Olá
queridos leitores, pais, profissionais e amigos, semana curta, de feriado e
descanso, graças a Deus!!! Assim estou me sentindo nesse momento: felizmente
uma pausa na semana entre uma escola e outra, entre uma atividade e outra das
crianças, entre meu trabalho e minha casa, entre um curso e outro!!! Ufa!!
Ainda assim
estou aqui para conversar um pouquinho sobre a má formação cerebelar da minha
filha Helena (06 anos), como já havia mencionado, brevemente, em colunas
anteriores.
Depois de
ouvir uma definição rápida do neuropediatra, no momento do diagnóstico obtido
através de uma ressonância magnética, quando Helena fez 15 meses, eu passei a
buscar por mais esclarecimentos sobre o assunto, porém obtive poucas
informações na época. Como contei anteriormente, ouvi o professor Fabrício
Cardoso falar a respeito na minha primeira “Jornada sobre NeuroEducação”. Em sequencia,
momentos mais tarde, finalmente, eu pude ouvir Rita Thompson abordando com
profundidade a questão da “Hipoplasia Cerebelar”. E foi assim também que me aproximei dessa
profissional espetacular.
Ouvir estes
dois profissionais foi muito importante para o conhecimento das dificuldades e
associações relacionadas a esta má formação e o TEA (transtorno do espectro do
autismo) e deste momento em diante tudo foi ficando menos assustador para mim.
Passei a frequentar congressos, simpósios, cursos, jornadas, encontros de pais,
leituras específicas sobre TEA, etc.
Em meio a isso,
fui questionada e ainda sou, até por parentes mais próximos, sobre o porquê de
tanto estudo, afinal tanta busca por conhecimento demandaria, segundo eles, por
exemplo, um tempo em que minha mãe seria absorvida pelos cuidados com as
crianças! Para tal questionamento, de quem não tem a mínima ideia do quanto
CONHECER a deficiência de nosso filho é importante, eu diria que estudo pelo
simples fato de AMAR INCONDICIONALMENTE minhas crianças. Além disso, tenho a
certeza de que família informada é sinônimo de criança FELIZ! Ah, e quanto a
minha mãe, sou imensamente grata, pois, no convívio diário comigo, ela sabe o
quanto tem sido importante essa busca.
Voltando à HIPOPLASIA,
aos 3 anos de idade Helena repetiu o exame de ressonância magnética o resultado
permaneceu o mesmo do anterior, constava escrito: “Hipoplasia da porção
inferior do Vermis Cerebelar”. Bom, Dr.
Jair, nosso neuropediatra, de forma muito simples para o entendimento dessa mãe
que iniciava um novo caminho, me pediu que eu imaginasse o cerebelo como uma
borboleta e a desenhou. Entre as asas, o corpo seria o “vermis” (ligado à
postural corporação e à locomoção) que, na constituição de Helena, não se
formou integralmente. Isso explicava o porquê de seus atrasos motores, aos 4
meses não sustentava totalmente a cabeça, aos 6 meses não sentava, ao 15 meses
não ficava em pé sem apoio e tinha um sono agitado.
Nas aulas
de cursos que fiz e faço entendi que o cerebelo, na função estrutural do corpo,
é responsável pelo equilíbrio e coordenação; e, na função cognitiva[1],
é responsável pela atenção! Perfeito tudo ficava mais claro, porém eu ainda me
questionava antes de obter tantas informações: por que Helena não falava, não
fixava o olhar em mim, passava tempos olhando para as próprias mãos nos primeiros
18 meses de vida? Na verdade eram os sinais do TEA. Que hoje melhoraram muito,
porém ainda estão presentes como as famosas ESTERIÓTIPIAS (movimentos motores
repetitivos, como pular, bater palmas, balançar o corpo, etc).
E claro que
depois de tantas informações passei a me interessar pela Neurociência e
assuntos associados como a plasticidade do cérebro, teoria da mente e
organização das estruturas cerebrais; e quanto mais eu descobria, mais desafiada
eu me sentia em compreender esse universo tão complexo que envolvia o TEA.
Aprendi a respeitar minha filha em suas dificuldades na época e a valorizar
suas conquistas sem a ansiedade que um dia existiu. Como toda mãe, eu tinha o
desejo de ver minha filha sorrir, dar tchau, engatinhar, andar, falar etc., aspectos
que, no desenvolvimento da Helena, foram lentos e que, hoje, vejo com extremo
sucesso, graças aos estímulos que recebeu desde o início.
Em uma das
últimas aulas ministrada por Rita Thompson, revi que questões do cerebelo estão
associadas ao TEA, a saber:
“Aspectos
neuroanatômicos e neurofisiológicos do TEA:
Discretas
anormalidades no desenvolvimento do cerebelo, de algumas
estruturas do sistema límbico (hipocampo e corpo amigdalóide); e diminuição de
células de Purkinje e células granulares e do córtex tem sido implicadas.
(Bauman e Kemper, 1991 )”.
Ou
seja, todas as questões motoras de Helena (relacionadas ao equilíbrio) por
conta da Hipoplasia, assim como a atenção. É preciso então lembrar as palavras
de Lima (2010)[2], sem atenção não há formação de memórias e
sem formação de memórias não há aprendizagem. Eu observava Helena também de
forma anatômica e fisiológica. Além disso, ela ainda apresentava uma HIPOTONIA
(baixa de tônus muscular): lembro-me que, ao tomar as primeiras vacinas
intramusculares, Helena sequer chorava de dor. Essa hipotonia e todas as outras
questões motoras foram trabalhadas por fisioterapeuta,
fonoaudióloga e psicomotricista através de circuitos psicomotores e de exercícios
específicos, inclusive para os músculos da face, a fim de estimular também a
fala.
Também
compreendi que atividade física era / é fundamental e passei a investir em
esportes e terapias que trabalhassem equilíbrio e tônus muscular, melhorando
assim as questões motoras, bem como a ataxia da marcha[3],
definida por Calsani & Lopes (2006), como a presença de movimentos
incertos, inseguros e descoordenados, ou seja, “(...) na marcha atáxica, seu padrão é instável; tem a base larga e
cambaleante; suas passadas são incertas, ora muito amplas com abdução exagerada
da coxa, ora pequenas e sem excesso de abdução”; e aprendizagem de Helena.
Importante lembrar que, para obtermos equilíbrio, é preciso atenção,
concentração e as atividades psicomotoras com regularidade.
As
atividades psicomotoras propostas por Vera Lúcia Mattos e Ediusa Araújo e a
ginástica artística, em que Helena esteve inserida, na equipe do professor
Rodrigo Brívio, desenvolveram muito Helena, enquanto estivemos morando no Rio
de Janeiro.
Para
finalizar deixando o refluxo do Tom e seu desenvolvimento para a próxima
coluna, quero dizer que hoje Helena pratica o Surf Adaptado em sua reabilitação
motora e cognitiva também; e tem sido uma surpresa a cada prática de Helena. O
contato com a natureza, com o mar, o carinho e dedicação da equipe do professor
Cisco Aranã e todos os profissionais envolvidos, desde o inicio de nossa
jornada com o TEA, me faz acreditar que, verdadeiramente, tudo é possível, quando
nos dedicamos de corpo e alma à prática colaborativa do desenvolvimento do
outro sem pensar em suas limitações e, sim, considerando todas as suas
possibilidades e potencialidades!
CONSIDERO
DIARIAMENTE TODAS AS POSSIBILIDADES DOS MEUS FILHOS!
Excelente
feriado para todos, e até a próxima!
[1] Entende-se como COGNIÇÃO, o ato
ou processo da aquisição do conhecimento; e, para isso, trabalham, em conjunto,
percepção, atenção, memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem; ou
seja, cognição é a maneira com que o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa
sobre toda a informação captada através dos cinco sentidos.
[2]
LIMA, Elvira Souza. Memória e Atenção. 2010. http://elvirasouzalima.blogspot.com.br/2010/05/memoria-e-atencao.html
acessado em 06.04.2015.
[3]
CALSANI, Isabela Christina Andrade & LOPES, Daniela Vincci. Ataxia
Cerebelar (pesquisa científica). 2006. http://www.fisioneuro.com.br/ver_pesquisa.php?id=21
Acessado em 07.04.2015.
Sua jornada é excepcionalmente linda. Podemos perceber através de suas palavras próximas e singelas, as primeiras dificuldades da Helena e o quanto importante é o diagnóstico precoce e a estimulação psicomotora e cognitiva, sem esquecer das potencialidades que ela adquiriu na sua vivencia com outras pessoas e com seus estímulos, claro. Para finalizar, vc é uma mãe nota 1000. Aguardo seu próximo post sobre o Tom, bjus carinhosos.
ResponderExcluir