O leite
materno beneficia um bebê de muitas maneiras. Ele proporciona o equilíbrio
correto de nutrientes, ajuda a proteger contra doenças e infecções, e,
possivelmente, ajuda com o desenvolvimento do cérebro. Além dos benefícios
nutricionais, imunológicos, emocionais e econômico-sociais, o leite materno também
tem efeitos positivos na saúde das crianças no que se refere aos aspectos
fonoaudiológicos, pois está diretamente relacionado:
*
ao
desenvolvimento craniofacial, quanto ao crescimento ósseo e a dentição;
*
à
importância da sucção durante o aleitamento materno;
*
ao
desenvolvimento das funções de respiração, mastigação, deglutição e articulação
dos sons da fala;
* ao
desenvolvimento motor-oral, com adequação dos órgãos fonoarticulatórios:
lábios, língua, mandíbula, maxila, bochechas, palato mole, palato duro,
musculatura orofacial e arcadas dentárias;
*
à
mobilidade, força e postura da musculatura orofacial e das estruturas ósseas;
*
ao
padrão adequado de respiração nasal e da postura adequada de língua. Neste
caso, os músculos da deglutição são estimulados adequadamente, aumentando o
tônus e promovendo a postura correta para futuramente exercer a mastigação.
Muitas das
características físicas do seu bebê são projetadas para ajudar a amamentação. A
mecânica da sucção exige o máximo de contato possível entre a língua do bebê e
maxilar, e do peito da mãe. Para maximizar o contato, então, a língua de um
lactente é grande em comparação com o tamanho da boca e as bochechas; além de
conter gordura e força suficiente para ajudar a manter a língua na posição
correta para a aspiração.
As vias
aéreas superiores do recém-nascido, através do qual o ar entra e sai dos
pulmões, também se apoiam na amamentação. E a epiglote, uma aba de tecido na
base da língua, que se eleva fechando as vias aéreas superiores, tocando o
tecido mole na parte de trás do céu da boca, possibilita que o percurso do
alimento desça pela traqueia naturalmente.
Esta
combinação de características anatômicas possibilita que o leite seja
direcionado direto para o esôfago. Este por sua vez leva o leite ao estômago,
reduzindo assim o risco de o leite a descer até a traqueia. Além disso, esta
combinação incentiva a criança a fazer o movimento de estender o pescoço, o que
traz a mandíbula para frente para maximizar o contato com o peito.
A linguagem
está diretamente relacionada a tudo isso, uma vez que o aleitamento materno
favorece também as necessidades afetivas da criança: maior tempo de
permanência da criança com sua mãe num contato muito próximo e íntimo. No
processo de aleitamento, a mãe acaricia, faz contato visual e conversa com seu
bebê, estimulando, dessa forma, ao desenvolvimento da linguagem e a relação que
o bebê irá estabelecer, socialmente, com o mundo.
Enquanto
mama, a criança produz diversos sons que mais tarde fará uso para iniciar os
balbucios: é o preparo às primeiras palavras para falar sendo privilegiado
nesta etapa. A experiência vivida e o contato corporal que o bebê tem consigo,
com as pessoas e com o meio, é o primeiro passo para o desenvolvimento da
linguagem. É através da experiência sensorial, os sentidos visuais, auditivos,
gustativos e táteis, que o bebê vai formando sua linguagem interna, fazendo
assim, associação de objetos ao seu uso e as pessoas às suas necessidades
pessoais, dando a eles um significado e estabelecendo as primeiras relações, criando
um contato mais forte que o bebê tem com a mãe, durante a amamentação. E é por
isso que a alimentação é uma fase muito importante para a estimulação da
linguagem.
Mas e quando
não é possível amamentar unto ao peito da mãe e se faz necessário o uso da
mamadeira?
Quando esta
situação ocorre, vale ressaltar: a posição correta da mamadeira durante a
amamentação deve ser mais verticalizada para a prevenção de otites (dor de
ouvido). O tipo de bico anatômico e o tamanho do furo são de suma importância
que sejam respeitados conforme venham de fábrica, pois eles fornecem
informações diferentes para a criança, mas mantém o esforço necessário, já que
ambos tentam se aproximar, ao máximo, do tamanho do furo e da forma do bico do
seio materno.
Muitas
mamadeiras encontradas no mercado não são indicadas, uma vez que a criança não
precisa fazer o mínimo esforço para se alimentar. Não havendo necessidade de
ocluir e pressionar o bico com movimentos coordenados de lábio, língua,
bochechas e mandíbula para a aquisição do alimento. E, consequentemente, não estarão
preparando a musculatura dos órgãos fonoarticulatórios para que, mais adiante, estes
estejam prontos para a produção e a articulação das palavras. Há o
favorecimento inadequado da atuação da língua no sentido de impedir a
introdução total do bico na boca, além disso, o controle do o fluxo de leite
empurra o leite para fora e não no sentido correto para engolir, o que pode
favorecer, mais tarde, a projeção de língua.
Não podemos
esquecer que cada uma destas etapas, vivenciada pela criança, prepara para que,
mais adiante, ela possa estar apta a receber alimentos pastosos e sólidos,
iniciando a função da mastigação.
Muitas vezes
as crianças rejeitam alimentos sólidos, por conta deste pequeno detalhe, pois
nesta transição, a musculatura e o aparato fonoarticulatório não foram
estimulados adequadamente. Portanto, atenção
pais, para essas pequenas dicas que se tornam essenciais e indispensáveis
para que a alimentação da criança seja adequada, proporcionando assim oportunidades
para o exercício da mastigação e estimulação oral, além de evitar problemas
futuros de fala e linguagem.
Maria Paula C. Raphael
CRFa1 7364
Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista
Ramain-Thiers, Fonoaudióloga e Supervisora de Fonoaudiologia do Projeto Escola
na SPB de 1991 / 1997, Docente da AVM Faculdade Integrada, cursos
de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação, Supervisora na Formação em
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário