No contexto atual não cabe falar apenas de escola
inclusiva, mas, sim, de sociedade inclusiva. Isto se justifica na medida em que
a inclusão não se restringe apenas aos portadores de algum tipo de deficiência;
estende-se a todos que, de alguma forma, precisam ser incluídos (minorias
étnicas,...). No contexto brasileiro, observa-se que a escola, na maioria das
vezes, estrutura-se predominantemente para atender ao aluno ideal. Como
consequência, constrói-se no imaginário institucional e pedagógico protótipos
do que seja esse “aluno ideal”, e os alunos passam a serem classificados em
duas categorias, qualitativamente distintas: os ditos “normais” e os
“anormais”. Romper com essa visão dualista é o primeiro desafio a ser
enfrentado pelo professor. Um dado no mínimo curioso a ser acrescentado diz
respeito ao desconhecimento por parte dos alunos do Curso de Pedagogia a
respeito de algumas modalidades da Educação Inclusiva.
O atendimento pedagógico hospitalar, denominado Classe Hospitalar, é uma dessas modalidades “desconhecidas”. Vale destacar que os dados sobre as Classes Hospitalares são, ainda, de certa forma, incipientes.. A criança e/ou adolescente é um cidadão que tem o direito ao atendimento de suas necessidades e interesses mesmo quando está doente. Em termos da prática pedagógica da classe hospitalar, esta implica interligações dos diversos aspectos de sua realidade (a criança, a patologia, os pais, os profissionais da saúde, o professor) com a realidade fora do hospital (Fonseca, 2003). Tal prática implica, inclusive, maior atenção dos Cursos de Formação de Professores quanto as possibilidades de atuação e formação que emergem das demandas mais amplas da sociedade.
O atendimento pedagógico – educacional hospitalar contribui
para o reingresso da criança hospitalizada para sua escola de origem ou para o
seu encaminhamento a matrícula após a alta, uma vez que muitas delas, mesmo em
idade escolar, não frequentam a escola.
Os métodos, técnicas e estratégias pedagógico-educacionais
utilizados não só são benéficos para o desenvolvimento e aprendizagem das
crianças como repercutiam na diminuição do tempo de internação hospitalar
(Fonseca, 1996; Fonseca e Ceccim, 1999).
Deve-se considerar que o aluno da classe hospitalar não é
um doente agonizante, e uma criança ou adolescente numa etapa única e intensa
do desenvolvimento psíquico e cognitivo, capaz de responder quando se sente
enfraquecido e também de dizer quando necessita de maior estimulo e novas convocações
ao desejo de saber, de aprender, de recuperar-se e de curar-se (Fonseca, 1999).
Qualquer internação breve ou longa introduz nas vivencias
infantis o registro de afastamento ou exclusão do direito à vida. Não se pode
desconsiderar que o ser humano aprende a todo o momento. Até mesmo uma curta
permanência, de poucos dias ou poucas horas no ambiente de classe hospitalar
podem ser bastante relevante para o processo de desenvolvimento e o processo da
aprendizagem.
Dispor de atendimento de classe hospitalar mesmo que por um
mínimo de horas, o que talvez pareça não significar muito para uma criança de
escola regular, tem grande importância para uma criança hospitalizada. Ela pode
operar com suas expectativas e dúvidas, produzir conceitos e produtos subjetivos
de forma positiva, tanto para a vida escolar como para a vida pessoal,
desvinculando-se, mesmo que momentaneamente, do conteúdo penoso ou de dano
psíquico que a doença ou a hospitalização podem provocar.
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