Aos 19 anos, Jéssica Mendes de Figueiredo sente um misto de ansiedade e expectativa. Assim como a maioria dos jovens nesta idade, a menina está radiante com o novo status de caloura universitária. Na semana passada, ela começou a cursar fotografia no Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb). Em dois anos, Jéssica fará parte do pequeno grupo de brasileiros com síndrome de Down que possuem diploma de educação superior %u2014 atualmente são apenas sete, segundo o Ministério da Educação.
Dados do Censo de Ensino Superior elaborado pelo MEC apontam que há, atualmente, 2.173 alunos portadores de necessidades especiais matriculados em universidades, sendo 1.135 em instituições públicas e 1.038, em particulares. Porém, desse total, o ministério não sabe precisar quantos têm síndrome de Down. A pasta nem sequer tem programas específicos para esse público. As ações são majoritariamente voltadas à questão de acessibilidade.
Apesar da falta de políticas governamentais específicas, a nova rotina universitária não assusta Jéssica. Ela já cogita no futuro fazer uma segunda graduação, em moda %u2014 curso no qual também foi aprovada. Mas optou por fotografia desta vez, porque tem uma verdadeira paixão por imagens de natureza e paisagem. %u201CEspero que o curso seja dinâmico e que o professor goste de interagir com os alunos%u201D, diz a jovem. A mãe, Ana Cláudia, conta que a vontade de fazer vestibular partiu da filha. %u201CAcho que por ela ter estudado em um regime de ensino regular, sempre conviveu com esse ambiente já no colégio. Por isso se interessou muito em prestar vestibular%u201D, diz a professora.
Ana Cláudia ainda comemora o sucesso da filha, mas compartilha a ansiedade comum entre os pais cujos filhos acabaram de ingressar no ensino superior: %u201CAcredito que ela estará lidando com pessoas mais maduras, mas com certeza vai conquistar o espaço dela%u201D. O psicólogo Eduardo Rios, especialista em análise do comportamento, explica que o receio de Ana Cláudia é natural em todos os pais, e não se restringe àqueles que têm filhos com síndrome de Down. %u201CEles são comunicativos, sentimentais e amáveis. Isso colabora muito para a integração com os colegas%u201D, analisa Rios.
Na opinião de Marcos Mazzotta, membro fundador do Laboratório Interunidades de Estudos sobre Deficiências (Lide), da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), a principal barreira para a inclusão desse público é o estigma e a discriminação negativa. Realidade que Valéria Tarsia Duarte, mãe de Érica Duarte Nublat, 25 anos, fez o possível para evitar.
Valéria também enfrentou algumas dúvidas quando a filha decidiu cursar pedagogia no Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora de Fátima, no Distrito Federal. Segundo Valéria, uma das maiores preocupações era o lugar em que a filha estudaria. %u201CNão queria que fosse uma instituição grande e pouco acolhedora, como a Universidade de Brasília, por exemplo%u201D, relata. Érica acabou optando pela instituição que já conhecia, por ser parte do mesmo grupo do colégio em que havia concluído o ensino médio.
A preocupação com o acolhimento desses alunos não é exclusiva dos pais. Em fevereiro, Kalil Assis Tavares, 21 anos, foi o primeiro candidato com síndrome de Down a ser aprovado no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele vai cursar geografia. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFG, Dulce Barros de Almeida, a instituição já estava preparada para recebê-lo. %u201CTemos as sensibilidades necessárias. Inclusive, vou me reunir com os professores do curso de Kalil para verificar se eles precisam de apoio%u201D, adianta.
Capacitação
O caso da UFG, no entanto, é exceção. Segundo a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), Maria de Lourdes Marques Lima, um dos maiores problemas em termos de políticas educacionais para esse público é a capacitação dos professores, que ainda é muito desarticulada. O especialista da USP Marcos Mazzotta concorda: %u201CTemos que ter ações efetivas de formação dos professores, com enfoque especializado para dar esse suporte%u201D, afirma Mazzotta.
Na opinião do deputado federal Romário (PSB-RJ), conhecido pela militância do tema no Congresso Nacional, o Brasil precisa investir urgentemente em políticas inclusivas. %u201CAcho lamentável, por exemplo, o governo federal e o MEC não terem dados sobre esse tipo de deficiência%u201D, comenta o parlamentar.
Cromossomo
A síndrome de Down é uma alteração genética que ocorre pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, na fecundação do óvulo. Estudos apontam que mulheres a partir dos 35 anos têm uma maior probabilidade de gerar bebês com a deficiência. Como a síndrome se trata de uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré-natal utilizando diversos exames clínicos, como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do líquido amniótico, entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta).
Dados do Censo de Ensino Superior elaborado pelo MEC apontam que há, atualmente, 2.173 alunos portadores de necessidades especiais matriculados em universidades, sendo 1.135 em instituições públicas e 1.038, em particulares. Porém, desse total, o ministério não sabe precisar quantos têm síndrome de Down. A pasta nem sequer tem programas específicos para esse público. As ações são majoritariamente voltadas à questão de acessibilidade.
Apesar da falta de políticas governamentais específicas, a nova rotina universitária não assusta Jéssica. Ela já cogita no futuro fazer uma segunda graduação, em moda %u2014 curso no qual também foi aprovada. Mas optou por fotografia desta vez, porque tem uma verdadeira paixão por imagens de natureza e paisagem. %u201CEspero que o curso seja dinâmico e que o professor goste de interagir com os alunos%u201D, diz a jovem. A mãe, Ana Cláudia, conta que a vontade de fazer vestibular partiu da filha. %u201CAcho que por ela ter estudado em um regime de ensino regular, sempre conviveu com esse ambiente já no colégio. Por isso se interessou muito em prestar vestibular%u201D, diz a professora.
Ana Cláudia ainda comemora o sucesso da filha, mas compartilha a ansiedade comum entre os pais cujos filhos acabaram de ingressar no ensino superior: %u201CAcredito que ela estará lidando com pessoas mais maduras, mas com certeza vai conquistar o espaço dela%u201D. O psicólogo Eduardo Rios, especialista em análise do comportamento, explica que o receio de Ana Cláudia é natural em todos os pais, e não se restringe àqueles que têm filhos com síndrome de Down. %u201CEles são comunicativos, sentimentais e amáveis. Isso colabora muito para a integração com os colegas%u201D, analisa Rios.
Na opinião de Marcos Mazzotta, membro fundador do Laboratório Interunidades de Estudos sobre Deficiências (Lide), da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), a principal barreira para a inclusão desse público é o estigma e a discriminação negativa. Realidade que Valéria Tarsia Duarte, mãe de Érica Duarte Nublat, 25 anos, fez o possível para evitar.
Valéria também enfrentou algumas dúvidas quando a filha decidiu cursar pedagogia no Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora de Fátima, no Distrito Federal. Segundo Valéria, uma das maiores preocupações era o lugar em que a filha estudaria. %u201CNão queria que fosse uma instituição grande e pouco acolhedora, como a Universidade de Brasília, por exemplo%u201D, relata. Érica acabou optando pela instituição que já conhecia, por ser parte do mesmo grupo do colégio em que havia concluído o ensino médio.
A preocupação com o acolhimento desses alunos não é exclusiva dos pais. Em fevereiro, Kalil Assis Tavares, 21 anos, foi o primeiro candidato com síndrome de Down a ser aprovado no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele vai cursar geografia. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFG, Dulce Barros de Almeida, a instituição já estava preparada para recebê-lo. %u201CTemos as sensibilidades necessárias. Inclusive, vou me reunir com os professores do curso de Kalil para verificar se eles precisam de apoio%u201D, adianta.
Capacitação
O caso da UFG, no entanto, é exceção. Segundo a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), Maria de Lourdes Marques Lima, um dos maiores problemas em termos de políticas educacionais para esse público é a capacitação dos professores, que ainda é muito desarticulada. O especialista da USP Marcos Mazzotta concorda: %u201CTemos que ter ações efetivas de formação dos professores, com enfoque especializado para dar esse suporte%u201D, afirma Mazzotta.
Na opinião do deputado federal Romário (PSB-RJ), conhecido pela militância do tema no Congresso Nacional, o Brasil precisa investir urgentemente em políticas inclusivas. %u201CAcho lamentável, por exemplo, o governo federal e o MEC não terem dados sobre esse tipo de deficiência%u201D, comenta o parlamentar.
Cromossomo
A síndrome de Down é uma alteração genética que ocorre pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, na fecundação do óvulo. Estudos apontam que mulheres a partir dos 35 anos têm uma maior probabilidade de gerar bebês com a deficiência. Como a síndrome se trata de uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré-natal utilizando diversos exames clínicos, como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do líquido amniótico, entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta).
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