A ideia que a falta de um dos sentidos pode ser compensada por outro acaba de ganhar mais um reforço, graças a um estudo que mostrou que deficientes auditivos enxergam melhor que pessoas de audição normal. Pesquisadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, descobriram que os neurônios da retina dos surdos são distribuídos de forma diferente, aumentando seu campo de visão periférica. Isto lhes dá uma maior percepção sobre o que está acontecendo ao redor. A equipe também notou o alargamento de uma área do nervo óptico, o que mostra que os surdos têm mais neurônios transmitindo informações visuais.
A equipe analisarou a retina de adultos que nasceram surdos ou que ficaram surdos nos primeiros anos de vida. De acordo com Charlotte Codina, autora do estudo, embora todas as células da retina já estejam presentes desde o nascimento, nos primeiros anos de vida, elas não são localizadas exatamente onde precisam estar e podem se mover nos primeiros anos de vida.
Os surdos, em comparação com pessoas capazes de escutar, apresentaram menos neurônios direcionados para a visão central e mais deles para a visão periférica. “Parece que entre os surdos este padrão é mudado para facilitar a visão periférica. Provavelmente a conexão neural no nervo óptico é priorizada, já que não há competição para as informações auditivas”, disse Charlotte ao iG.
O estudo publicado no periódico científico Plos One é o primeiro a relacionar a surdez com mudanças na retina. “A retina deve ser mais plástica e interativa do que pensávamos e isto afeta a maneira como entendemos a visão”, disse. No entanto, como o estudo foi realizado apenas com pessoas que nasceram surdas ou perderam a audição ainda na infância, não se sabe ainda se a retina também se altera em adultos que ficaram surdos.
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