segunda-feira, 15 de junho de 2015

Coluna do dia: MINHA VIDA E O AUTISMO – O Processo de Mudança, decisão dolorosa!





Olá leitor que me acompanha quinzenalmente nesta coluna. Voltando à nossa história com o TEA, digo: uma separação nunca é fácil. Sim, uma separação e duas crianças com deficiência (quase não uso o termo “especiais” afinal, ao meu olhar, todas as crianças são especiais) é algo inimaginável e duro de viver. Passei por isso, e uma mudança radical aconteceu em nossas vidas. Então é sobre isso que vou falar / lembrar, resumidamente: uma tarefa difícil ainda!

Quando realmente comecei a repensar minha vida depois do Autismo, e reavaliar a nossa estrutura familiar, cheguei a triste conclusão que não adiantava nada meus filhos terem as melhores equipes terapêuticas, a melhor escola, o melhor professor de esporte e o nosso lar estar desestruturado, não por falta de amor, ou tentativas de superação, mas por desentendimentos constantes.

Um dos pontos mais difíceis da minha decisão foi deixar o Rio de Janeiro, lugar onde meus filhos tinham muita estrutura em relação à saúde principalmente. Mas ficar era insustentável emocionalmente para mim, já que eu não dava mais conta dos desgastes vividos na relação conjugal. Eu precisava sair, partir e voltar. Estava tudo muito confuso, eu sentia uma responsabilidade enorme e uma sensação de fracasso também, afinal minhas tentativas não tiveram sucesso e o casamento tinha acabado!

Antes e durante todas tentativas sofri como qualquer mulher que já amou, idealizou e sonhou com um casamento: um homem para o resto da vida, envelhecer juntos, compartilhar alegrias e tristezas, afinal eu tinha 26 anos quando nos conhecemos e fazia parte dos meus sonhos tudo isso.

Gostaria de deixar claro que o casamento não acabou por conta do Autismo, não! Ao contrário, a estrutura que adquirimos para cuidar de nossos filhos nos manteve juntos e protelou a separação.

Uma amiga querida e muito conhecida da comunidade azul, eu a chamo carinhosamente de minha MÃE AZUL, em um encontro para um café da tarde, me disse assim: “Você caminha de mãos dadas com o seu amor até a beira do abismo e se, mesmo assim, ele insistir em se jogar, você solta as mãos dele e volta, seus filhos precisam de você!” E foi o que eu fiz. Deixei de pensar muito e agi, pois não estávamos felizes!

Antes de tomar definitivamente essa decisão, estava em um domingo assistindo o programa Fantástico, aguardando ansiosa por uma matéria que mostraria a reabilitação de um garoto com paralisia cerebral através do Surf. Ao ver a matéria fiquei entusiasmada, vi uma possibilidade, já que um dos estímulos para Helena, na reabilitação motora, sensorial, emocional, se dava através de esporte (fazia ginástica artística e natação), e, claro, também seria benéfico para Tom que apresentava melhor desenvolvimento.

Enquanto estivemos juntos, o pai de meus filhos contribuiu como pode e do jeito que foi ensinado a demonstrar afeto para sustentar emocionalmente nossa família. Esforçava-se para que eu pudesse estar em todos os cursos, congressos, simpósios etc. Minha mãe ficava com as crianças (ela vivia na ponte área Rio/São Paulo) com a ajuda de “Manu” que colaborava com os cuidados diários em nossa casa e, claro também tinha muito carinho e cuidado com Helena e Tom.

Muitas vezes o meu tempo era só para pegá-los na escola, entrar em casa, dar banho, almoço e correr para as terapias; e nisso Manu era o anjo nas nossas vidas, eu não precisava me preocupar, ela deixava tudo pronto e preparava as crianças, o que me possibilitava retornar um telefonema, um email para cliente (eu dava suporte no escritório que tínhamos) e almoçar também.

Tudo isso pesava em minha relação. Tudo isso pesou no momento de me separar! Mas não teve jeito e, num ato de muita CORAGEM, segundo Nelson Mandela: “Coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele” e RAZÃO,  peguei as crianças e parti para casa da minha mãe em São Paulo, de onde só sai para buscar minha mudança muitos dias depois. Ainda sem a ‘ficha ter caído’ sobre a realidade do fim de um casamento, agora eu precisava agir e recomeçar! Não havia tempo para chorar mais.

E como foi esse RECOMEÇAR? Eu conto na próxima coluna, lembrando que dia 18 de junho, próxima quinta feira, é o DIA DO ORGULHO AUTISTA! É o momento em que mães e pais demonstram mais AMOR, força, luta, coragem e fé por seus filhos. Não que dia 18 seja apenas para este fim, pois somos isso o tempo todo, mas sim é MAIS um momento para que cobremos das autoridades, políticas públicas relacionadas à construção de CENTROS DE REFERENCIA em tratamento para pessoas com Autismo!

EU LUTO PELA CLINICA ESCOLA DO AUTISTA e você?

Muitos Abraços AZUIS a todos!

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