo aplausos, em pé, dos admiradores.

Software com animação gráfica auxilia alfabetização de crianças autistas

Imagem: Ufam
Tartaruga será personagem principal do software
Tartaruga será personagem principal do software
 
 
Projeto desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas(Ufam) abre novas perspectivas para inclusão escolar da criança autista. Trata-se da criação de um personagem vitual, uma tartaruga falante que dá dicas de língua portuguesa, auxiliando na alfabetização. Lina é o nome do personagem do software que está sendo desenvolvido.

Criado pela aluna Alice Neves, o método usado foi o Teacch, sigla em inglês que significa Tratamento e Educação de Crianças Autistas e de Comunicação Relacionados a deficientes físicos método cria e organiza uma agenda com todas as atividades diárias da criança, das mais básicas, como horário para tomar banho até as aulas de português para alfabetização.

A finalização está prevista para maio de 2013 e serão necessários mais três meses de testes com crianças para verificação da aceitação. Somente após essa etapa, o software passará por adaptações a fim de que possa ser acessado em desktop e tablet.

Após ser exposto no 4° Encontro Internacional de Pesquisa em Design, no Rio de Janeiro, o ' Lina Educa' , nome o qual o projeto leva, teve grande procura de pais e terapeutas, que levou os responsáveis a inscrever o projeto no Programa de Tecnologia Assistiva (Viver melhor/Pró-assistir).

Com informações da Fapeam

terça-feira, 26 de março de 2013

Lei do DF proíbe cobranças extras em matrícula de alunos com autismo

Do UOL, em São Paulo 

Foi publicada nesta terça-feira (26) no Diário Oficial do Distrito Federal a lei n° 5.089, que proíbe a cobrança de valores adicionais na matrícula ou mensalidade de estudantes com síndrome de Down, autismo e transtorno invasivo do desenvolvimento.

Segundo o texto, sancionado pelo governador Agnelo Queiroz, a lei visa garantir o ingresso e a permanência dos estudantes nas instituições de ensino. A lei institui ainda que as instituições de ensino devem estar preparadas para receber o aluno especial, com "corpo docente qualificado para tal" sem que isso implique gastos extras para o aluno especial. Educação especial Em 2012, foram matriculados 820,4 mil alunos na educação especial em todo o Brasil. 

O número é 9,1% maior do que os matriculados em 2011. Os dados são do Censo Escolar da Educação Básica, divulgado pelo MEC (Ministério da Educação). 

O ensino fundamental concentra as matrículas da educação especial: 610 mil alunos, a maior parte deles em escolas públicas (79,6%). Na educação especial, cresceu o número de alunos estudando em escolas comuns. Em 2012, 620,7 mil estudantes estavam em classes comuns -- 11,2% mais que em 2011. Outros 199,6 mil alunos estavam em classe especial ou escola exclusiva, número 3% maior do que o de 2011.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Escola em BH quer separar com muro alunos deficientes de outros alunos

Os alunos conviviam no mesmo ambiente, mas uma decisão recente das diretorias das duas escolas incomodou muitos pais de estudantes com deficiência. É que foi aprovada uma proposta de divisão do prédio escolar para atender as instituições. Muros e grades vão separar os alunos especiais dos que não têm deficiência. 


Jogar games uma hora por dia ajuda a ‘treinar’ o cérebro

Games: Jogar uma hora por dia já é o suficiente para treinar determinadas habilidades cognitivas, diz estudo
Games: Jogar uma hora por dia já é o suficiente para treinar determinadas 
habilidades cognitivas, diz estudo (Thinktock)
 
Jogar videogame durante uma hora todos os dias já é o suficiente para surtir efeitos positivos na cognição de uma pessoa. Mas, de acordo um estudo da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, o hábito treina o cérebro apenas em relação a tarefas cognitivas específicas que são exigidas em cada jogo. Os resultados da pesquisa foram publicados nesta quarta-feira no periódico PLoS One.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Enhancing Cognition with Video Games: A Multiple Game Training Study

Onde foi divulgada: periódico PLoS One

Quem fez: Adam C. Oei e Michael Patterson

Instituição: Universidade Tecnológica de Nanyang, Singapura

Dados de amostragem: 75 jovens de 21 anos em média

Resultado: Jogar um determinado jogo de videogame durante uma hora, cinco dias por semana e ao longo de um mês, já é suficiente para melhorar o desempenho em habilidades cognitivas específicas que são exigidas nesses jogos.


Segundo os autores do estudo, embora trabalhos anteriores tenham observado que jogos de ação beneficiam a cognição, esta é a primeira vez em que uma pesquisa mostra que diferentes tipos de jogos - e não só os de ação - podem melhorar habilidades cognitivas distintas.

O estudo selecionou 75 pessoas com uma idade média de 21 anos que foram distribuídas em cinco grupos. Cada grupo foi orientado a jogar, em um smartphone, um tipo de jogo durante uma hora por dia. Entre os jogos, havia tanto os de ação, como um em que era preciso encontrar objetos escondidos em um curto espaço de tempo, mas também de outros tipos, como aqueles que consistiam em, por exemplo, combinar três objetos idênticos ou jogar algo parecido com o The Sims.

Desempenhos - Antes e depois do período em que os participantes deveriam passar jogando os games, eles realizaram testes que avaliaram diversas capacidades cognitivas de cada um. De acordo com os resultados, as pessoas melhoraram seu desempenho especificamente nas tarefas que eram exigidas nos jogos. Por exemplo, as pessoas que jogaram desafios de ação melhoraram a sua capacidade de rastrear objetos em um curto espaço de tempo. Aquelas que se dedicaram a jogos em que era preciso combinar três objetos semelhantes, por sua vez, melhoraram a atuação em testes de memória visual.

Segundo as conclusões do estudo, portanto, o videogame não parece provocar uma melhora em todas as habilidades cognitivas, mas sim das capacidades exigidas nos jogos. “No geral, esses resultados sugerem que muitas melhorias cognitivas relacionadas aos jogos provavelmente não se devem ao treinamento de sistemas cognitivos gerais, como o controle da atenção, por exemplo, mas sim devido a processos cognitivos que acontecem durante o jogo”, escreveram os autores.

domingo, 17 de março de 2013

O autismo na era da indignação

por LUIZ FERNANDO VIANNAESPECIAL PARA A FOLHA
 
No filme "As Chaves de Casa" (2003), de Gianni Amelio, Nicole (Charlotte Rampling) diz a Gianni (Kim Rossi Stuart) como percebeu que ele, embora negasse, era o pai de Paolo (Andrea Rossi), um adolescente com deficiências físicas e intelectuais: pela vergonha estampada em seu rosto. A vergonha é um sentimento que também não abandona quem tem um filho com autismo --eu tenho um, de 12 anos. 


Se antigamente o deixaríamos trancado em casa, para não expô-lo (e não nos expormos) aos olhos da sociedade, hoje nos esforçamos para levá-lo à praia, ao cinema, às compras e, sobretudo, à escola. Mas a vergonha está, com frequência, na nossa cara, porque na cara dos outros à volta estão o desconhecimento, o desconforto, ou pior, o escárnio, o nojo. 


Antes (e ao lado) da vergonha, vêm o luto e a culpa. Depois vem a indignação. Essa divisão esquemática não sobrevive ao crivo de nenhum psicólogo ou psiquiatra. Não tem problema: uma coisa que um pai de autista aprende logo é a se lixar para certos crivos. Assim como nossos filhos, temos um mundo bem particular. 


Joel Silva/Reprodução/Folhapress
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"

Quem ri de nós ou faz cara feia costuma ser alvo de iras avassaladoras. É o que anda acontecendo. Se vivemos numa era em que tudo é motivo de indignação (no Facebook, nas conversas pelo celular, nas mensagens anônimas nos sites de notícias, nos programas matinais de rádio, nas revistas semanais, às vezes até em praças públicas), também queremos, em nome dos filhos que tanto amamos, nosso quinhão de gritos. A ONU legitima os que poderemos dar no próximo 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. 


SÍNDROME

Um resumo sobre o autismo: ele se caracteriza por problemas na comunicação (mesmo as pessoas verbais têm fala atípica e dificuldade para expressar ideias e sentimentos); na socialização (possibilidade de mal-estar em meio aos outros, pouco contato visual e compreensão por vezes precária das conversas); e no comportamento (padrões repetitivos e movimentos estereotipados, como balançar o corpo). É uma síndrome, um conjunto de sintomas, não exatamente uma doença. No Brasil, não há qualquer estatística, mas pesquisas em outros países apontam para algo como um autista em cada cem habitantes. Você não sabe ou não quer saber, mas tem um aí ao seu lado.

Percebi que meu filho poderia estar nesse quadro da maneira que a maioria dos pais percebe: em função do atraso na fala. Aos dois anos, seu vocabulário era muito pequeno e pouco funcional. Depois de uma romaria por terapeutas, processo sofrido e também usual, o diagnóstico foi fechado quando ele contava quatro anos. 


Por vício de repórter, que costuma encarar missão dada como missão cumprida, fui apurar o que era necessário fazer para, digamos, resolver a questão. Descobri que o buraco era tremendamente profundo. E que a questão nunca se resolve, é para sempre. Ao menos não fiquei patinando no luto, que é aterrador. O diagnóstico significa o desmoronamento das habituais fantasias acerca de filhos e um xeque-mate na própria vida. Do luto à luta leva tempo. 


Há dois meses, em seu blog no site da Folha (assimcomovo ce.blogfolha.uol.com.br), o jornalista Jairo Marques chamou os autistas de "povão tchubirube", entre outras brincadeiras.

Centenas de pais protestaram junto ao jornal e nas redes sociais. Não vou dizer que gostei dos termos, mas, talvez por conhecer Jairo e saber que ele jamais teria um gesto preconceituoso, não me incomodei. Embora compreensível, a reação foi exagerada. 


É diferente do quadro "Casa dos Autistas", que a MTV apresentou em 2011, com Marcelo Adnet e outros fazendo --com um alcance, multiplicado pelas sucessivas postagens do vídeo na internet, muito maior do que o de um jornal--, a propaganda do bullying, do escárnio. Participei do movimento que levou a emissora, mesmo com relutância, a se retratar. Jairo riu, não escarneceu. E humor que anda na linha não é humor. Mas humor que agride quem não pode se defender tampouco o é.

Passamos por algo muito pior no final de 2012. Em 14 de dezembro, Adam Lanza, de 20 anos, matou 20 crianças e seis mulheres numa escola da cidade de Newtown, em Connecticut, nos Estados Unidos. Antes, matara a própria mãe em casa. E, depois de dar por concluído o massacre, atirou em si mesmo. 


Seu irmão Ryan disse que Adam era "meio autista". A frase correu mundo, esteve em primeiras páginas e despertou nos meios de comunicação um interesse por investigar as relações entre autismo e matanças em série. Os resultados ficaram entre a frustração das pautas, por inexistência de tais relações, e a disseminação do preconceito, por ignorância de quem resolveu tratar do assunto.

Dois dias após a chacina, o "Domingão do Faustão", programa da Globo cujo repertório de atrações já é habitualmente nefasto, dedicou longos minutos a uma entrevista de seu apresentador com uma desastrada psicóloga que, mesmo sem desejar, conseguiu misturar Síndrome de Asperger (forma branda de autismo que era, acredita-se, um dos diagnósticos de Lanza) com psicopatia. A indignação dos pais, preocupados com mais esse estigma sobre seus filhos, virou uma onda que desaguou em outras reportagens, agora mostrando o absurdo da mistura. 


A emissora promete tratar do assunto na próxima novela das 21h. Aguardamos com atenção e esperançosos, pois pode ser uma ótima forma de divulgação e esclarecimento. 


LEI BERENICE

Foi num gesto contra o preconceito e o isolamento que a presidente Dilma Rousseff sancionou, em 27 de dezembro do ano passado, a lei nº 12.764/12, conhecida como Lei Berenice Piana, em homenagem à mãe de Itaboraí (RJ) que tanto batalhou pelo projeto que pode beneficiar seu filho e milhares de outros. 


A nova lei dá direito a atendimento especializado e obriga o Estado e as entidades privadas a garantir o acesso à educação e ao mercado de trabalho, dentre outros direitos. Escolas e planos privados de saúde não poderão rejeitar pessoas com autismo, e estas terão como reivindicar prioridade no atendimento. O gestor escolar que recusar a matrícula de um aluno com deficiência pode receber multa de 3 a 20 salários mínimos. 


Os pais e profissionais que defendem o ensino especial (por acharem que os alunos aprendem mais assim e ficam protegidos de bullying, argumentos sérios que devem sempre ser levados em conta) vêm se queixando de uma desvalorização dos trabalhos voltados diretamente para autistas. Mas a redação da lei não impede que as escolas especiais continuem a existir. O que não tem havido é incentivo público a essa ala da educação, opção que precisa continuar a ser debatida.

Mais urgente é a criação de uma política pública para o autismo. O Estado brasileiro praticamente ignora o assunto. E o passo inicial é simples: propagar pelo país a experiência da Casa da Esperança, de Fortaleza, referência internacional em atendimento a autistas. O que vemos, no entanto, é a casa lutando para não fechar as portas, pois a prefeitura da capital cearense retarda o repasse das verbas do SUS. A maioria dos autistas não vota, então não interessa aos donos do poder. 


E quem somos esses agora indignados, os pais? Por muito tempo, fomos os vilões responsáveis pelo autismo dos nossos filhos. 


A síndrome começou a ser descrita na década de 1940 pelo norte-americano Leo Kanner (1894-1981) e pelo austríaco Hans Asperger (1906-80), cada qual em seu continente. Não havia, naquela época, condições de pesquisa que permitissem a médicos e psicólogos saber o que sabemos hoje: o autismo é fundamentalmente genético, embora, ao contrário da síndrome de Down, ainda não seja possível isolar os genes causadores, pois são incontáveis, e seus funcionamentos variam muito de acordo com a combinação entre eles. 


Resulta que o chamado "espectro autista" é amplo: dos casos severos, com comprometimentos absolutos, aos de alto funcionamento, que podem desenvolver sofisticadíssimos softwares no Vale do Silício. E há os savant, aqueles que têm facilidade extrema para alguma atividade específica, como a matemática para Kim Peek, o americano que inspirou o filme "Rain Man" --e que tinha enormes prejuízos em outros campos. Meu filho está no TID-SOE (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem Outra Especificação), a larga faixa entre os extremos. 


FRIEZA

A psicanálise assumiu, já em meados do século passado, a hegemonia nas interpretações sobre o autismo. E, então, como não poderia deixar de ser, a culpa sobrou para os pais. Mais especialmente, para as mães, cuja suposta frieza causaria o problema. 


Bruno Bettelheim (1903-90), psicólogo norte-americano nascido na Áustria, cunhou a expressão "mãe geladeira". E chamou os autistas de "fortaleza vazia". As duas imagens, temos certeza hoje, são falsas e estúpidas. Ele e seus seguidores defendiam que os filhos fossem afastados das mães para que se cogitasse alguma evolução. O mal que Bettelheim fez a gerações de pais jamais será sanado.

Parece haver um lugar, no entanto, em que suas ideias continuam sendo respeitadas e a psicanálise permanece hegemônica quando o assunto é autismo. Esse lugar é a França. 


Ao menos, é o que tenta provar Sophie Robert nos 51 minutos de seu filme "Le Mur" ("O Muro"). Concluído em 2011, o documentário continua sofrendo fortes críticas de psicanalistas franceses, e sua exibição em cinemas e na TV foi vetada, mas é facilmente encontrado --e muito acessado-- no YouTube. Três dos psicanalistas entrevistados estão processando a diretora, alegando que tiveram suas falas deturpadas. 


É mais correto supor que a edição foi capciosa, selecionando o que de pior eles devem ter dito. Sophie Robert não demonstra, nas conversas, a agressividade de um Michael Moore, que nem sequer simula equilíbrio na feitura de seus documentários, mas não contemporizou na montagem dos depoimentos. Denuncista, o filme é uma colagem de declarações assustadoras, feitas por discípulos tardios de Bettelheim que, embora digam atender autistas, não aparentam ter a mais vaga ideia do que seja conviver com eles. 

Joel Silva/Reprodução/Folhapress
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"

O problema é que pessoas como essas não vivem em cativeiro na França. Estão soltas por aí. A primeira terapeuta à qual levei meu filho tinha um consultório chique no Leblon (zona sul do Rio), com divã tradicional e tudo. Durante mais de um ano, ela se recusou a dar um diagnóstico, pois dizia que essa era uma questão restrita ao relacionamento com o cliente, no caso uma criança pouco verbal de três anos de idade. Afirmava que seu papel era estimular o inconsciente do meu filho a aflorar. E que o autismo era um tipo de psicose (absurdo sepultado nos anos 1970, quando ela devia estar na faculdade). De quem era a culpa de tudo? Dos pais, que brigavam muito. 


No seu maniqueísmo, o filme de Robert acompanha dois adolescentes: Julien, que não avançou por ter ficado submetido à psicanálise, e Guillaume, que progrediu por ser tratado com os métodos comportamentais, principalmente o programa de exercícios ABA (Applied Behavior Analysis, ou análise comportamental aplicada). Ao reduzir assim um universo tão amplo (não há um autista igual a outro), a diretora comete um grande erro e faz propaganda enganosa. 


A linha comportamentalista predomina nos países anglo-saxões, sobretudo nos Estados Unidos. Consiste numa série de práticas visando à integração social a partir da repetição, do reforço das convenções, da orientação sobre o que se pode ou não se pode fazer. Por um lado, o trabalho garante, se bem-sucedido, a adequação às regras da convivência. Por outro lado, parte do princípio de que existem cânones a ser cumpridos e que cada pessoa deve se adequar a eles, em vez de ter suas características peculiares compreendidas. 


Voltando a um exemplo pessoal, a segunda terapeuta de meu filho era comportamentalista. A substituição foi propositalmente radical. Ela atendia numa clínica de Botafogo (também zona sul, mas com um PIB bem inferior ao do Leblon) e estava sempre elegante, o que levou minha irmã a chamá-la de "Barbie terapeuta". Não se sujava, embora trabalhasse com crianças, porque ficava sempre numa mesa diante delas, fiel às regras do programa ABA. No caso de meu filho, queria, por exemplo, ensiná-lo o que era amarelo, azul, vermelho, mas na abstração, sem casar as cores com nada que fizesse parte do cotidiano dele. Quando a paciência se esgotava, ele dizia "cocô" e se fechava no banheiro, fugindo da chatice inútil. 


VOZES

Sem querer também incorrer no erro do reducionismo, os extremos de que se falou até aqui refletem, a meu ver, o seguinte problema: como um dos pilares do autismo é a deficiência na comunicação, os discursos produzidos são, em sua quase totalidade, sobre a síndrome e sobre as pessoas afetadas por ela. Há disputas pelas representações do autismo: catastrofismo x esperança; educação especial x inserção escolar; psicanálise x comportamentalismo... É um grande alento quando surgem vozes, por assim dizer, de dentro do autismo. 


A que mais me impressionou em tempos recentes foi a de Carly Fleischmann, uma adolescente canadense que, após viver 11 anos fechada em si mesma, abriu-se para o mundo a partir do computador. Passou a escrever como ninguém supunha que ela pudesse. E começou, digitando, a falar de sua condição e a responder sobre autismo a quem a consulta. Na última vez em que vi, sua página no Face- book estava com 69.561 "curti". No site brasileiro em que descobri a história, o texto sobre Carly tem 113 mil compartilhamentos. 


É enriquecedor ver o curta-metragem "Carly's Cafe", feito a partir dos relatos dela. A câmera filma do ponto de vista de Carly, mostrando como uma pessoa com autismo é sensível a sons e outros estímulos, e como ela se frustra por não conseguir expressar o que quer. 


O inglês Mark Haddon não é autista, mas escreveu em 2006 um belíssimo romance, narrado por um adolescente que tem a síndrome. "O Estranho Caso do Cachorro Morto" [trad. Luiz Antonio Aguiar, Record, 288 págs., R$ 37,90] reproduz, inclusive com mapas e desenhos, como funciona a cabeça de um autista obcecado por cálculos e que segue seu raciocínio lógico para tentar descobrir quem matou um cachorro, fato do qual é suspeito. Dos muitos títulos dessa minibiblioteca temática que acabei formando, esse é um dos meus favoritos. 


Para quem vive próximo do tema, o caso paradigmático de sucesso é o da norte-americana Temple Grandin. 


Hoje uma senhora de 65 anos, Grandin foi uma criança condenada por médicos a passar a vida internada. Trilhou outro caminho graças, principalmente, à sua paixão por animais. Inventou o método menos sofrido --e largamente mais utilizado-- de abate do gado, que não percebe que vai morrer. Foi tema do belo ensaio que dá nome ao livro "Um Antropólogo em Marte" [trad. Bernardo Carvalho, Companhia das Letras, 352 págs., R$ 54], do médico e escritor inglês Oliver Sacks --a expressão do título é como Grandin define um autista. Escreveu em 1986, com o auxílio da jornalista Margaret M. Scariano, a autobiografia "Uma Menina Estranha" [trad. Sergio Flaksman, Companhia das Letras, 200 págs., esgotado]. Foi tema do filme "Temple Grandin" (2010), com Claire Danes em seu papel. E palestras suas estão disponíveis no YouTube. 


Aprendi lendo Grandin que mesmo os autistas pouco ou nada verbais entendem praticamente tudo o que é dito à sua volta. Passei a ser mais cuidadoso e a respeitar mais os longos silêncios do meu filho. 


O geólogo baiano Argemiro Garcia é uma referência no Brasil entre pais de pessoas com autismo. Coordena a maior lista de discussão sobre o tema na internet e, à frente da Afaga (Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista), participa de campanhas importantes. Em um texto inicialmente dirigido às mães, "Bem-vinda à Montanha-russa", ele afirma que é dispensável perguntar se nossos filhos serão como Temple Grandin. "Eu jamais vou conseguir ser como ela!", ressalta, antes de tocar num ponto fundamental para quem tem um filho com autismo: "Duvido que ele venha a se tornar um canalha. Isto, nunca ouvi falar que um autista fosse". Infelizmente, por não saberem mentir e manipular, ficam mais vulneráveis a canalhas mentirosos e manipuladores. 


Acho que é por isso que nos indignamos tanto quando ouvimos a palavra "autista" usada como ofensa --substituindo, por exemplo, "mongoloide" e "retardado mental", hoje não tão ouvidas, felizmente. Esse uso é muito comum entre políticos. E ninguém vai querer o diagnóstico do próprio filho na boca de um Renan Calheiros, de um Eduardo Cunha. Mas a estupidez é democrática: o adjetivo também já foi endereçado pelo intelectual Emir Sader a Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura. 


Por mais santa que seja a nossa ira, não somos policiais da língua. Temos que moderar nossa caça às bruxas. Escrevi várias vezes aqui a palavra "autista". Mas ela vem sendo banida dos discursos de pais e profissionais, que a consideram estigmatizante por transformar uma característica em algo que define totalmente a pessoa, nublando sua subjetividade. Pois imaginem se, num texto de 17 mil toques, eu tivesse de escrever sempre "pessoa com autismo". Prefiro mandar às favas o que vejo como preciosismo. 


O politicamente correto também quer nos forçar a dizer que é muito legal ter filhos com determinados problemas, como se isto nos tornasse seres humanos melhores. Quando vejo programas de TV sobre a família Kirton (um casal americano, John e Robin, e seus seis filhos autistas), fico me perguntando que tipo de fanatismo religioso impede dois adultos de parar de procriar se está claro que a combinação de seus genes é problemática. 


"Quando se tem filhos deficientes, é preciso suportar ouvir muita bobagem", escreve o francês Jean-Louis Fournier, pai de dois meninos com problemas genéticos (não autistas) em "Aonde a Gente Vai, Papai?" [trad. Marcelo Jacques de Moraes, Intrínseca, 160 págs., R$ 9,90], um livrinho que concilia, sem censuras, amor e humor. "Há também os que dizem: 'O filho deficiente é um presente dos Céus'. E não dizem isso como piada. Raramente são pessoas que têm filhos deficientes. Quando se recebe esse presente, dá vontade de dizer aos Céus: 'Ah, não precisava...'." 


Mesmo em forma de sarcasmo, é possível manter a alegria quando se tem algo como o autismo tão perto, tão dentro de você. Se não for assim, é impossível suportar. Mas não subestimem nossa ira. Somos mais incontroláveis do que nossos filhos. 

Fonte: Folha 


Ariel Goldenberg encontra Sean Penn

A grande campanha viral de Colegas não conseguiu trazer Sean Penn para o Brasil, mesmo assim os atores do filme nacional enfim realizaram o sonho de conhecer o ator hollywoodiano.

Na última sexta-feira (15), Ariel Goldenberg e a esposa Rita Pokk, também protagonista do longa, junto com a equipe da produtora Gatacine rumaram para Los Angeles e foram recebidos por Peen em sua mansão, localizada numa praia particular de Malibu.

“Foi tudo super maravilhoso! Parabéns, Ariel! Você conseguiu mais uma vez! Estamos muito felizes e emocionados!”, publicou o perfil oficial de Colegas no Facebook.

Carlos Cardinalli, amigo de Ariel que mora em San Diego e o acompanhou na viagem, contou como foi a experiência ao jornal Folha de S. Paulo:

“Nós batemos na porta com a cara e a coragem. Eu achava que era a maior roubada do mundo, que éramos loucos, mas ele [Sean Penn] nos atendeu porque já conhecia a campanha ‘Vem Sean Penn’ e foi superbacana com o Ariel. Penn o chamou para andar na praia e fez um churrasco para Ariel, que ficou muito feliz”.

Veja a foto do sonhado encontro:


O grupo deve retornar ao Brasil amanhã, dia 18. Portador da Síndrome de Down, Ariel Goldenberg declarou em entrevistas anteriores que decidiu virar ator após ter assistido Uma Lição de Amor (2001), filme em que Sean Penn interpreta um deficiente mental.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Projeto de lei Nº 1565/2012, que cria a função, no RJ, de Agente de Apoio a Educação (Mediador Escolar)

 
  1. O PROJETO DE LEI Nº 1565/2012, QUE CRIA A FUNÇÃO, NO RJ, DE AGENTE DE APOIO A EDUCAÇÃO (mediador escolar)
EMENTA:
CRIA NO QUADRO PERMANENTE DO PODER EXECUTIVO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO A CATEGORIA FUNCIONAL DE AGENTE DE APOIO À EDUCAÇÃO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Autor(es): PODER EXECUTIVO
A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

D E C R E T A :
Art. 1º Fica criada no Quadro Permanente de Pessoal do Poder Executivo do Rio de Janeiro a categoria funcional de Agente de Apoio à Educação, para atuação exclusiva no âmbito da Secretaria Municipal de Educação.

Parágrafo único. A composição numérica de cargos da categoria funcional criada por esta Lei corresponde a oito mil vagas para Agente de Apoio à Educação.

Art. 2º O ingresso no cargo de Agente de Apoio à Educação dar-se-á mediante aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, admitida a hipótese de certame de forma regionalizada para preenchimento de vagas distribuídas pelas Coordenadorias Regionais de Educação, consoante critérios e prioridades a serem estabelecidos pela Secretaria Municipal de Educação.Art. 3º As atribuições e especificações essenciais correspondentes à categoria funcional de Agente de Apoio à Educação encontram-se relacionadas no Anexo I desta Lei.Art. 4º A categoria funcional de Agente de Apoio à Educação estruturar-se-á nos padrões de escalonamento e vencimento-base constantes do Anexo II desta Lei.

Parágrafo único. Os valores constantes no Anexo II serão atualizados seguindo os mesmos índices e períodos aplicados aos reajustes concedidos aos servidores públicos municipais concedidos a partir de janeiro de 2013.

Art. 5º Ficam extintos, à medida que vagarem, os cargos da categoria funcional de Agente Auxiliar de Creche, criada pela Lei n.º 3.985, de 8 de abril de 2005.

Art. 6º Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar os procedimentos que se façam necessários em complemento à matéria de que trata esta Lei.Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


ANEXO I CATEGORIA FUNCIONAL
Agente de Apoio à Educação
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
Prestar apoio nas atividades executadas pelo Professor Regente e/ou Direção, contribuindo para o oferecimento de espaço físico e de convivência adequados à segurança, ao desenvolvimento e ao bem-estar social, físico e emocional das crianças/alunos, nas dependências das unidades de atendimento da Rede Pública Municipal, em especial, em unidades de Educação Infantil, em salas de aulas com alunos incluídos, Salas de Informática e Laboratórios de Ciências.

RESPONSABILIDADES GENÉRICAS
· manter-se atualizado quanto às modernas técnicas profissionais;· requisitar e manter o suprimento necessário à realização das atividades;
· zelar pela higiene e limpeza do ambiente e dependências sob sua guarda;· observar as condições de funcionamento dos equipamentos, instrumentos e bens patrimoniais, solicitando os reparos necessários, para evitar riscos e prejuízos;· zelar pelo uso racional e econômico e pela conservação dos equipamentos, materiais de consumo e pedagógicos pertinentes ao trabalho;· colaborar com o docente na observância de regras de segurança quando do atendimento às crianças/alunos e da utilização de materiais, equipamentos e instrumentos durante o desenvolvimento das rotinas diárias;· acompanhar e participar sistematicamente dos cuidados essenciais referentes à alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer das crianças/alunos;· participar de programas de capacitação corresponsável.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS
· colaborar com o Professor Regente e/ou Direção quando da execução das atividades propostas às crianças/alunos, interagindo com os demais profissionais da instituição;
· apoiar o processo de inclusão de aluno com deficiência;· colaborar com o Professor Regente e/ou Direção no desenvolvimento das atividades previstas no projeto político pedagógico da unidade escolar;· receber e acatar, criteriosamente, a orientação e as recomendações do Professor no trato e atendimento à clientela;· executar tarefas relativas à observação de registros e avaliação do comportamento e desenvolvimento infanto-juvenil, sob a orientação e supervisão do Professor Regente;· disponibilizar os materiais pedagógicos a serem utilizados nas atividades desenvolvidas pelo Professor Regente;· executar tarefas relativas à observação das alterações físicas e de comportamento;· colaborar na execução de atividades que visem à desestimulação da agressividade sob a orientação e supervisão do Professor Regente;· colaborar na estimulação da independência da criança/aluno, em especial, no que tange aos hábitos alimentares, de acordo com as orientações dos técnicos responsáveis;· responsabilizar-se pela alimentação direta das crianças/alunos dos berçários;· cuidar da higiene e do asseio das crianças/alunos sob sua responsabilidade;· acompanhar a clientela em atividades sociais e culturais programadas pela unidade;· executar outros encargos semelhantes, pertinentes à função.

QUALIFICAÇÃO INDISPENSÁVEL
Formação de Ensino Médio Completo.

CARGA HORÁRIA
40 horas semanais.

ALOCAÇÃO DO RECURSO HUMANO
Todas as Unidades da Educação Infantil e do Ensino Fundamental da Rede Pública da Secretaria Municipal de Educação. 


ANEXO II
PADRÕES DE VENCIMENTOS DA CATEGORIA FUNCIONAL DE
AGENTE DE APOIO À EDUCAÇÃO

CLASSE
TEMPO DE SERVIÇO
VENCIMENTO
(R$)
de 0 até 5 anos
917,68
mais de 5 até 8 anos
940,62
mais de 8 até 10 anos
964,14
Especial
mais de 10 anos
988,24

JUSTIFICATIVA
MENSAGEM N.º 223 DE 12 DE NOVEMBRO 2012
Excelentíssimo Senhor Vereador Presidente
Excelentíssimos Senhores Vereadores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
Dirijo-me a Vossas Excelências para encaminhar o incluso Projeto de Lei, que “Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Agente de Apoio à Educação e dá outras providências”.

A referida categoria funcional, a ser composta por profissionais com habilitação mínima em Ensino Médio completo, tem o escopo de prestar apoio nas atividades executadas pelo Professor Regente e/ou Direção, contribuindo para o oferecimento de espaço físico e de convivência adequados à segurança, ao desenvolvimento, e ao bem-estar social, físico e emocional das crianças/alunos, nas dependências das unidades de atendimento da Rede Pública Municipal, em especial, nas unidades de Educação Infantil, em Salas de Aulas com alunos incluídos, Salas de Informática e Laboratórios de Ciências de todas as Unidades da Educação Infantil e do Ensino Fundamental da Rede Pública da Secretaria Municipal de Educação.

Contando com o apoio dessa ilustre Casa Legislativa à presente iniciativa, colho o ensejo para solicitar, na forma do art. 73 da Lei Orgânica do Município, sua apreciação em regime de urgência.
EDUARDO PAES
Legislação Citada
LEGISLAÇÃO CITADA LEI N.º 3.985 DE 8 DE ABRIL DE 2005
Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional que menciona e dá outras providências.
Autor: Poder Executivo

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica criada no Quadro Permanente de Pessoal do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Agente Auxiliar de Creche.
Parágrafo único. O quantitativo numérico de cargos da categoria funcional ora criada é o correspondente a quatro mil vagas.
Art. 2º O ingresso no cargo de que trata esta Lei far-se-á mediante a aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, admitida a hipótese de promoção de certame de forma regionalizada para preenchimento de vagas distribuídas pelas diversas Coordenadorias Regionais de Educação, consoante critérios e prioridades a serem estabelecidos pela Secretaria Municipal de Educação.
Art. 3º As especificações essenciais correspondentes à categoria funcional de Agente Auxiliar de Creche são as constantes do Anexo I desta Lei.
Art. 4º A categoria funcional de Agente Auxiliar de Creche estruturar-se-á nos padrões de escalonamento e vencimento-base estabelecidos no Anexo II desta Lei.
Parágrafo único. A categoria criada consoante o art. 1.º desta Lei passa a integrar o Quadro de Pessoal de Apoio à Educação, sendo estendidos aos ocupantes da mesma os correspondentes benefícios.
Art. 5º VETADO
Art. 6º Ficam extintas as categorias funcionais de Agente de Apoio Escolar e de Agente Escolar, criadas pela Lei n.º 2.619, de 16 de janeiro de 1998, bem como as categorias funcionais de Agente Educador I e Agente Educador III.
Art. 7º As especificações da categoria funcional de Agente Educador II, criada pela Lei n.º 1.680, de 26 de março de 1991, passam a vigorar na forma do disposto no Anexo III da presente Lei.
Art. 8º Enquanto não houver a admissão oriunda do concurso para a categoria criada por esta Lei, ficam mantidas em funcionamento as creches no modelo atual.
Art. 9º Fica autorizado o Poder Executivo a regulamentar os procedimentos que se fizerem necessários em complemento à matéria de que trata a presente Lei.
Art. 10. VETADO
Art. 11. As despesas decorrentes desta Lei serão atendidas pelas dotações orçamentárias próprias do Poder Executivo conforme a devida previsão na Lei Orçamentária anual, ficando o Prefeito autorizado a abrir créditos suplementares e adicionais.
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


CESAR MAIA
ANEXO I CATEGORIA FUNCIONAL
AGENTE AUXILIAR DE CRECHE
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
Prestar apoio e participar do planejamento, execução e avaliação das atividades sociopedagógicas e contribuir para o oferecimento de espaço físico e de convivência adequados à segurança, ao desenvolvimento, ao bem-estar social, físico e emocional das crianças nas dependências das unidades de atendimento da rede municipal ou nas adjacências.

RESPONSABILIDADES GENÉRICAS
- manter-se atualizado quanto às modernas técnicas profissionais;
- requisitar e manter o suprimento necessário à realização das atividades;
- zelar pela higiene e limpeza do ambiente e dependências sob sua guarda;
- observar as condições de funcionamento dos equipamentos, instrumentos e bens patrimoniais, solicitando os reparos necessários, para evitar riscos e prejuízos;
- utilizar com racionalidade e economicidade e conservar os equipamentos, materiais de consumo e pedagógicos pertinentes ao trabalho;
- observar regras de segurança no atendimento às crianças e na utilização de materiais, equipamentos e instrumentos durante o desenvolvimento das rotinas diárias;
- acompanhar e participar sistematicamente dos cuidados essenciais referentes à alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer das crianças;
- participar de programas de capacitação co-responsável.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS
- participar em conjunto com o educador do planejamento, da execução e da avaliação das atividades propostas às crianças;
- participar da execução das rotinas diárias, de acordo com a orientação técnica do educador;
- colaborar e assistir permanentemente o educador no processo de desenvolvimento das atividades técnico-pedagógicas;
- receber e acatar criteriosamente a orientação e as recomendações do educador no trato e atendimento à clientela;
- auxiliar o educador quanto à observação de registros e avaliação do comportamento e desenvolvimento infantil;
- participar juntamente com o educador das reuniões com pais e responsáveis;
- disponibilizar e preparar os materiais pedagógicos a serem utilizados nas atividades;
- auxiliar nas atividades de recuperação da auto-estima, dos valores e da afetividade;
- observar as alterações físicas e de comportamento, desestimulando a agressividade;
- estimular a independência, educar e reeducar quanto aos hábitos alimentares, bem como controlar a ingestão de líquidos e alimentos variados;
- responsabilizar-se pela alimentação direta das crianças dos berçários;
- cuidar da higiene e do asseio das crianças sob sua responsabilidade;
- dominar noções primárias de saúde;
- ajudar nas terapias ocupacionais e físicas, aplicando cuidados especiais com deficientes e dependentes;
- acompanhar a clientela em atividades sociais e culturais programadas pela unidade;
- executar outros encargos semelhantes, pertinentes à função.

QUALIFICAÇÃO INDISPENSÁVEL
Formação de Nível Fundamental Completo
CARGA HORÁRIA
40 horas semanaisCARGA HORÁRIA
quarenta horas semanais, sendo:
I – trinta horas em atividades em classe;
II – dez horas nas atividades extraclasse, a saber:
a) duas horas de atividades coletivas;
b) oito horas de atividades individuais. ” (Redação dada pela Lei nº 5.361 de 4 de janeiro de 2012)

ALOCAÇÃO DO RECURSO HUMANO
Privativa das Unidades de Atendimento de Educação Infantil na modalidade de Creche da Rede Municipal 

ANEXO II
PADRÕES DE VENCIMENTOS DA CATEGORIA FUNCIONAL DE
AGENTE AUXILIAR DE CRECHE
CATEGORIA
TEMPO DE SERVIÇO
VENCIMENTO
3.ª Cat. De 0 a 05 anos R$ 315,66
2.ª Cat. Mais de 5 a 08 anos R$ 323,58
1.ª Cat. Mais de 8 a 10 anos R$ 331,64
Especial Mais de 10 anos R$ 339,96
ANEXO III CATEGORIA FUNCIONAL
AGENTE EDUCADOR II
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
Prestar apoio às atividades educacionais mediante orientação, inspeção e observação da conduta do aluno e atender à segurança de crianças e jovens nas dependências e proximidades das unidades escolares da rede oficial do Município. 

RESPONSABILIDADES GENÉRICAS
- manter-se atualizado quanto às modernas técnicas profissionais;
- requisitar e manter o suprimento necessário à realização das tarefas;
- zelar pela higiene e limpeza do ambiente e dependências sob sua guarda;
- observar as condições de funcionamento dos equipamentos, instrumentos e bens patrimoniais, solicitando os reparos necessários, para evitar prejuízos;
- utilizar com racionalidade e economicidade os materiais, zelando pelas instalações e equipamentos de trabalho;
- observar regras de segurança na utilização de materiais, equipamentos e instrumentos durante o desenvolvimento das tarefas;
- acompanhar as atividades livres e extracurriculares, zelando pelo bem-estar, saúde, educação, cultura, recreação e lazer dos alunos;
- participar de programas de capacitação co-responsável.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS
- orientar e informar às crianças, jovens e alunos quanto às regras, procedimentos, regimento e regulamento das unidades escolares;
- orientar a clientela quanto ao cumprimento dos horários, autorizando, aconselhando e acompanhando sua movimentação pelas dependências;
- observar o comportamento, manifestações, ouvir reclamações e analisar os fatos e as ocorrências envolvendo a clientela;
- prestar apoio às atividades acadêmicas e administrativas das unidades e, sempre que solicitado, no processo de avaliação dos alunos;
- manter atenção no acompanhamento e controle de entrada e saída de alunos, inclusive em atividades externas;
- auxiliar na organização do ambiente escolar, desempenhando atividades relacionadas à informação, registros individuais, controle de freqüência e outras atividades desenvolvidas pelos alunos;
- controlar o fluxo da clientela e de pessoas estranhas ao ambiente da unidade comunicando qualquer irregularidade no seu interior ou nas imediações;
- prestar primeiros socorros, providenciar resgate e auxiliar na travessia de vias e movimentação de deficiente físico;
- inspecionar os diversos ambientes da unidade, coibindo indisciplina, vícios e ações de risco à integridade física e de saúde dos atendidos;
- executar outros encargos semelhantes, pertinentes à função.

QUALIFICAÇÃO INDISPENSÁVEL
Formação de Nível Fundamental Completo

CARGA HORÁRIA
40 horas semanais

ALOCAÇÃO DO RECURSO HUMANO
Privativa às Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino

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