quarta-feira, 15 de julho de 2015

Envelhecimento e Estimulação Cognitiva e Motora



O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos nossos grandes desafios (Ministério da Saúde, 2005). Hoje, no Brasil, há cada vez mais pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, ou seja, possuímos um grande número de idosos, o que representa um grande avanço.

O envelhecimento populacional é uma realidade, isso significa um crescimento mais elevado da população idosa com a relação aos demais grupos etários. No caso brasileiro, pode ser exemplificado por um aumento da participação da população maior de 60 anos no total da população nacional. Além da mudança nos pesos dos diversos grupos etários no total da população, observou-se um aumento na proporção de pessoas que sobrevivem a idades mais elevadas (Camarano, 2006).

O Rio de Janeiro, por exemplo, é um dos estados que possuem grande números de idosos. Em alguns bairros como Tijuca, Flamengo e Copacabana, grande parte de seus moradores é constituída de idosos. Em Copacabana, por exemplo, a população de idosos é de, aproximadamente, 30%, média igual ou superior a qualquer país desenvolvido e de longa tradição de população idosa. O município do Rio de Janeiro tem aproximadamente quase 1 milhão de idosos.

O Professo de envelhecimento é comum praticamente a todos os seres vivos que, no seu transcorrer, provoca modificações de ordem somática e psíquica que determinam alterações da relação do individuo com o meio que o cerca. Em síntese, o envelhecimento pode ser entendido como um processo de redução da reserva funcional, sem comprometer, na quase totalidade dos mecanismos, a função necessária para as atividades do cotidiano. A existência de uma limitação funcional evidente, mesmo em um nonagenário, deve ser entendida, portanto, como o efeito de um processo fisiopatológico, portanto de uma doença mais do que uma evolução atribuível ao processo natural de envelhecimento (Jacob Filho, 2009)

Alterações fisiológicas estão associadas ao envelhecimento, há declínio físico, com alterações nos sistemas músculos esqueléticos, SNC, sistemas sensoriais, cardiorrespiratório etc. Há também alterações nas funções cognitivas no processo de envelhecimento, que irão variar de acordo com nível cultura, social e claro patológico. O declínio cognitivo afeta a qualidade de vida, autonomia e funcionalidade tanto quando o declínio físico.

Entre as perdas associadas ao envelhecimento que comprometem a qualidade de vida e funcionalidade podemos citar a capacidade de realizar duas tarefas ao mesmo tempo, em especial tarefas cognitivas associadas às tarefas motoras. A perda da capacidade de realizar duas tarefas ao mesmo tempo está associada às quedas e tantas outras complicações.  Isso ocorre quando há interferência entre as tarefas, ou seja, ambas competem pela mesma classe de recursos de processamento de informação no sistema nervoso central (SNC). Isso ocorre devido a déficits sensoriais e perceptuais, aumento do tempo de reação da resposta frente a estímulo, ou redução da habilidade de planejamento e seleção de estratégias motoras, principalmente quando é solicitada a associação a tarefas cognitivas; ou ainda a perda de memória de longo prazo e memória de trabalho.
A capacidade de raciocinar e decidir problemas, de perceber o mundo à sua volta, de compreender e aprender com as situações são fatores que viabilizam a interação e o relacionamento do homem com o mundo e seus elementos.
A realização de tarefas simultâneas é algo comum em nossas atividades diárias. Porém em alguns indivíduos como idosos podem ser algo difícil em função de seus mecanismos. As regiões do cerebelo são partes das redes executivas e desempenham papel na realização motora e de processamentos cognitivos. Com o processo de envelhecimento esta região pode apresentar dificuldades para controlar e executar as funções motoras e cognitivas corretamente. Andar conversando no celular, caminhar abotoando a camisa ou até mesmo olhar para sinal e atravessas a rua pode representar algo muito difícil e potencializar acidentes.
A estimulação cognitiva e motora (ECM) surge como uma possibilidade de melhorar a capacidade funcional, autonomia, equilíbrio, cognição, plasticidade neuronal e prevenção de quedas. Desenvolver atividades que possam estimular as atividades cognitivas e motoras deve fazer como parte de uma rotina de exercícios para os idosos.
A ECM é constituída de atividades que envolvem exercícios de dupla tarefa ou exercícios com tarefas simultâneas (cognitivas e motoras), Utilizando os princípios das neurociências, como a neuroplasticidade, que é a capacidade que o cérebro tem quando recebe estímulos de organização e/ou reorganização do sistema nervoso frente ao aprendizado, habituação e a lesão. A Estimulação consiste em uma serie de atividades de treinos das funções cognitivas associadas às respostas motoras. As atividades são destinadas a melhoria da funcionalidade e desempenho das atividades de vida diária. São utilizados os mecanismos de habituação e os princípios da especificidade. As atividades são especificas e variam de acordo com os objetivos e necessidades de cada idoso
No processo artigo estaremos abordando as técnicas e exercícios de estimulação cognitiva e motora aplicada a população idosa.


Anderson Amaral:

·         Membro da Associação Brasileira de Alzheimer  (ABRZ/RJ)
·         Professor do Curso de Cuidador de Idosos na Doença de Alzheimer(ABRAz/RJ) e da UnATI/UERJ
·         Professor de Estimulação Cognitiva e Motora do Grupo Renascer – Hospital Universitário Graffrée e Guinle / UNIRIO
·         Professor de Estimulação Cognitiva e Motora do CMS Dom Hélder Câmara
·         Professor do Projeto de Estimulação Cognitiva e Motora para Idosos da UFRRJ
·         Responsável pelo Setor de Estimulação Cognitiva e Motora do Hospital do Andaraí (projeto Viva Mais)
·         Coordenador do Setor de Reabilitação Funcional e Neurocognitiva da Fisiofit
Professor da Pós Graduação da Candido Mendes (AVM)

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