sexta-feira, 23 de outubro de 2015

COLUNA DO DIA: Que tal você também se tornar um amigo do idoso?




Iniciei a semana participando como palestrante no III SEMINÁRIO DE SAÚDE E ENVELHECIMENTO DO GRUPO RENASCER, do Hospital universitário Gaffrée e Guinle, na Semana de Integração Acadêmica na UNIRIO e cujo tema abordado foi a Trajetória do Envelhecimento na cidade do Rio de Janeiro.

     Neste dia, tive a oportunidade de trocar ricas e importantes informações no que diz respeito ao envelhecimento ativo e aos projetos de qualidade realizados por empresas privadas, órgãos públicos ou associações que se preocupam com o futuro do nosso país, aumento populacional com pessoas com mais de 60 anos percebido ano a ano.

Trabalhos encantadores são realizados e alguns desses programas de atenção ao idoso foram apresentados tais como; o do CEPE (Centro de Envelhecimento da Secretaria Municipal de Saúde), o da ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer), o CMS (Posto de Saúde Dom Hélder Câmara) , o Grupo Renascer (do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle), além do trabalho em que participo no PROJETO VIVA MAIS (AVHA-Associação dos Veteranos do Hospital do Andaraí, localizado no anexo do Hospital do Andaraí).

   Com a expectativa de vida da população chegando aos 74 anos e 06 meses de idade, segundo dados do IBGE, com a melhora da condição de vida e as famílias tendo cada vez menos filhos, o índice de mortalidade e o de fecundidade baixou; melhorou as condições de vida do brasileiro, apesar das dificuldades ainda enfrentadas, que diferem muito daquelas da década de cinquenta, onde a grande maioria das pessoas não chegava à velhice, pois morriam antes dos 50 anos em decorrência principalmente de doenças infecciosas e parasitárias. Diante disso, gradativamente, o Brasil segue deixando ser um país jovem, tornando-se, assim como diversos países europeus, um novo país de idosos, já que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera uma população envelhecida quando a proporção de pessoas com 60 anos ou mais atinge 7% com tendência a crescer mas ainda assim, o país se depara com o desafio de melhorar a qualidade de vida destas pessoas em diferentes setores. E um dos focos é a saúde.

   Percebe-se, porém, que as políticas públicas de prevenção ainda são insuficientes e população idosa permanece sofrendo com a falta de respeito nas ruas, tanto no transporte coletivo, acessibilidade quanto no atendimento à saúde. As violações de seus direitos também ocorrem dentro de casa. Tais como maus tratos, agressão abandono, negligências, abusos financeiros e autonegligência. Ressaltando, que a negligência, conceituada como a recusa, omissão ou fracasso, é uma das formas de violência mais presentes tanto em nível doméstico quanto institucional em nosso país, dela advêm, frequentemente, lesões e traumas físicos, emocionais e sociais para a pessoa. Só no ano passado, o número de denúncias de violência contra o idoso mais do que dobrou.

   Na palestra acima referida, contei sobre minha participação como fonoaudióloga e sobre utilização da Técnica do Esparadrapo (Spiral Taping), no PROJETO VIVA MAIS da AVHA (Associação dos Veteranos do Hospital do Andaraí), localizado no Hospital Federal do Andaraí, um trabalho imensamente prazeroso a que fui convidada a realizar pela minha querida mestra Abigail Caraciki. O projeto existe a 18 anos, oportunizando, diariamente, uma media de 80 atendimentos diários, sem fins lucrativos, e é mantido pelos próprios assistidos e profissionais voluntários, com idade mínima de 60 anos. O projeto se propõe a oferecer atividades diversas, lúdicas e terapêuticas, aos idosos com diferentes necessidades.
   Em mais de dois anos de participação nas atividade do projeto, é curioso perceber que a procura por esse tipo de atendimento vem aumentando em pessoas abaixo de 60 anos é cada vez maior. Em função disso, entendemos que, mesmo em idades menos avançadas, há uma forte procura por qualidade de vida.

   Fundado por um grupo de médicos e ex-diretores do Hospital do Andaraí, atualmente presidido por Dr. Thaumaturgo Gayo (Oftamologista) e Dr. Galdino (Pediatra), e composta por uma equipe multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, educadores físicos, psicólogos, massoterapeutas, terapeutas alternativos e um professor de dança. Todos são voluntários. 

   Quando os idosos aceitam a proposta de se deslocarem alguns dias da semana a um local em busca de qualidade de vida e de uma melhora para resolver algo que os incomodam, provam que as ações do projeto tem importância e nosso trabalho vem despertando interesse pelo que se propõe a realizar. É reconhecido que o idoso precisa ser convencido da importância da manutenção da sua expectativa de vida, logo só desperta o interesse por aquilo que realmente o faça continuar vivendo com qualidade.

   A forma de aprendizado do idoso para coisas novas é diferente dos jovens, ele precisa ser convencido da importância e ter interesse naquilo a que se propõe. O idoso, por exemplo, para ter interesse em usar as mídias eletrônicas, que fazem parte do nosso cotidiano, mas não do cotidiano dele, terá que ser apresentado às mídias como importantes à sua integração social, e mais do que isso, ele precisará ser convencido a utilizá-lo, tais como aulas interativas de informática ou quem sabe até um intercâmbio com outros pessoas, amigos e familiares no computador através de redes sociais.

   Chegar a terceira idade bem é uma conquista e um grande desafio. E viver mais e com qualidade demanda incorporar ao dia a dia, por exemplo: atividade física e alimentação saudável. Ser estimulado fisicamente e também cognitivamente é uma construção para um envelhecimento ativo.

   E após tantas trocas com esses profissionais dedicados em seus projetos, fecho a semana com a participação no III FÓRUM INTERNACIONAL DE LONGEVIDADE. Mais estudos, mais pesquisas, e mais conhecimentos ofertados por grandes talentos e nomes da Geriatria e Gerontologia Mundial, reunidos em prol do envelhecimento ativo. O fórum foi presidido pelo Dr. Alexandre Kalache (ILC-Brasil) que, com sua simplicidade e sorriso, recebeu a todos com muita disponibilidade.

    Neste fórum, tivemos a oportunidade de conhecer todos os representantes e membros do ILC-GA, (Global Alliance of International Longevit-Centro Internacional de Longevidade), um consórcio internacional com status consultivo junto a ONU (Organização das Nações Unidas) e representada por 17 países, a saber: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, EUA, França, Holanda, Índia, Israel, Japão, Reino Unido, República Dominicana, República Tcheca e Singapura.

    É impressionante saber que a cultura do envelhecimento bem-sucedido em outros países já é criada por comunidades sustentáveis de cuidados sociais e de saúde em cujas ações percebemos: preocupações com a saúde, padrão de vida, acessibilidade, seguridade, proteção e teleatendimentos aos idosos, promovendo assim, verdadeiras Cidades Amigas do Idoso.

    Com objetivo de manter o corpo e mente em forma, exemplos de projetos realizados foram apresentados, como centros de treinamentos e oficinas de vivência a cuidadores ou outros que mais lidem com os idosos, tais como porteiros, enfermeiros etc.; construção de áreas públicas para prática de atividades físicas, centros de convivência adaptados a idosos com demência, tornando-os assim, verdadeiros amigos dos idosos e criando uma sociedade acolhedora e melhor para todos.

   Diante disso , faço a seguinte pergunta: o Brasil está preparado para o envelhecimento de sua população?

    Se a vida não trouxer nenhum contratempo, a velhice é inevitável e se podemos tornar ela ainda melhor e feliz, por que não? Por enquanto, vamos seguindo acreditando sempre em um ideal e nas empresas privadas ou não, que continuem seguindo com seus trabalhos de reconhecimento, e qualidade de excelência propondo assim, ideias diretivas para políticas públicas e mobilização social fortalecendo a construção cada vez maior desse setor tão importante para o país.

   Abrace essa ideia, seja também um Amigo do Idoso.


Até a próxima!

CRFa 7364-RJ

Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Docente da AVM  Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação presencial e on-line, Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação e saúde.

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