LONDRES - Homens que são pais com mais de 50 anos aumentam os riscos
de ter netos autistas. A conclusão é de um estudo do Instituto de
Psiquiatria do King´s College de Londres, do Instituto Karolinska, na
Suécia e do Instituto do Cérebro Queensland, na Austrália, que pela
primeira vez mostra que os fatores de risco do autismo podem se acumular
ao longo de gerações.
O estudo foi publicado na revista “JAMA
Psychiatry” e usou registros nacionais para identificar 5.936 indivíduos
com autismo e 30.923 saudáveis controles nascidos na Suécia desde 1932,
com dados completos sobre os avós paternos e maternos, com idade na
época da reprodução e detalhes de diagnóstico psiquiátrico.
Os
pesquisadores descobriram que os riscos de autismo nos netos aumentava
quanto maior a idade dos avós quando se tornaram pais. Homens que
tiveram filhas aos 50 anos ou mais aumentavam os riscos de netos
autistas em 1,79 vezes em relação aos que tiveram filhos entre 20 e 24
anos. Homens que tiveram filhos com 50 anos ou mais aumentavam esse
mesmo risco em 1,67 vezes.
- Nós tendemos a pensar no aqui e agora
quando falamos dos efeitos do ambiente no nosso genoma, mas pela
primeira vez na psiquiatria mostramos que o estilo de vida de nossos
avós pode nos afetar. É uma descoberta importante para entender a
maneira complexa como o autismo se desenvolve - acredita o pesquisador
Avi Reichenberg, do King's College e coautor do estudo.
- Já
sabíamos que pais mais velhos eram um fator de risco para o autismo, mas
o estudo vai além disso e sugere que os riscos para a condição podem
ser acumulados por gerações - diz Emma Frans, a líder do estudo pelo
Instituto Karolinska.
As causas do autismo são uma combinação de
fatores genéticos e ambientais. O mecanismo por trás disso é
desconhecido, mas pode ser explicado por mutações que ocorrem nas
células do esperma, que se dividem ao longo do tempo e cada divisão é
encarada como a possibilidade de uma nova mutação.
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