Esta
semana, no dia 28 de abril, comemorou-se o Dia Mundial da Educação e a Fonoaudiologia
presenteou gestores e educadores com o lançamento da Campanha Fonoaudiologia
Educacional do Sistema de Conselhos com a cartilha "Contribuições do fonoaudiólogo educacional para seu município e
sua escola", em que tive o prazer de participar, através do Fórum do
Conselho Regional de Fonoaudiologia 1, junto à madrinha da campanha, a
secretária de Educação, Ciência e Tecnologia de Niterói, Flávia Monteiro, além
da presença de outros gestores da área educacional.
Durante o fórum, pude ouvir depoimentos de diversos gestores
sobre a grande importância da presença de um profissional da fonoaudiologia nas
equipes pedagógicas e sua contribuição efetiva no entendimento dos processos de
aprendizagem ou na percepção sobre as reais dificuldades de aprendizagem. Diante
disso, eu comecei a me questionar sobre o porquê de nossa profissão – a
fonoaudiologia – ter praticamente se “extinguido” dentro das escolas? E
inicialmente, uma certeza: problemas políticos permeiam esse assunto... Sendo
assim, optei, por hoje, contar um pouquinho sobre a história da fonoaudiologia,
e o quanto estamos (ou deveríamos) estar também inseridos no campo educacional,
e não somente no campo da clínica, como muitos possam achar.
Há
décadas, muitas pessoas já se preocupavam com o ensinar a escrever, ler, falar;
também se preocupavam com problemas relacionados a linguagem oral ou escrita. Antes
conhecida e denominada como Foniatria, Terapia da fala, ou Logopedia; finalmente, na
década de 70, a Fonoaudiologia, em sua luta
pelo reconhecimento da profissão, tem a colaboração de grandes mestres com
embasamentos firmados em estudos científicos, sendo uma delas, Abigail Muniz Caraciki, cujo número de registro no Conselho Regional de Fonoaudiologia é
CRFa 1.
Esta
profissional, que muito me orgulho de, hoje em dia, poder trabalhar lado a
lado, muito nos ensinou a partir das restritas bibliografias de sua autoria,
nas quais tínhamos acesso, como referencias escritas em português, no meu tempo
de universitária (início de 1987). Já, neste momento, ela se posicionava quanto
ao trabalho preventivo e a preocupação com observações primordiais pertinentes
a áreas sensoriais (auditivas, visuais, etc.), na evolução e desenvolvimento da
criança, antes mesmo de “assinar e carimbar” um laudo, em muitos casos, rotulando
a criança com algum “possível distúrbio”, sem antes ter a total certeza. Ela já
nos alertava de que não trabalhamos sozinhos, mas sim em equipe, em uma equipe
multidisciplinar.
O curso
de Fonoaudiologia surgiu e se firmou também no mundo educacional, e as funções
relacionadas à profissão objetivaram-se no estudo da comunicação humana; sendo a função neurológica, a mais complexa que o sistema
nervoso pode processar, visando assim a melhora de todas a habilidades
comunicativas relacionadas a ela, tais como a linguagem oral e escrita, a
fluência, a comunicação alternativa e suplementares, a Libras, a cognição, a
função auditiva, a função vestibular (equilíbrio), a voz, as funções
estomatognáticas (sucção, deglutição e mastigação), entre outras.
E por ser, o fonoaudiólogo, um profissional da saúde, atuamos em
pesquisa, orientação, perícias, prevenção, avaliação, diagnóstico etc. A ciência da fonoaudiologia
baseia-se em referenciais teóricos e instrumentais nos campos de conhecimento
humano, principalmente da Medicina e tem duração
média de quatro anos, contendo as disciplinas básicas da área de
medicina, (Anatomia, Neuroanatomia etc.) psicologia
e pedagogia,
além de matérias específicas da área de física e
aulas de fonética e linguística.
Diante
disso, pode parecer que a Fonoaudiologia esteja relacionada somente a parte
clínica, onde se pensa apenas que lidamos com a avaliação dos déficits e
desvios de padrão supostamente considerados “normais”, para dai atuarmos na recuperação
de um sujeito “doente”.
O
fonoaudiólogo não só é um terapeuta da área de saúde, mas também, um educador,
preocupado com a filosofia humanística da educação, pois uma vez tendo conhecimento
das patologias prevalentes, principalmente referentes à aprendizagem, faz com
que esse lugar avance cada vez mais, em direção a importância de um trabalho
preventivo, a fim de se evitar o surgimento de “distúrbios” ainda na fase do desenvolvimento
infantil; pois, assim que uma criança ingressa em uma creche, já deveria estar
sendo observada por tal profissional, afim de orientar o desenvolvimento da
criança em colaboração com a equipe pedagógica, auxiliar, nutricional etc.
Desde a
entrada da criança na creche, há questões que poderão vir à tona e que serão
claramente perceptíveis ao profissional da fonoaudiologia: como a questão de
como se alimentar (e posicionar) corretamente um bebê; como em que momento se
oferecer a mamadeira para prevenir e evitar assim, possíveis otites, até
sistemas e métodos de alfabetização, auxiliando a parte fonêmica (consciência
fonológica) e inserindo exercícios com a fala, nas atividades rotineiras de
classe. Essas e outras questões podem desde colaborar para o plano pedagógico
global até identificar possíveis atrasos de linguagem, além de favorecer a
prevenção e a orientação da Voz do Professor e de outros profissionais.
Desde
que ingressei como docente nos cursos de Pós-Graduação na AVM Faculdades Integradas,
eu procuro falar da importância do professor, por ser ele, o primeiro
“mensageiro” de que algo pode não estar acontecendo como deveria, porém,
sabemos que não cabem a eles terem os conhecimentos sobre tudo que diz respeito
a problemas pertinentes a outras profissões, como a Fonoaudiologia, mas o “olhar
diferenciado” desses profissionais que, por amor a profissão, vem buscando,
cada dia mais outros conhecimentos, especializando-se em outras áreas para qualificar
seu trabalho junto aos alunos.
Diante
da demanda e de tantas cobranças que são “depositadas” no âmbito escolar, os
professores tem se tornado assim primordiais, e são os primeiros “indicadores”
que alertam e orientam os pais e os responsáveis em busca de ajuda
profissional. No entanto, sabemos que, se ao seu lado (do professor) estivesse
um fonoaudiólogo, pais, responsáveis, equipe pedagógica poderiam, juntos, intervir
precocemente em determinados comportamentos considerados ‘destoantes’ ou ‘fora do
padrão’ de seus alunos. Mas infelizmente, nem todos os professores tem a
oportunidade de conseguirem alcançar a atenção dos responsáveis precocemente, e
apenas quando já estão “instalados” possíveis problemas alterando o processo de
aprendizagem (linguagem verbal, leitura ou escrita), é que eles buscam o
auxílio de um profissional, muitas vezes exigindo assim o início de um atendimento
efetivamente clínico com a criança, e não mais preventivo.
Sendo assim, a atuação do Fonoaudiólogo Educacional
contemplaria ações de promoção da saúde, assessoria, orientação e identificação
de características e alterações na área de voz; linguagem; comunicação oral,
escrita e audição; tendo como público-alvo, alunos, professores, pais,
auxiliares em educação, demais profissionais que atuam no ambiente escolar e
gestores de instituições públicas e privadas, contribuindo assim com o processo de ensino-aprendizagem.
A cartilha integra as ações da Campanha Fonoaudiologia
Educacional a que poderão ter acesso no link abaixo. Divulguem essa ideia,
entreguem a publicação a um gestor ou educador, pois, como o slogan da campanha
diz: “As mudanças na educação também passam pela Fonoaudiologia”, a Educação de
qualidade agradece!
Até a próxima !
Maria Paula C. Raphael
CRFa1 7364
Fonoaudióloga,
Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Fonoaudióloga e Supervisora de
Fonoaudiologia do Projeto Escola na SPB de 1991 / 1997, Docente da
AVM Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em
Educação, Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers,
Palestrante em eventos de educação.
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