quarta-feira, 21 de março de 2012

Síndrome nunca foi problema para judoca com down; leia entrevista

POR SABINE RIGHETTI, DE SÃO PAULO

A rotina do judoca Breno Viola, do Flamengo, é pesada como a dos atletas desse esporte. "Às vezes, treino das 14h até meia-noite", diz. Diferentemente dos seus colegas de clube, ele tem síndrome de Down, mas isso nunca foi um empecilho.

 Filho de judoca, Viola começou a praticar o esporte aos seis anos. Em 2002, foi o primeiro judoca com down a ter faixa preta nas Américas.

"O judô ensinou ele a se defender. Antes ele chegava em casa chorando quando sofria bullying. Hoje ele reage", conta a mãe, Suely.

Aos 31 anos, Viola continua treinando e está descobrindo outras atividades, como comunicação e atuação.

Viola será um dos colaboradores do site Movimento Down, que será lançado nesta quarta-feira, Dia Mundial da Síndrome de Down. E em julho ele estreará em seu primeiro longa metragem, "Colegas", ao lado de atores como Lima Duarte. Acompanhe a entrevista à Folha.
Divulgação
Breno Viola, do Flamengo,se tornou o primeiro judoca com down a ter faixa preta nas Américas
 
Breno Viola, do Flamengo,se tornou o primeiro judoca com down a ter faixa preta nas Américas

Folha - Como você se tornou judoca?
Breno Viola - Meu pai era judoca e eu queria seguir o exemplo dele. Comecei a treinar em casa com um irmão mais velho que fazia judô. Aos seis anos eu comecei a praticar judô no Clube Flamengo. Hoje sou faixa preta. Em 2002 fui o primeiro faixa preta de judô das Américas com síndrome de Down.

O que você pretende dizer aos governantes que encontrará em Brasília na apresentação do site Movimento Down?
Vou apresentar o projeto Movimento Down e falar sobre ele. E vou dizer que os governantes deveriam se preocupar em incluir as pessoas com síndrome de Down na sociedade. Deve haver projetos de inclusão social.

Como é a sua rotina de treinamento?
Treino todos os dias, de segunda a sexta-feira. No final de semana eu descanso. Senão o corpo não aguenta! Às sextas-feiras eu gosto de curtir o baile funk aqui no Rio. Mas não vou sempre porque sou atleta e preciso cuidar da saúde.

Conte um pouco sobre o seu filme "Colegas", que vai estrear em julho.
O "Colegas" é o primeiro filme brasileiro com três atores com síndrome de Down no elenco. O diretor e roteirista, Marcelo Galvão, tinha um tio com down, por isso decidiu fazer o longa. Eu interpreto justamente o Márcio, tio dele, que sonhava em voar de balão. Os outros dois atores com down, que são um casal, têm outros sonhos.

As gravações duraram quase quatro meses: a gente começou no interior de São Paulo e passamos por Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Buenos Aires.

Foi muito bom gravar e atuar ao lado de artistas como Lima Duarte. Estou estudando mais teatro. Quem sabe faço outros longas.

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