Estima-se que cerca de 30% das crianças com Autismo não desenvolvem
fluência para poder ter uma interação verbal funcional em aspectos
sociais complexos. Devido a este aspecto, uma equipe de pesquisadores da
Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), dirigido por Connie
Kasari, realizou um estudo de três anos com o objetivo de descobrir se o
uso de tablets potencializava o desenvolvimento da linguagem verbal e
como consequência, melhorava a interação social.
O estudo incluiu 61 crianças com Autismo com idades entre 5 e 8 anos.
Durante seis meses, cada criança recebeu terapia objetivando a
comunicação em uma finalidade social, estimulando a interação por meio
do desenvolvimento de jogos. Metade das crianças, também selecionadas
aleatoriamente, receberam apoio através de um tablet. Os pesquisadores
descobriram que as crianças que usaram tablets eram mais propensas a
usar a linguagem espontaneamente desenvolvendo mais habilidades sociais
do que as crianças que não usaram. Em ambos os grupos a metodologia foi a
mesma, com exceção da introdução ao dispositivo tecnológico.
“Foi notável o quão bem o tablet funcionou para melhorar o acesso à
comunicação para essas crianças”, disse Kasari, professor de
desenvolvimento humano e psicologia na Faculdade de Educação da UCLA e
professora de psiquiatria da UCLA Instituto Semel para Neurociência e
Comportamento Humano. “As crianças que receberam a intervenção
comportamental com o tablet para apoiar as suas tentativas de
comunicação têm avançado muito mais rápido para aprender a se comunicar,
e em particular quanto ao uso da linguagem falada.”
Obviamente, o simples uso do tablet por a criança não garante o
aprendizado por si só, para resultados como este exige-se uma
metodologia que incentive a comunicação verbal e também a interação
social. O tablet é apenas uma ferramenta, embora muito poderosa pelo
feedback e estimulação visual e auditiva gerada, e é através desse
interesse e atenção que este dispositivo desperta, que existe a
potencialidade para usá-lo uma grande ferramenta.
Quem se interessou pelo assunto e quer detalhes, eis a referência:
Connie Kasari, Ann Kaiser, Kelly Goods, Jennifer Nietfeld, Pamela Mathy, Rebecca Landa, Susan Murphy, Daniel Almirall.Communication Interventions for Minimally Verbal Children With Autism: A Sequential Multiple Assignment Randomized Trial. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 2014; 53 (6): 635 DOI:10.1016/j.jaac.2014.01.019
Imagem: ebayink
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