quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Judô promove integração de jovens e adultos especiais

 













Trabalhar com pessoas especiais sempre foi um desejo do professor de judô Eduardo Duarte. A realização do sonho foi possível através do projeto Valorizando as Diferenças, criado por ele há seis anos, em uma comunidade da Ilha do Governador, e depois levado à Rocinha. Desde 2007, as aulas, abertas à comunidade, são oferecidas gratuitamente no 2º Batalhão de Polícia Militar, em Botafogo, dentro do Suderj em Forma.

Aos 19 anos, quando ainda era faixa marrom, Eduardo teve o primeiro contato com um aluno surdo. Mas motivado a ensinar a arte marcial a cegos, integrou um projeto no Instituto Benjamin Constant, onde conheceu um instrutor com deficiência auditiva. A partir da convivência, o professor pesquisou iniciativas para promover a inclusão de pessoas surdas no esporte e não encontrou. Com apoio da Confederação de Desportos para Surdos, ele deu início ao Valorizando as Diferenças, projeto pioneiro no país, com uma turma de apenas quatro alunos. Hoje atende a 108 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, sendo 30 delas portadores de necessidades especiais.

– Minha intenção no início era atender somente aos surdos. Mas, como diz o próprio nome desse trabalho, vimos que não podemos discriminar. Valorizar as diferenças é muito importante para quebrar as barreiras e promover a integração entre pessoas regulares e com deficiência, prevista em lei – afirma.

Ao longo dos anos, Eduardo aprendeu e se aperfeiçoou em Libras (Linguagem Brasileira dos Sinais), a segunda língua oficial do país. Ao perceber que os alunos não ouvintes tinham dificuldade em entender o que lhes era ensinado e acabavam desistindo dos treinos, ele criou um método próprio.

– O surdo tem necessidade de se comunicar, mas poucos professores de esporte de alto rendimento têm qualificação em Libras. Eles geralmente copiavam o que os ouvintes faziam, mas não identificavam o comando e ficavam em desvantagem. Comecei a me questionar como faria os exames de faixa e o quanto eles são prejudicados e desenvolvi uma linguagem específica para o ensino – explica.

A metodologia consiste em associar o movimento à terminologia do golpe, facilitando o aprendizado. A criação dos sinais tem como objetivo unificar a metodologia de ensino da arte marcial no Brasil e já está ajudando a reduzir a idade média dos competidores surdos iniciantes de 21 para 18 anos. Alunos regulares começam a competir, geralmente, aos oito.

O sucesso do trabalho já tem gerado muitos frutos. Além de negociar o lançamento de um livro sobre a metodologia de ensino, em parceria com o Centro Universitário Augusto Mota (Unisuam), o professor tem acompanhado de perto a evolução dos alunos. Em abril, dos 30 atletas do projeto que participaram do Campeonato Brasileiro de Judô, 19 conquistaram medalhas: cinco de ouro, oito de prata e seis de bronze.

Em setembro de 2009, o Governo do Estado firmou um convênio com a Confederação Brasileira de Desportos para Surdos para levar sete judocas surdos aos 21º Jogos Surdolímpicos de Judô, em Taipei, Taiwan. A parceria, inédita, garantiu também a primeira medalha brasileira na categoria: o bronze de Alexandre Soares, aluno do projeto.

As aulas são oferecidas pelo projeto Suderj em Forma às segundas, quartas e sextas, às 18h15, para crianças, e às 19h15, para adultos, no 3º andar do 2º BPM, que fica na Rua São Clemente, 345, em Botafogo. O projeto Valorizando as Diferenças também é realizado na Rocinha e na Ilha do Governador.

Fonte: http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=59636

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