Para as pessoas com deficiência física, as dificuldades para a inclusão escolar vão além das salas de aula. Nem sempre o deslocamento é simples para quem necessita de cadeiras de rodas. E embora as adequações para garantir a acessibilidade sejam questões simples como corrimões, rampas e banheiros adaptados, estes recursos nem sempre estão presentes. Porém, a situação está mudando em todo o país.
Paraplégica, mas nem por isso fora da escola
O dia a dia da pequena Ana Carolina Felisbino não é fácil. Vítima de paralisia cerebral, causada pela falta de oxigenação durante o parto, a menina de apenas 11 anos é paraplégica e muda. Mas as deficiências não a impedem de levar uma vida escolar quase normal.
Ela é uma das 260 crianças com necessidades especiais na rede de ensino de Jaraguá do Sul e tem uma rotina mais cheia que as outras estudantes do 5º ano na escola municipal Albano Kanzler. Ana precisa de acompanhamentos por fonoaudiólogas junto a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), assim como sessões de fisioterapia e hidroterapia, de segunda a sexta-feira, para garantir que os músculos não atrofiem.
“Ela é incentivada e estimulada a participar de todas as atividades, mesmo sem poder escrever”, conta a mãe adotiva, Lindamir Felisbino. “Ela nos surpreende bastante, não sabemos até que ponto vai a capacidade dela para acompanhar”, afirma, lembrando que a menina se sai muito bem na escola, dentro da sua capacidade.
E é visível a felicidade da jovem, capaz de se comunicar apenas com os olhos. “Os objetivos propostos ela tem cumprido sempre, estamos buscando um trabalho diferenciado para ela dentro do conteúdo que todos recebem no 5º ano”, explica a professora Adriana Nicolodelli. Mas as dificuldades não são poucas. Acompanhada por um estagiário da Prefeitura, Ana precisa de ajuda para se locomover dentro do espaço escolar, para compreender algumas das atividades, e para realizar os exercícios propostos em aula. “Nossa maior dificuldade é no começo de cada ano letivo ter que trocar o estagiário e explicar tudo novamente para quem assume a função”, comenta a mãe.
Atualmente, a função cabe a Josemar Sacks, aluno do terceiro período de Educação Física. “Eu acho que estou aprendendo mais com ela do que ela comigo”, conta o rapaz, de 18 anos. “O que eu faço é reforçar as explicações, cuidar da alimentação e do deslocamento dela, e faço alongamentos nela nas aulas. No geral tem sido uma experiência boa e produtiva. Ela é muito inteligente, sempre entende bem o que eu passo”, elogia.
A limitação física incorre em um obstáculo mais grave: a falta de adequação dos espaços públicos, restringindo a movimentação. “Nós lutamos por cinco anos para conseguir a adequação do espaço na escola Albano Kanzler, e ainda não é ideal”, conta a mãe. O problema não se restringe ao espaço escolar. “Tem dias que eu fico muito irritada com a falta de adequação, tem lugares onde não temos como passar, lojas que não podemos entrar porque não tem rampas, ou porque as rodas ficam presas”, critica.
Devido às limitações da flha, Lindamir teve que abandonar o antigo emprego, como recepcionista em uma clínica médica. Mas os contatos estabelecidos na antiga profissão a ajudaram entender as limitações e encontrar auxílio. “Ela é totalmente dependente, abri mão de muita coisa por ela, estava desnutrida e muito debilitada quando chegou”, relata.
Algumas escolas ainda são um problema
Segundo a gerente de Educação Especial da Secretaria de Guaramirim, Marja Prüsse Rebelato, prédios mais antigos, anteriores à legislação que garante a inclusão dos deficientes, não oferecem estrutura adequada. “Os prédios estão sendo reformados para contar com rampas e banheiros adaptados, para que a acessibilidade deixe de ser um problema”, explica.
O problema é comum em todo o país. “Sempre que somos informados de alguma dificuldade nesse quesito, não medimos esforços para sanar o problema, seja ele estrutural, ou uma falta de equipamento que prejudique a inclusão”, conta a gerente de Educação Especial de Jaraguá, Priscila Silveira Souza, ressaltando que atualmente não se tem conhecimento de queixas. O governo também se responsabiliza pela aquisição de andadores, cadeiras de rodas, cadeiras adaptadas e outros equipamentos para atender necessidades especiais.
No início deste mês, o vereador Justino da Luz (PT) fez um pedido de melhorias nas condições de acessibilidade das escolas de Jaraguá do Sul. Entre as reivindicações, está a instalação de pisos podotáteis (piso em alto relevo para orientação do deficiente visual), juntamente com medidas de adaptação nos banheiros e chuveiros para melhor atender alunos cadeirantes. “Temos muitas creches e escolas onde o acesso frontal não tem rampa, e em que os alunos deficientes precisam de ajuda para entrar. O que foi proposto é que seja elaborado um planejamento de acessibilidade junto ao Instituto de Planejamento, para resolver estas questões”, afirma. Mas segundo Priscila, essas modificações nem sempre são fáceis, pois muitas vezes falta até onde colocar rampas, por exemplo.
Em Corupá, a situação não é diferente. Segundo a gerente de Educação Especial, Marisa Kühl Judachewsky, a estrutura das unidades, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental, não foi pensada para os deficientes. Porém, o município tem se empenhado em fazer as adequações necessárias. “Já temos transporte adaptado para os cadeirantes, mas ainda está longe da perfeição e existe muito a ser feito em prol dos deficientes”, enfatiza Marja.
Fonte: Correio do Povo
Paraplégica, mas nem por isso fora da escola
O dia a dia da pequena Ana Carolina Felisbino não é fácil. Vítima de paralisia cerebral, causada pela falta de oxigenação durante o parto, a menina de apenas 11 anos é paraplégica e muda. Mas as deficiências não a impedem de levar uma vida escolar quase normal.
Ela é uma das 260 crianças com necessidades especiais na rede de ensino de Jaraguá do Sul e tem uma rotina mais cheia que as outras estudantes do 5º ano na escola municipal Albano Kanzler. Ana precisa de acompanhamentos por fonoaudiólogas junto a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), assim como sessões de fisioterapia e hidroterapia, de segunda a sexta-feira, para garantir que os músculos não atrofiem.
“Ela é incentivada e estimulada a participar de todas as atividades, mesmo sem poder escrever”, conta a mãe adotiva, Lindamir Felisbino. “Ela nos surpreende bastante, não sabemos até que ponto vai a capacidade dela para acompanhar”, afirma, lembrando que a menina se sai muito bem na escola, dentro da sua capacidade.
E é visível a felicidade da jovem, capaz de se comunicar apenas com os olhos. “Os objetivos propostos ela tem cumprido sempre, estamos buscando um trabalho diferenciado para ela dentro do conteúdo que todos recebem no 5º ano”, explica a professora Adriana Nicolodelli. Mas as dificuldades não são poucas. Acompanhada por um estagiário da Prefeitura, Ana precisa de ajuda para se locomover dentro do espaço escolar, para compreender algumas das atividades, e para realizar os exercícios propostos em aula. “Nossa maior dificuldade é no começo de cada ano letivo ter que trocar o estagiário e explicar tudo novamente para quem assume a função”, comenta a mãe.
Atualmente, a função cabe a Josemar Sacks, aluno do terceiro período de Educação Física. “Eu acho que estou aprendendo mais com ela do que ela comigo”, conta o rapaz, de 18 anos. “O que eu faço é reforçar as explicações, cuidar da alimentação e do deslocamento dela, e faço alongamentos nela nas aulas. No geral tem sido uma experiência boa e produtiva. Ela é muito inteligente, sempre entende bem o que eu passo”, elogia.
A limitação física incorre em um obstáculo mais grave: a falta de adequação dos espaços públicos, restringindo a movimentação. “Nós lutamos por cinco anos para conseguir a adequação do espaço na escola Albano Kanzler, e ainda não é ideal”, conta a mãe. O problema não se restringe ao espaço escolar. “Tem dias que eu fico muito irritada com a falta de adequação, tem lugares onde não temos como passar, lojas que não podemos entrar porque não tem rampas, ou porque as rodas ficam presas”, critica.
Devido às limitações da flha, Lindamir teve que abandonar o antigo emprego, como recepcionista em uma clínica médica. Mas os contatos estabelecidos na antiga profissão a ajudaram entender as limitações e encontrar auxílio. “Ela é totalmente dependente, abri mão de muita coisa por ela, estava desnutrida e muito debilitada quando chegou”, relata.
Algumas escolas ainda são um problema
Segundo a gerente de Educação Especial da Secretaria de Guaramirim, Marja Prüsse Rebelato, prédios mais antigos, anteriores à legislação que garante a inclusão dos deficientes, não oferecem estrutura adequada. “Os prédios estão sendo reformados para contar com rampas e banheiros adaptados, para que a acessibilidade deixe de ser um problema”, explica.
O problema é comum em todo o país. “Sempre que somos informados de alguma dificuldade nesse quesito, não medimos esforços para sanar o problema, seja ele estrutural, ou uma falta de equipamento que prejudique a inclusão”, conta a gerente de Educação Especial de Jaraguá, Priscila Silveira Souza, ressaltando que atualmente não se tem conhecimento de queixas. O governo também se responsabiliza pela aquisição de andadores, cadeiras de rodas, cadeiras adaptadas e outros equipamentos para atender necessidades especiais.
No início deste mês, o vereador Justino da Luz (PT) fez um pedido de melhorias nas condições de acessibilidade das escolas de Jaraguá do Sul. Entre as reivindicações, está a instalação de pisos podotáteis (piso em alto relevo para orientação do deficiente visual), juntamente com medidas de adaptação nos banheiros e chuveiros para melhor atender alunos cadeirantes. “Temos muitas creches e escolas onde o acesso frontal não tem rampa, e em que os alunos deficientes precisam de ajuda para entrar. O que foi proposto é que seja elaborado um planejamento de acessibilidade junto ao Instituto de Planejamento, para resolver estas questões”, afirma. Mas segundo Priscila, essas modificações nem sempre são fáceis, pois muitas vezes falta até onde colocar rampas, por exemplo.
Em Corupá, a situação não é diferente. Segundo a gerente de Educação Especial, Marisa Kühl Judachewsky, a estrutura das unidades, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental, não foi pensada para os deficientes. Porém, o município tem se empenhado em fazer as adequações necessárias. “Já temos transporte adaptado para os cadeirantes, mas ainda está longe da perfeição e existe muito a ser feito em prol dos deficientes”, enfatiza Marja.
Fonte: Correio do Povo
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