quarta-feira, 23 de novembro de 2016

6 séries para quem gosta de Psicologia e comportamento humano (5 são da Netflix)


Há diversas maneiras de criar listas. Podemos buscar tópicos e preencher com conteúdo encontrado, revisões especializadas e que já foram pesquisados por outros, ou podemos priorizar uma abordagem pessoal e trazer uma perspectiva de indicação como a que fazemos para nossos colegas e amigos mais próximos. A lista abaixo traz 6 séries selecionadas por mim e baseadas em dois critérios únicos: eu as ter assistido e serem realmente indicáveis do ponto de vista qualitativo e psicológico.

O que eu quero dizer com isso é que os tópicos abaixo estão longe de completar todas as séries do gênero. São elas uma coletânea pessoal que deixo como quem empresta aquele livro adorado porque quer que as pessoas queridas passem pela mesma experiência de leitura. Espero que as dicas sejam úteis! 

1- Six Feet Under

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Apesar de não estar no catálogo da Netflix, não há como falar em séries que abordam a complexidade do comportamento humano sem mencionar com louvores Six Feet Under  (A Sete Palmos ou Sete Palmos de Terra). A série, criada por Alan Ball e produzida pela HBO, certamente é uma das séries de maior aprofundamento psicológico dos personagens que já foi produzida. Ao longo de 5 temporadas, conflitos familiares, de orientação sexual, racismo, religião, escolhas de vida e, principalmente, a relação do homem com a sua própria morte são apresentados com excelência. Detalhe, a família que é o centro de toda a trama é dona de uma casa funerária.  Se você não tiver tempo de assistir mais nenhuma série e tiver que escolher entre todas, que seja essa!
 

2- Bates Motel

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Psicólogos e amantes da psicologia ficarão com os queixos caídos ao acompanham  a relação entre mãe e filho nessa série que mostra a juventude de Norman Bates, o personagem principal do filme Psicose de Alfred Hitchcock. A relação simbiótica e sexualizada, a privação social, o comportamento sociopata…um verdadeiro tratado de psicanálise.

3- Lie to me

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“O personagem principal, Dr. Cal Lightman (interpretado pelo ator Tim Roth), é auxiliado por sua parceira Dr. Gillian Foster (Kelli Williams), que juntos detectam fraudes, observando a linguagem corporal e as Micro expressões faciais, e usam esse talento para assistenciar na obediência às leis com a ajuda do seu grupo de pesquisadores e psicólogos. O personagem Dr. Cal Lightman é baseado em Paul Ekman, notável psicólogo e expert em linguagem corporal e expressões faciais.”- 

Não dá para negar que o trabalho do protagonista no reconhecimento  das linguagens corporais é exagerado para padrões hollywoodianos, entretanto a série nos faz pensar a cada minuto no quanto nós deixamos de observar como deveriamos todas as mensagens que são transmitidas por nossos interlocutores. Só isso já faz valer, mas para além disso, a trama é deliciosa. Infelizmente a série foi cancelada e parou na terceira temporada.

4- Dexter

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“Baseada na obra de Jeff Lindsay, “Darkly Dreaming Dexter”, a série tem como protagonista um especialista forense em amostras de sangue, que trabalha para o Departamento de Polícia de Miami.
Ele também é um assassino serial que mata as pessoas que a polícia não consegue prender. A dupla identidade tem de ser escondida de todos, incluindo sua irmã e companheiros de trabalho.” 

A série Dexter tem uma fórmula e os capitulos giram em torno dela. É necessário ter estômago para acompanhar o comportamento de assassinato e esquartejamento que ele realiza com as vítimas. Para o espectador a maior riqueza está em ver com clareza como o funcionamento cerebral e julgamento moral de um sociopata é diferente. A pegada hollywoodiana, muitas vezes, nos leva a sentir empatia com relação ao personagem- fato, porém, questionável.

Quem assiste tem seus valores morais colocados em cheque o tempo todo.

5- Mad Man/ 6- Breaking Bad

(L-R) Joan Harris (Christina Hendricks), Roger Sterling (John Slattery), Betty Draper (January Jones), Lane Pryce (Jared Harris), Pete Campbell (Vincent Kartheiser), Don Draper (Jon Hamm) and Peggy Olson (Elisabeth Moss) - Mad Men - Season 4 - Gallery - Photo Credit: Frank Ockenfels/AMC
Mad Man
Categorizo as duas séries, com enredos distintos, mas com comportamentos que levam o espectador à aspectos comuns….

“Em ambas vemos um protagonista amoral que faz o que quer e sem peso na consciência para atingir os objetivos almejados.  Enquanto em Mad Man, o publicitário galã abandona a família, vive na riqueza, bebe, não vai ao trabalho e troca de mulheres (descartando as anteriores), sem nenhum escrúpulo; em Breaking Bad, Walter, o protagonista, cria um laboratório de metanfetamina para conseguir dinheiro rapidamente e prover a família antes que morra de uma doença grave que o aflige e que, teoricamente, justifica seus atos. Embora em ambos os casos haja algumas cenas de aparente consciência parcial, elas são sempre infinitamente menos relevantes que a busca do prazer imediato e realização dos desejos. Quem segue Breaking Bad, por exemplo, percebe o prazer que o professor sente ao assumir o poder, ao ter sua fórmula reconhecida pela qualidade e ao “dar as cartas” em tudo o que segue fazendo.

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Breaking Bad
Ao assistir cenas de séries assim, o espectador projeta em seus personagens a possibilidade de fazer o que bem quer  e sair-se bem ao mesmo tempo em que não tem que lidar com a consciência de usar pessoas ou mesmo sentir culpa. Afinal, em algum momento vimos Walter sentir real remorso por fornecer drogas e destruir vidas com isso?

No fim, a projeção está relacionada com a não admissão ou aceitação de sentimentos  e comportamentos tidos como “menores” em si mesmo, sejam eles egoísmo, ciúme, traições, ambição, indiferença ao próximo. Sendo assim, ou eu culpabilizo ou admiro um outro pelos desejos que na verdade existem dentro de mim.”

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