Há
diversas maneiras de criar listas. Podemos buscar tópicos e preencher
com conteúdo encontrado, revisões especializadas e que já foram
pesquisados por outros, ou podemos priorizar uma abordagem pessoal e
trazer uma perspectiva de indicação como a que fazemos para nossos
colegas e amigos mais próximos. A lista abaixo traz 6 séries
selecionadas por mim e baseadas em dois critérios únicos: eu as ter
assistido e serem realmente indicáveis do ponto de vista qualitativo e
psicológico.
O que eu quero dizer com isso é que os tópicos abaixo
estão longe de completar todas as séries do gênero. São elas uma
coletânea pessoal que deixo como quem empresta aquele livro adorado
porque quer que as pessoas queridas passem pela mesma experiência de
leitura. Espero que as dicas sejam úteis!
1- Six Feet Under
Apesar de não estar no catálogo da Netflix, não há como falar em séries que abordam a complexidade do comportamento humano sem mencionar com louvores Six Feet Under (A
Sete Palmos ou Sete Palmos de Terra). A série, criada por Alan Ball e
produzida pela HBO, certamente é uma das séries de maior aprofundamento
psicológico dos personagens que já foi produzida. Ao longo de 5
temporadas, conflitos familiares, de orientação sexual, racismo,
religião, escolhas de vida e, principalmente, a relação do homem com a
sua própria morte são apresentados com excelência. Detalhe, a família
que é o centro de toda a trama é dona de uma casa funerária. Se você
não tiver tempo de assistir mais nenhuma série e tiver que escolher
entre todas, que seja essa!
2- Bates Motel
Psicólogos
e amantes da psicologia ficarão com os queixos caídos ao acompanham a
relação entre mãe e filho nessa série que mostra a juventude de Norman
Bates, o personagem principal do filme Psicose de Alfred Hitchcock. A
relação simbiótica e sexualizada, a privação social, o comportamento
sociopata…um verdadeiro tratado de psicanálise.
3- Lie to me
“O
personagem principal, Dr. Cal Lightman (interpretado pelo ator Tim
Roth), é auxiliado por sua parceira Dr. Gillian Foster (Kelli Williams),
que juntos detectam fraudes, observando a linguagem corporal e as Micro
expressões faciais, e usam esse talento para assistenciar na obediência
às leis com a ajuda do seu grupo de pesquisadores e psicólogos. O
personagem Dr. Cal Lightman é baseado em Paul Ekman, notável psicólogo e expert em linguagem corporal e expressões faciais.”-
Não
dá para negar que o trabalho do protagonista no reconhecimento das
linguagens corporais é exagerado para padrões hollywoodianos, entretanto
a série nos faz pensar a cada minuto no quanto nós deixamos de observar
como deveriamos todas as mensagens que são transmitidas por nossos
interlocutores. Só isso já faz valer, mas para além disso, a trama é
deliciosa. Infelizmente a série foi cancelada e parou na terceira
temporada.
4- Dexter
“Baseada
na obra de Jeff Lindsay, “Darkly Dreaming Dexter”, a série tem como
protagonista um especialista forense em amostras de sangue, que trabalha
para o Departamento de Polícia de Miami.
Ele
também é um assassino serial que mata as pessoas que a polícia não
consegue prender. A dupla identidade tem de ser escondida de todos,
incluindo sua irmã e companheiros de trabalho.”
A
série Dexter tem uma fórmula e os capitulos giram em torno dela. É
necessário ter estômago para acompanhar o comportamento de assassinato e
esquartejamento que ele realiza com as vítimas. Para o espectador a
maior riqueza está em ver com clareza como o funcionamento cerebral e
julgamento moral de um sociopata é diferente. A pegada hollywoodiana,
muitas vezes, nos leva a sentir empatia com relação ao personagem- fato,
porém, questionável.
Quem assiste tem seus valores morais colocados em cheque o tempo todo.
5- Mad Man/ 6- Breaking Bad
Categorizo as duas séries, com enredos distintos, mas com comportamentos que levam o espectador à aspectos comuns….
“Em
ambas vemos um protagonista amoral que faz o que quer e sem peso na
consciência para atingir os objetivos almejados. Enquanto em Mad Man,
o publicitário galã abandona a família, vive na riqueza, bebe, não vai
ao trabalho e troca de mulheres (descartando as anteriores), sem nenhum
escrúpulo; em Breaking Bad, Walter, o protagonista, cria um laboratório
de metanfetamina para conseguir dinheiro rapidamente e prover a família
antes que morra de uma doença grave que o aflige e que, teoricamente,
justifica seus atos. Embora em ambos os casos haja algumas cenas de
aparente consciência parcial, elas são sempre infinitamente menos
relevantes que a busca do prazer imediato e realização dos desejos. Quem
segue Breaking Bad, por exemplo, percebe o prazer que o professor sente
ao assumir o poder, ao ter sua fórmula reconhecida pela qualidade e ao
“dar as cartas” em tudo o que segue fazendo.
Ao
assistir cenas de séries assim, o espectador projeta em seus
personagens a possibilidade de fazer o que bem quer e sair-se bem ao
mesmo tempo em que não tem que lidar com a consciência de usar pessoas
ou mesmo sentir culpa. Afinal, em algum momento vimos Walter sentir real
remorso por fornecer drogas e destruir vidas com isso?
No fim, a
projeção está relacionada com a não admissão ou aceitação de sentimentos
e comportamentos tidos como “menores” em si mesmo, sejam eles egoísmo,
ciúme, traições, ambição, indiferença ao próximo. Sendo assim, ou eu
culpabilizo ou admiro um outro pelos desejos que na verdade existem
dentro de mim.”
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