O
Relation Play foi desenvolvido em Inglaterra entre 1950 e 1990 por
Veronica Sherbone. Este método é particularmente vantajoso quando
aplicado em crianças com dificuldades de aprendizagem, deficiências
físicas e distúrbios emocionais e comportamentais. Por exemplo, tem sido
aplicado em indivíduos com PEA, Síndrome de Down e deficiência mental.
Este método tem como objetivos gerais desenvolver autoconfiança, autoconhecimento, consciencialização
corporal e espacial, promover interação social e a comunicação entre
os participantes. Pode ser aplicado individualmente ou em grupo, em
todas as idades (embora seja mais direcionado para crianças).
O
Relation Play foi desenvolvido com base na teoria e filosofia de
movimento humano de Rudolf Laban. Os trabalhos de Laban influenciaram
fortemente Sherborne durante um período de mais de 30 anos (inicialmente
quando ela trabalhava com crianças com dificuldades de aprendizagem
severas e posteriormente quando extendeu a sua abordagem para pessoas
com todas as idades e para todo o tipo de necessidades especiais). Atualmente, a Fundação Internacional Sherborne tem
membros em diversos países tais como: Bélgica, Inglaterra, Canadá,
Noruega, Finlândia, etc. (http://www.sherbornemovementuk.org/about-sherborne-developmental-movement.html).
Nas
PEA existem três grandes áreas comprometidas: comunicação/linguagem,
interacção social e comportamento. Estudos provam a eficácia da
aplicação do Relation Play nas crianças com esta perturbação. Ocorrem
melhorias significativas,
por exemplo, ao nível da interação social e na capacidade de manter
contacto ocular (Konaka, 2006). Contudo, nem todas crianças alcançam os objetivos pretendidos (Mello,2001). No Relation Play é particularmente
importante estimular a comunicação
não-verbal. Devem estar sempre presentes a linguagem corporal, mímica,
expressões faciais, contacto ocular e o toque nas atividades. Este
método também permite trabalhar a defesa táctil (reação exagerada e
aversiva ao toque), muito característica nas crianças com esta
perturbação.
Existem
dois objetivos fundamentais a atingir neste tipo de abordagem:
consciência do “eu” (ao experimentar os diferentes movimentos que
realiza) e consciência do outro (ao promover a interação, através das
experiências de movimento encoraja-se o desenvolvimento do indivíduo,
construindo
relações baseadas na confiança e segurança). Através do ensino do
movimento consciente, as crianças conseguem criar uma relação consigo
mesmas e com os outros (Klinta, 2002). Os movimentos utilizados nestas atividades são simples e a criança movimenta-se naturalmente.
Existem quatro tipos de atividades com objetivos distintos:
- Desenvolver a consciência corporal
(O que movimentamos? Como movimentamos?): para que uma criança se possa
sentir segura é fundamental que possa experimentar e explorar o seu corpo. É
importante proporcionar à criança oportunidades de movimento dinâmicas.
As atividades no chão (como por exemplo, arrastar-se) são
particularmente benéficas para a construção da imagem corporal. É
importante que a criança desenvolva a consciência do tronco, pois, desta
forma, promove-se a coordenação de movimentos em todo o corpo (por
exemplo, pedir à criança para se enrolar sobre si mesma).
-Desenvolver a consciência do espaço
(Onde e como nos movimentamos?): é importante que a criança se sinta
segura em explorar e movimentar-se no espaço. As actividades de chão, em
que a criança faz mudanças de direção no espaço, são benéficos para
construir a consciência do meio envolvente. O chão dá segurança e
estabilidade.
- Desenvolver sentimento de segurança e estabelecer uma relação com o outro
(Com quem nos movimentamos?): através da interação entre elementos num
jogo promove-se o desenvolvimento das capacidades de comunicação
(verbal e/ou não verbal). A qualidade da relação que se estabelece com o
outro é muito importante. Quando
a criança experimenta o seu corpo na cooperação com o parceiro, a
consciência corporal e a sua autoconfiança aumentam. Estabelece-se um
tipo de comunicação corporal, em que cada um precisa de conhecer e
compreender os sinais do outro. Nas atividades de Sherborne existem
três tipos de movimentos e jogos de relacionamento: com, partilhado e
contra.
.Nos jogos de relacionamento “com” o elemento passivo recebe os cuidados do elemento ativo (ex.o parceiro ativo senta-se no chão e balança o outro nos braços).
.Nos jogos de relacionamento “partilhado” os movimento são realizados em conjunto. (ex.os dois elementos sentam-se no chão virados um para o outro de costas e depois tentam levantar-se em conjunto). Pretende-se que todos aprendam a compreender, confiar e a cooperar.
.Nos jogos de relacionamento “contra” ambos provam a sua força, sem que haja um vencedor (ex. sentam-se de costas voltadas e tenta-se mudar o outro de lugar). A criança centra-se no seu corpo, foca toda a sua energia na execução da atividade. Pretende-se que a criança aprenda a ajustar a sua força à do outro e a ser sensivel, para que saiba quando deve desistir da atividade.
- Desenvolver o sentimento de segurança e estabelecer relações em grupo (Quais são as pessoas com que nos movimentamos?): nestas atividades três pessoas, no mínimo, trabalham em conjunto.
EXEMPLOS DE ATIVIDADES RELATION PLAY:
Jogos
individuais: Têm como objetivo experimentar o corpo e explorar as suas
possibilidades. Assim, a criança pode desenvolver a autoconfiança e
consciência corporal
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1. No
chão, deita-te de barriga para baixo no chão. Tenta balancear-te em
diferentes posições (Depois, faz o mesmo exercício mas de costas
voltadas para o chão);
2. Corre com passos grandes e pequenos, com as pernas esticadas e dobradas;
3. Deita-te de costas e experimenta o espaço à tua volta. Estica os braços e as pernas o mais que conseguires;
4. Senta-te e gira em redor com os pés levantados;
5. Vamos
fazer caretas: primeiro põe os teus olhos arregalados e depois muito
apertados; põe a tua boca muito aberta e depois muito fechada.
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Jogos de 2 elementos: Têm como objetivo experimentar relações positivas com o outro (respeito, confiança, compreensão)
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1. Um deita-se no chão e outro fica em pé. Segura nos tornozelos do teu colega e puxa-o calmamente no chão em diferentes direções;
2. Sentem-se de costas um para o outro. Façam força um contra o outro;
3. Deitem-se de costas e juntem os vossos pés (as plantas dos pés ficam juntas). Façam movimentos em conjunto;
4. Um
elemento põe as mãos e os joelhos no chão e o outro deita-se de costas
nas suas costas. Depois, quem está no chão anda devagar, para a
frente/trás e para os lados;
5. De costas um para o outro, empurrem e andem em diferentes direções, sem perder o equilíbrio;
6. Deitem-se no chão, cabeça contra cabeça. Segurem as mãos um do outro, e rolem em conjunto.
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Jogos em grupo
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1. Formem todos um túnel. O ultimo da fila gatinha dentro do túnel e posiciona-se no fim do túnel, e assim sucessivamente;
2. Sentem-se todos em fila. Encostem-se calmamente para trás e relaxem;
3. Duas
pessoas sentam-se de frente uma para a outra, e uma pessoa senta-se no
meio delas. Calmamente, balancem-na de um lado para o outro (coloquem as
mãos nos seus ombros);
4. Deitem-se todos de costas, bem juntinhos. Alternadamente, uma pessoa rola e arrasta-se por cima das que estão deitadas;
5. Um
pessoa deita-se no chão, e as outras seguram-na pelos pulsos e
tornozelos, balanceando-a para a frente e para trás. (Nota: Este jogo
exige no mínimo 5 pessoas. É necessário força, cooperação e coordenação
entre todos os elementos);
6. Deitam-se
todos de barriga para baixo, bem juntinhos. Um elemento deita-se de
barriga em cima dos outros. Quando o grupo se vira e rola, o elemento
que está por cima vira-se e rola ao mesmo tempo.
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