Sempre que se fala em Psicomotricidade o primeiro pensamento que vem à mente relaciona-se com a capacidade que o ser humano tem para executar um movimento e, por conseguinte, o desenvolvimento do corpo, muitas vezes associada à prática do desporto e da Educação Física.
Mas, na realidade, a Psicomotricidade é uma ciência que está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, sendo, deste modo, sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelectoe o afeto.
A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa.
A educação psicomotora é fundamental na vida da criança, e está refletida no histórico de vida do sujeito, podendo observar-se a PARTIR daí, o desenvolvimento da criança, o seu relacionamento com o mundo, a sua interação com as pessoas, a forma como pensa e como atua, expressando as suas sensações e sentimentos, e utilizando o corpo como instrumento rico e significativo para a comunicação.
Este trabalho inicia-se na Educação Infantil, onde as crianças ainda se encontram em fase de experimentações corporais, onde iniciam as descobertas espaciais, temporais e tónicas.
Todas as atividades devem trabalhar as bases psicomotoras, sendo estas: a tonicidade, anoção do corpo, a equilibração, a lateralidade, a estruturação espácio-temporal, a praxia global e a praxia fina. Estas devem ser inseridas e integradas de acordo com a faixa etária.
O desenvolvimento dos fatores psicomotores, permite à criança uma melhoria da postura, da dissociação dos movimentos, da coordenação global dos movimentos, da motricidade fina, do ritmo discriminação táctil, visual e auditivo, da integração das estruturas espaciais e temporais, do aumento da capacidade de atenção e concentração.
A educação psicomotora deve incidir, essencialmente, para crianças até aproximadamente os 7/8 anos de idade, sendo um período fundamental do desenvolvimento infantil, no qual a criança tem necessidade de agir e EXPERIMENTAR para adquirir o conhecimento, favorecendo a maturação psicológica por meio da motricidade, do agir e do brincar, que são a base do desenvolvimento do pensamento.
A Psicomotricidade nas Dificuldades de Aprendizagem pode trabalhar os seguintes fatores, com os seus objetivos:
- Tonicidade: relaxação ativa e passiva;
- Equilibração: equilíbrio estático e dinâmico;
- Noção do corpo: conhecimento do próprio corpo e do corpo de outrem; noções espaciais do próprio corpo e do de outrem; interiorização da imagem corporal; coordenação, caligrafia, leitura harmoniosa, gestual, ritmo de leitura (frase, palavra), imitação, entre outros;
- Lateralidade: identificação da dominância lateral; reconhecimento da direita e da esquerda; ordenação espacial, direção gráfica, ordem das letras e dos números; discriminação visual; estruturação espácio-temporal; noções espaciais e temporais; estruturação rítmica; perceção visual e auditiva; identificação de ruídos e sons; identificação e combinação de letras e números (modalidades visuais, auditivas e cinestésicas); noções de esquerda e direita, alto e baixo (b / p; n / u; ou / on), dentro e fora (espaço para escrita: progressão/grandeza, classificação/seriação, orientação/cálculos);
- Praxia global e fina: perturbações do grafismo (motora fina); manipulação / preensão.
No que se refere à aprendizagem da leitura e da escrita, as relações existentes, entre estas e o aumento do potencial psicomotor da criança proporcionam condições favoráveis às aprendizagens escolares.
A aprendizagem da escrita é especialmente, um processo de relação preceptivo-motora, pois os sinais gráficos devem ser transcritos para o papel de forma organizada, seguindo o tempo e o espaço.
Pode-se concluir, portanto, que as contribuições da psicomotricidade na aquisição da pré-escrita estão relacionadas com o domínio do gesto, com a estruturação espacial e a orientação temporal que são os três fundamentos básicos da escrita, os quais supõem: uma direção gráfica (escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita); noções de cima e baixo (n e u); de esquerda e direita e de oblíquas e curvas (g); e noção de antes e depois.
A realização de exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a aprendizagem das letras e dos números, com a finalidade de permitir à criança atingir o domínio do gesto e do instrumento, a perceção e a compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios são desenvolvidos através de atividades puramente motoras ou de grafismo.
“Brincar com a criança não é perder tempo, é ganha-lo; se é triste vê-los sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados e enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do Homem.” Drummond
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