(imagem com fotos coloridas de uma menina com síndrome de down com seu
sorriso
e o carinho dos que a cercam - está com seus familiares) Foto: Henrique Garcia
De acordo com a lei 7.853, de 1989, os PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (
Não são "portadores de necessidades especiais" e a lei que os protege
atualmente, devemos informar à mídia e os leitores é o DECRETO 6949/2009
- A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA) têm direito àinclusão social *(e ESCOLAR). E no que diz respeito à educação, os representantes de instituições que negarem a matrícula dessas pessoas podem ser punidos com reclusão de um a quatro anos e multa. Mas na prática o acesso ao ensino não é tão claro assim.
Matricular uma criança especial em
escolas regulares exige muita dedicação e paciência, uma vez que não
são todas as instituições que abrem os braços para esses alunos. Os
motivos para algumas recusas, conforme explica a coordenadora pedagógica
do Colégio Global, Dulce Mendes, se deve à estrutura e qualificação profissional.
Ela defende que escola precisa disponibilizar pessoal, equipamentos e
recursos especializados. "Tudo isso tem um custo alto, mas ninguém
informa ou determina quem arcará com ele. Será justo que seja repassado à
anuidade escolar cobrada de todos os demais alunos?", pensa. "A
obrigação do atendimento, sobretudo gratuito, é do Estado, do poder
público, conforme prevê a Constituição Federal, artigo 205. O direito é
de todos, mas o dever é do Estado e da família e não de outra pessoa
física ou jurídica."
Outra barreira vista por Dulce é a identificação real das possibilidades
do aluno e do tipo de trabalho a ser realizado com ele. "Por mais
informações que tenhamos sobre a Síndrome de Down,
cada indivíduo traz um bio histórico, reflexo do tipo de estimulação
que teve ou da falta dele e, muitas vezes, a família não aceita as
condições apresentadas pela escola", argumenta.
Formar uma equipe multiprofissional, com o intuito de organizar um
planejamento pedagógico, e preparar as pessoas que conviverão com estas
crianças aumentam a lista de exigências que levam escolas particulares a
recusar alunos especiais. "Além disso, deve haver um projeto dirigido a
esses alunos, composto por representantes de diferentes áreas, como
fonoaudiólogos, neuropsicólogos, neurologistas, terapeutas ocupacionais
dentre outros, além de representantes pedagógicos da escola", acrescenta Dulce.
Mesmo com todos esses empecilhos, quem não mediu esforços para garantir o direito da filha aos estudos foram Pérsio Kohatsu e Cristina Kohatsu. Pai de Naomi Kohatsu,
de seis anos, portadora de Síndrome de Down, eles conseguiram
matricular a menina numa escola particular em Santos, litoral sul de São
Paulo. Ele conta que a maioria das escolas tinha os mesmos discursos e
alegava não ter estrutura ou pessoal qualificado.
"Algumas delas nem quiseram conhecer a minha filha. Eu fiquei chateado,
pois não queria tirar o direito de Naomi de estudar, de se socializar
como uma criança normal.
Percebo que falta uma boa proposta pedagógica e uma pitada de boa
vontade e conhecimento por parte das escolas", declara Pérsio. "Os
profissionais acham que ela dá trabalho, que eles terão que fazer tudo
por ela, até levar ao banheiro. E não é assim. Naomi faz tudo sozinha.
Sem contar que conhece letras, cores e números, poderia ser alfabetizada
como as demais crianças".
As quatro primeiras escolas recusaram Naomi. Na quinta tentativa a
criança foi acolhida e até passou por uma avaliação com uma
psicopedagoga. O exame concluiu que ela poderia ingressar direto na
primeira série, cujas aulas começam agora em fevereiro. Além da escola
regular, Naomi também frequenta a APAE (Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais), que se encarrega de dar um suporte pedagógico.
Esta não é será a primeira experiência de Naomi num ambiente escolar
regular. Dos dois aos cinco anos ela frequentou uma escola particular,
numa sala composta por outros 10 alunos. Pérsio conta que eles a
adoravam. Sabiam que ela precisava de ajuda e rapidamente a acolhiam, a
chamavam para brincar. "A integração social era excelente. Havia,
inclusive, um aluno hiperativo na sala dela e ele acabou ajudando e
sendo ajudado pela minha filha. Tanto é que Naomi foi a única da classe a
ser convidada para o aniversário dele", lembra Pérsio.
No ano passado, por questões financeiras, Naomi precisou ir para uma
escola municipal. Tanto Pérsio e Cristina sentiram diferenças. Até a
professora tinha certa dificuldade em lidar com a menina. "Naomi não
tinha mais os amiguinhos da escola, mas no final acabou se saindo bem e
desenvolveu um bom relacionamento com os demais alunos e com a docente".
Quando o assunto é preconceito, Pérsio afirma: "Ele se faz presente apenas entre os adultos. As crianças são puras, não viam minha filha como uma coitadinha. Brincavam, a ajudavam sempre que necessário. Os pais que eram mais abertos conversavam conosco, comentavam que seus filhos gostavam muito de Naomi", lembra.
A intenção de Pérsio agora é fazer com que Naomi permaneça na mesma
escola até o Ensino Médio. Querem que ela não apenas se socialize, mas
crie seu círculo de amigos. "Não sei quanto tempo ainda ela vai ficar na
APAE, mas penso que um dia vamos faltar e ela vai precisar aprender se
virar. E acredito que essa convivência vai ajudá-la bastante", finaliza
Pérsio.
por Juliana Falcão (MBPress)
Aproveite
a oportunidade e venha debater conosco sobre o tema no seminário
"Inclusão e Mediação Escolar 2013 | Criando alternativas para alunos com
deficiência", no dia 16 de março, no Rio de Janeiro.
Ou no seminário "Práticas Pedagógicas para Inclusão e Diversidade", no dia 27 de abril em Fortaleza!
Ou no seminário "Práticas Pedagógicas para Inclusão e Diversidade", no dia 27 de abril em Fortaleza!
Nenhum comentário:
Postar um comentário