Olá leitor
que me acompanha quinzenalmente nesta coluna. Voltando à nossa história com o
TEA, digo: uma separação nunca é fácil. Sim, uma separação e duas crianças com
deficiência (quase não uso o termo “especiais” afinal, ao meu olhar, todas as crianças
são especiais) é algo inimaginável e duro de viver. Passei por isso, e uma
mudança radical aconteceu em nossas vidas. Então é sobre isso que vou falar /
lembrar, resumidamente: uma tarefa difícil ainda!
Quando
realmente comecei a repensar minha vida depois do Autismo, e reavaliar a nossa
estrutura familiar, cheguei a triste conclusão que não adiantava nada meus
filhos terem as melhores equipes terapêuticas, a melhor escola, o melhor
professor de esporte e o nosso lar estar desestruturado, não por falta de amor,
ou tentativas de superação, mas por desentendimentos constantes.
Um dos pontos
mais difíceis da minha decisão foi deixar o Rio de Janeiro, lugar onde meus
filhos tinham muita estrutura em relação à saúde principalmente. Mas ficar era
insustentável emocionalmente para mim, já que eu não dava mais conta dos
desgastes vividos na relação conjugal. Eu precisava sair, partir e voltar.
Estava tudo muito confuso, eu sentia uma responsabilidade enorme e uma sensação
de fracasso também, afinal minhas tentativas não tiveram sucesso e o casamento
tinha acabado!
Antes e
durante todas tentativas sofri como qualquer mulher que já amou, idealizou e
sonhou com um casamento: um homem para o resto da vida, envelhecer juntos,
compartilhar alegrias e tristezas, afinal eu tinha 26 anos quando nos
conhecemos e fazia parte dos meus sonhos tudo isso.
Gostaria de
deixar claro que o casamento não acabou por conta do Autismo, não! Ao
contrário, a estrutura que adquirimos para cuidar de nossos filhos nos manteve
juntos e protelou a separação.
Uma amiga
querida e muito conhecida da comunidade azul, eu a chamo carinhosamente de
minha MÃE AZUL, em um encontro para um café da tarde, me disse assim: “Você caminha de mãos dadas com o seu amor
até a beira do abismo e se, mesmo assim, ele insistir em se jogar, você solta
as mãos dele e volta, seus filhos precisam de você!” E foi o que eu fiz. Deixei
de pensar muito e agi, pois não estávamos felizes!
Antes de
tomar definitivamente essa decisão, estava em um domingo assistindo o programa Fantástico,
aguardando ansiosa por uma matéria que mostraria a reabilitação de um garoto
com paralisia cerebral através do Surf. Ao ver a matéria fiquei entusiasmada,
vi uma possibilidade, já que um dos estímulos para Helena, na reabilitação
motora, sensorial, emocional, se dava através de esporte (fazia ginástica
artística e natação), e, claro, também seria benéfico para Tom que apresentava
melhor desenvolvimento.
Enquanto
estivemos juntos, o pai de meus filhos contribuiu como pode e do jeito que foi
ensinado a demonstrar afeto para sustentar emocionalmente nossa família. Esforçava-se
para que eu pudesse estar em todos os cursos, congressos, simpósios etc. Minha
mãe ficava com as crianças (ela vivia na ponte área Rio/São Paulo) com a ajuda
de “Manu” que colaborava com os cuidados diários em nossa casa e, claro também tinha
muito carinho e cuidado com Helena e Tom.
Muitas vezes
o meu tempo era só para pegá-los na escola, entrar em casa, dar banho, almoço e
correr para as terapias; e nisso Manu era o anjo nas nossas vidas, eu não
precisava me preocupar, ela deixava tudo pronto e preparava as crianças, o que
me possibilitava retornar um telefonema, um email para cliente (eu dava suporte
no escritório que tínhamos) e almoçar também.
Tudo isso
pesava em minha relação. Tudo isso pesou no momento de me separar! Mas não teve
jeito e, num ato de muita CORAGEM, segundo Nelson Mandela: “Coragem não é a ausência do medo, mas o
triunfo sobre ele” e RAZÃO, peguei
as crianças e parti para casa da minha mãe em São Paulo, de onde só sai para
buscar minha mudança muitos dias depois. Ainda sem a ‘ficha ter caído’ sobre a
realidade do fim de um casamento, agora eu precisava agir e recomeçar! Não
havia tempo para chorar mais.
E como foi
esse RECOMEÇAR? Eu conto na próxima coluna, lembrando que dia 18 de junho,
próxima quinta feira, é o DIA DO ORGULHO AUTISTA! É o momento em que mães e
pais demonstram mais AMOR, força, luta, coragem e fé por seus filhos. Não que
dia 18 seja apenas para este fim, pois somos isso o tempo todo, mas sim é MAIS
um momento para que cobremos das autoridades, políticas públicas relacionadas à
construção de CENTROS DE REFERENCIA em tratamento para pessoas com Autismo!
EU LUTO
PELA CLINICA ESCOLA DO AUTISTA e você?
Muitos
Abraços AZUIS a todos!
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