sexta-feira, 10 de abril de 2015

Coluna do dia: O corpo que sonha, aprende e transforma



          O corpo de pensamento iluminado por uma escuta mais sensível desse coração de olhar mais humano e compreensivo. Ele tem que dar respeito e receber respeito, todos os respeitos, até mesmo o respeito do sofrimento e da angústia de quem está ao nosso redor. O corpo agita o ser humano e é nele que moram as grandes emoções, exultando a vida e realizando desejos para aprender a conviver com a solidão e aceitar a própria pequenez de uma inquietação humana. O corpo sonha, mas precisa levar o sonho a concretude em busca das relações, transformando a capacidade de comunicação simbólica e reconstruindo novas formas de sensações condizentes e adequadas às realidades. O corpo leva as relações humanas revelando a existência de referências sociais, éticas e espirituais, gerando valores humanos fundamentais para uma natureza complexa e encontrar soluções compatíveis para uma transição da humanidade. Acredito piamente que ainda é possível continuar admirando o brilho intenso das estrelas e alimentar utopias e sonhos a serem materializados.

          Para tudo requer mudanças. Faz-se necessário aguçar e intensificar diferentes diálogos para expressar informações concretas de práticas educacionais e organizacionais que implicarão na disciplina dos pensamentos, das emoções e dos sentimentos. É um diálogo corpóreo na tentativa de comover, sensibilizar, ir ao encontro da humanização das práticas técnicas que nos faz profissionais humanos e não máquinas de realizar procedimentos. Na verdade, estamos enfrentando tempos incertos, e por conta disso precisamos necessariamente criar circunstâncias para que a aprendizagem aconteça, dentro e fora da escola e assim construir competências que imprimam interações entre professor e alunos com intencionalidade e também entre as pessoas e que possamos conseguir viabilizar um fazer pedagógico com o desejo de cuidar e educar.

           O corpo faz parte do nosso cotidiano e ele acompanha a nossa existência, adota um tipo de postura e se toma objeto do conhecimento, impondo uma realidade concreta que se move e se manifesta através de práticas e técnicas que implicam nos gestos, posturas e movimentos e na afetividade que tem um papel importante neste corpo existente. Esse corpo faz pensar a respeito da importância da vida, dos encontros, da natureza, do que é possível e impossível, considerando as devidas aproximações e distâncias para assumir um lugar que afirma a potência imanente do afeto, intensificando a existência de um corpo criativo.  O dualismo mente-corpo sempre atento às potências afetivas do intelecto, leva a expressões finitas, a produtividade em constante transformação para ativar ideias na mente que constituem a essência do sujeito como ser integral. A ideia do dualismo é adquirir expressividade rítmica, criando organizações perceptivas por intermédio do corpo em movimento e aprendemos possibilidades de variações intensas que transpassam a arte das emoções, dos sentimentos, da imaginação, facilitando a cognição, o raciocínio, à tomada de decisão e à atenção, entre outras capacidades.


          Falar de corpo é representar com palavras o que vivo no dia a dia. Tenho conhecidos, colegas, amigos que me fazem representar o que mais me encanta, que é ensinar, tento deixar vestígios que um corpo deixa sobre o outro com sentimentos compreendidos no conjunto das afeições. São afetos que transitam quando a quantidade de realidade se afirma no espírito como força de existir. Acredito que os corpos são afetados uns pelos outros, isso é relação, isso é o primeiro gênero de conhecimento, é o efeito que um corpo produz sobre o outro. Tento expressar e afetar a natureza do corpo profundamente e envolver as singularidades de cada corpo, pois a minha intenção é fazer este corpo sonhar, aprender e transformar.

Até a próxima!


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