por Gabriela Pagano
Hoje à noite, a atriz alemã “de cinema” Diane Kruger construirá uma
ponte com os telespectadores. É que às 22h, no fuso horário americano,
ela faz sua estreia na TV, na série The Bridge, do canal FX.
Na produção, um remake do seriado escandinavo Bron/Broen, Kruger será Sonya North, uma detetive americana focada em seu ofício, enquanto o ator Demián Bichir (Che 2 – A Guerrilha) será Marco
Ruiz, um policial mexicano que fará dupla com Sonya. Os dois trabalham
na fronteira entre o México e os Estados Unidos e precisam deter um
assassino que tem assustado a região que separa El Paso, no Texas, de
Juarez, no México.
“Estamos tentando mostrar como duas culturas tão diferentes, dois
países tão diferentes, podem colocar suas diferenças de lado para o bem
maior”, disse a atriz sobre o programa, que também deve abordar a
polêmica questão da imigração entre os dois países. “Você praticamente
tem que ser cego e surdo para não ouvir sobre essas questões, ouvir
sobre imigração, e assim por diante”, opinou Kruger. “Então, eu estou
intrigada com esse aspecto da série, com certeza. Quero entender mais. E
eu acho fascinante – e muito arriscado, na verdade – da parte de FX
contar essa história”, revelou.
De acordo com a atriz, o show não será desses suspenses
convencionais, em que, cada noite, o espectador senta no sofá para
acompanhar um crime a ser solucionado, assassinato após assassinato, nem
se posicionar a favor de uma das duas culturas expostas no enredo. “No
final do dia, [educar] não é o nosso trabalho, o show tem que ser
divertido. Mas o que estamos tentando fazer é acender uma luz sobre a
situação. E não ser parcial a ambos os lados”, garante.
Diferença com a série original
Na versão original, Broen, lançada em 2011, a história se
passa na fronteira da Suécia com a Dinamarca, duas nações ligadas pela
Ponte de Øresund. Kruger diz que a nova série se distancia da atração
original e uma das maiores mudanças no enredo está em sua personagem.
“[O plano de fundo] irá mostrar um lado muito emocional da Sonya”,
explica.
Síndrome de Asperger
Nas duas versões de The Bridge, a detetive Sonya
tem Síndrome de Asperger, um transtorno de autismo que dificulta a
interação social daqueles que o possuem. Na série americana, no entanto,
embora fique evidente que a personagem sofra do transtorno, o nome da
síndrome jamais é dito “em voz alta, porque não queríamos que a condição
dela definisse quem ela é”, contou Kruger, que ainda classificou a
decisão, por parte dos roteiristas, como corajosa.
Foi justamente a Síndrome de Asperger – recentemente retratada em outra série sobre assassinatos, Hannibal, através do personagem Will Graham (Hugh Dancy) – que atraiu a atriz, conhecida pelos trabalhos no cinema, como Bastardos Inglórios, A Lenda do Tesouro Perdido e Desconhecido, ao
projeto televisivo. “Porque, sim, ela tem essa condição, e há tantas
falhas em sua vida pessoal, que aparecem por causa dela, mas ela é tão
diferente em seu trabalho, porque ela tem essa capacidade de se
concentrar e realmente olhar para as coisas de um ponto de vista
diferente”, avaliou ela, que contou com a ajuda de um jovem, portador da
síndrome, para construir sua personagem – o rapaz a acompanha
diariamente nos sets de filmagem.
Força feminina
Para Kruger, é um desafio dar vida a uma policial brilhante em seu
trabalho, mas que, tendo a dificuldade em interagir com as pessoas,
precisa realizar entrevistas difíceis com parentes de vítimas e
assassinos. A experiência, além de torná-la uma atriz mais madura,
também colabora com a imagem cada vez mais forte com que as mulheres são
retratadas na televisão. “Ainda vão haver filmes que tem grandes papéis
femininos, mas eu acho que, definitivamente, na TV a cabo, a partir de Mad Men, Homeland ou Robin Wright em House of Cards,
as peças femininas não têm medo”, diz. “Parece-me que o público está à
procura de personagens como esse e isso é muito excitante para as
mulheres”, comemorou.
Enredo
Apesar de a série começar com um serial killer a solta na fronteira entre México e Estados Unidos, o caso deve se estender por quase
toda a temporada e não por ela inteira. Segundo os produtores, a
história gira mais em torno da relação – culturalmente distinta –
construída entre os personagens de Kruger e Bichir, do que os
assassinatos propriamente ditos.
Os dois detetives, de início, não irão se dar bem. “Sonya é uma
pessoa difícil de se atingir”, explica a produtora-executiva da
série, Meredith Stiehm, que garante que, ao longo da temporada, essa
barreira irá ser quebrada, principalmente por Sonya enxergar um
“aconchego” na relação com o detetive Marco.
Demián Bichir
De acordo com Stiehm, Bichir sempre foi a prioridade para interpretar
Marco. “Não havia plano B”, garante a produtora. “Demián tem aquele
calor típico do personagem”, concluiu. E se o autismo da personagem
Sonya foi o que motivou Kruger a aceitar vivê-la, Bichir teve outras
razões para se interessar pelo projeto. “Eles me disseram, ‘Sua
co-protagonista será Diane Kruger’”, contou o ator. Bastou.
Língua espanhola e uso de legendas
Diferente dos outros projetos que abordam a cultura hispânica e em
que a língua espanhola aparece apenas em alguns momentos, todo o núcleo
mexicano de The Bridge irá, de fato, se comunicar em espanhol. Bichir tem até ajudado para que os diálogos sejam feitos de maneira certa e natural.
Kruger não se preocupa com o fato de que os espectadores americanos,
desacostumados a ler legendas, estranhem a nova dinâmica da série e
desliguem seus televisores. Ela relembra o filme Bastardos Inglórios,
de Quentin Tarantino, produção da qual participou e havia enorme
preocupação quanto às legendas utilizadas. O resultado: aclamação
crítica e indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original a Tarantino.
Ficha técnica
O piloto de The Bridge é assinado por Meredith Stiehm (Homeland) e Elwood Reid (Hawaii Five-0) e foi dirigido por Gerardo Naranjo. O FX já encomendou 13 episódios da série, que ainda conta com nomes como Ted Levine ( O Silêncio dos Inocentes, Monk), Annabeth Gish (Pretty Little Liars), e Thomas M. Wright no elenco. Uma versão franco-inglesa de The Bridge também está sendo desenvolvida, intitulada The Tunnel, e será protagonizada por Clémence Poésy (Fleur dos filmes do Harry Potter) e Stephen Dillane (Game of Thrones).
Ficou interessado? The Bridge estreia hoje à noite, às 22h,
pelo canal americano FX. No Brasil, a série chega no próximo dia 21 de
julho, às 22h30, também pelo FX.
Nenhum comentário:
Postar um comentário