sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Coluna do dia: Fátima Alves - Ah! O corpo em movimento


Ah! O corpo em movimento. Numa profunda sintonia rítmica, que nos faz cantar melodias e que nos levam a transformações. Denotando uma autonomia espontânea que acaba qualificando cada movimento realizado, levando a comportamentos que facilitam ideias, decisões e dão sentidos a existência deste corpo. Aprendemos a tirar este corpo de um casulo, sem que a casca seja destruída para continuar nos protegendo e assim criar asas para voar e mostrar onde podemos ficar e o que podemos usar. Usamos linguagens, muitas vezes linguagens silenciosas, mas não deixando de se comunicar para revelar os verdadeiros sentimentos e inúmeros pensamentos que nos levarão a vibrações fugazes, transmitindo inconfundíveis significados de cada interesse, de desejos, da inteligência e da compreensão de cada gesto. O corpo se reconhece, organiza-se para chegar a uma consciência, passando a ser o espelho da sua alma, entendendo suas pulsações rítmicas e as dilatações que vão traduzir e demonstrar toda a dimensão de cada comportamento, refletindo os encontros e desencontros para ser dito onde estamos falhando. Quando o corpo sofre alterações, recarrega através de desajustes, apresentando sintomas que o levará ao desamparo, nos fazendo a mudar a história de expressões, manifestações e da própria origem. Precisamos cuida-lo ou mesmo trata-lo quando for necessário. O corpo tem que dizer o que sente, ele é um lugar de expressões e precisamos permitir que sinta e interprete mostrando o que sente. Mesmo que seja a dor. A dor vai embora e no tempo certo será substituída por outras coisas. Precisamos desejar que sejam coisas boas. Todo corpo tem que aprender a partilhar, como também tem que correr riscos para representar o que faz bem e o que faz mal. Ele tem que declamar poesias através de cada gesto que o levará a cantar e caminhar gerações de sentimentos.

Ah! O corpo em movimento. Ele comunica, representa, conhece e decide aprender percursos que o levarão a compreender e interpretar cada reação desencadeada para fazê-lo crescer. Ele pode errar, pode ser modificado e revelar estes erros e estas modificações, levando a desvendar as reações silenciosas. Ele fala, ele dá sinais, desvenda, reage para proporcionar equilíbrio e assim dar significados e conforto as suas realizações que irão revelar e fazer projetar as emoções. Precisamos ser intencionais para mostrar nossas personalidades e observar as capacidades de concretização dos objetivos, da ousadia de sonhar e da ânsia em fazer o bem e assim amar incondicionalmente o próximo. Ele deve ser e se tornar uma fonte de inspiração para construção de conhecimentos, aprendizagens e conseguir demonstrar algo produtivo para o bem comum e trilhar numa estrada onde para aprender que conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria.

Ah! O corpo em movimento que leva as relações e consegue atravessar a fronteira do estranhamento, medindo a grandeza de cada sentimento, estimulando o tempo como uma possibilidade para o sujeito se potencializar na busca de um encontro com a vida. O corpo pulsa, vive das emoções que surgem acreditando no encontro consigo mesmo e levando a consciência de si, do outro e do mundo. Esse corpo existe, num sentido de existência. Se inscreve na cena imperativa da vida e inaugura como espaço e tempo para recordar várias reações vividas, sentidas e vistas como espetáculo de expressão e instrumento único para nunca ser esquecido. O corpo tem suas razões e é uma razão, uma multiplicidade de vários sentidos e sentimentos, que crê, dança, se mostra e que faz ressoar dentro de nós uma sustentação filosófica para forças irredutíveis, indo em busca de caminhos que levem a pensamentos e lembranças importantes em nossas vidas. O corpo busca anjos e faz das descobertas uma alegria celeste. Nos capacita para a arte de ouvir, nos sensibiliza para o respeito e nos faz perceber as lágrimas visíveis e as que nunca foram choradas. Precisamos cuidar e não ser descuidados, ter atitudes e atenção e nos responsabilizar e envolver o afeto naquilo que fazemos, para entender que a verdade é ser feliz e não se acomodar para achar que a infelicidade, é quase ser feliz. O corpo tem memórias. Não faz esquecer porque tem coração. Ele se ilumina com um sorriso ou um gesto inesperado. Traduz sempre em palavras seus sentimentos e envia para quem lhe faz bem e nunca se esquece que doces lembranças quando materializadas levam a momentos inesquecíveis.

Ah! O corpo em movimento. Ele acredita que nada existe sem amor, que ele pode mostrar o caminho a alguém, trazer paixão, fazer descobrir que seu coração não vive sem carinho. Se vê cercado de afeto e amor sólidos e duráveis, com ventos que sopram e conseguem levar um beijo carinhoso e eterno aos pensamentos para que quando existir uma distância não apague uma existência. O corpo mostra que o mundo está na emoção de muitas buscas e caminhadas. Nos faz aprender a caminhar por muitas vielas e faz as emoções emergirem da alma e agir, mostrando as possibilidades que tem e que podem ser criadas para transformar em pura sabedoria a existência de uma bondade, muito mais do que a maldade. O corpo leva a difusão do conhecimento e ao entendimento do sujeito com o seu meio abordando a atenção, para chegar a organização do pensamento. Dando qualidade a este corpo, conseguimos articular dimensões de corporeidade no processo de aprendizagem, um entrelaçamento entre corpo e subjetividade, facilitando o entendimento e a inter-relação de fatores internos e externos que capacitam e potencializam um ser criativo através da prática, buscando a funcionalidade desse corpo em movimento, promovendo o conhecimento dos aspectos neuromotores, cognitivos e subjetivos, atrelados ao desenvolvimento psicomotor infantil

Ah! O corpo em movimento que traz a psicomotricidade como alma para sua reestruturação, trazendo a tona sua essência e representação para um ser integral, enquanto corpo, alma e espírito. É uma expressão artística executando no palco da vida de passos cadenciados e que transmite sensações e sentimentos. Todo movimento deve permitir ao homem adorar-se e adorar o outro, a transformar e causar enormes sensações. Todo movimento é a interpretação de todos os passos e compassos da vida. O movimento interage, colabora e se expressa na construção de uma permanência da essência do ser em movimento na busca de habilidades que irão transformar cada ação numa expressão cheia de intelectualidade, verdade, consciência e intenção. O corpo é produzido para se adequar na construção de afetos e da existência humana.

Até a próxima!


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A coluna da Fátima Alves é publicada quinzenalmente.

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