sexta-feira, 19 de junho de 2015

O afeto corporal: uma união de expressão



       Aprender com o corpo, gerar afeto provê elementos para colocar o corpo em ação numa utilização consciente do ritmo. O ritmo por meio do movimento acerca das relações favorece o ensino e a expressão corporal, o que leva ao surgimento de várias abordagens por meio do movimento. Toda experiência leva a expressões através do movimento do corpo numa musicalidade, onde pouco a pouco, configura-se como prática de exercício de engajamento do corpo, mente e espírito em busca de todas as capacidades para atuar e desenvolver os aspectos cognitivos, afetivos e motores que se tornam presentes nas experiências. Essa abordagem realiza-se por meio do exercício corporal em todas as instâncias, das vivências, pela percepção cinestésica, numa vivência consciente entre o agir e o realizar ou experimentar, o que vai levar o sujeito ativo em relação às coisas, ao mundo.

          Os aspectos da cognição, afetividade e motricidade promovem aumento da atenção, capacidade primordial para começar aprender. Favorece e contribui para a construção de um conhecimento corporificado possibilitando a expressividade de cada sujeito criador. Esses aspectos levam a vinculação intrínseca ao corpo, por meio das emoções, da cognição e dos movimentos, criando organizações perceptivas e fazendo do movimento  um meio ideal para aprender por intermédio do movimento corporal e assim valorizando  a aprendizagem e apontando a possibilidade de se aprender de modo corporificado. A aprendizagem gera conhecimento corporificado que se fundamenta nas interações entre corpo, mente e ambiente, da experiência corporal, das capacidades sensório-motoras e das interações sócio-culturais que cada sujeito é levado a experimentar em atuações que serão muito importantes na formação dos conceitos de si mesmos.

          As emoções, os sentimentos, a imaginação, são capazes de oferecer ao sujeito, o raciocínio e à atenção, mostrando que o conhecimento está atrelado à cognição. Uma cisão entre à emoção e o corpo, a ciência, à razão e à mente. O afeto corporal faz o sujeito imaginar, apreciar, emocionar-se e sentir. Funções que levam à apreciação do belo, à construção de conhecimento e as funções cognitivas, como atenção, memória, raciocínio, preconizando um paralelismo entre o corpo e a mente. Este paralelismo conduz a uma compreensão adequada entre o pensar a realidade, ideias, a mente e o corpo, supondo uma integração dos estados corporais e mentais que tange aos afetos.  Afetos que sustentam pontos básicos de naturalização e racionalização do dualismo mente/ corpo, corpo/alma inerentes ao ser humano e que tem poder sobre as ações. Corpo e alma sustentados por Descartes como causas da paixão, paixão que para ele é ativada através dos movimentos. Paixões e afetos, uma proximidade que concebe corpo e mente que atribui uma relação de ideias claras e distintas numa construção da identidade e autonomia referendados ao progresso do conhecimento e das práticas de humanização que dignificam e levam a auto-imagem como a definição da própria identidade, no conhecimento e na valorização de si mesma.

          O corpo é perceptível e a percepção do corpo pela mente mostra a evolução do pensamento nas principais ações que tangem aos afetos, frutos de uma causalidade. A casualidade sem necessariamente procurar, já que o afeto constitui uma realização. Quando o corpo está no afeto é capaz de dialogar com pensamentos inovadores, transmutando a forma de enxergar o corpo e aquele que o habita. Sabemos que a essência de toda a ciência é compreender bem o seu objeto, demonstrando a subjetividade que o envolve, que pode ser um elemento paradigmático sobre a saúde humana, construído socialmente, perpassando ainda pelos aspectos culturais, econômicos e políticos, que levam a uma forma de conhecer os objetos e seus fenômenos, interligando modelos construídos pelo afeto, intervindo no equilíbrio físico, no psíquico, no social, no espiritual e que tomam por base o interesse pela união entre efetividade e afetividade. O corpo no afeto permite experiências em situações que vão permitir ganhar confiança nas próprias capacidades e que sejam vistas como pessoas com possibilidades que possam explorar novas situações endereçadas a um contexto comunicativo, afetuoso e respeitoso.

          Em função disso, notamos dentre outros motivos, a importância das relações sociais na construção da noção do eu e do outro, levando a refletir diferentes dimensões do ser na relação com as etapas necessárias do desenvolvimento. O corpo no afeto compõe o cotidiano das relações que estabelecem princípios e valores que promovem a reciprocidade entre os sujeitos e a construção da autonomia, denotando o ponto de partida para o progresso moral, intelectual e afetivo e que permite aumentar e muitas vezes atingir a inteligência e coerência. É interessante que  todos estejam  preparados para conseguir valorizar os elementos subjetivos dos sujeitos, abordar vários fatores concernentes à afetividade e romper muitas vezes com o enfoque tecnicista para ensinar e aprender. O corpo é definido em geral por suas relações de forças, forças em relações com outras forças que se destacam para mostrar o sujeito como ser do mundo.


          O afeto corporal numa união de expressão dá sentido no entremeio das coisas destacando a existência humana acompanhada da consciência e de atos explícitos de pensamento, fazendo o corpo ocupar um lugar e aprender para ver, sentir e fazer.

               Beijos e até a próxima!


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