sexta-feira, 12 de junho de 2015

A importância do aleitamento materno para o desenvolvimento da fala e da linguagem





O leite materno beneficia um bebê de muitas maneiras. Ele proporciona o equilíbrio correto de nutrientes, ajuda a proteger contra doenças e infecções, e, possivelmente, ajuda com o desenvolvimento do cérebro. Além dos benefícios nutricionais, imunológicos, emocionais e econômico-sociais, o leite materno também tem efeitos positivos na saúde das crianças no que se refere aos aspectos fonoaudiológicos, pois está diretamente relacionado:
*  ao desenvolvimento craniofacial, quanto ao crescimento ósseo e a dentição;
*  à importância da sucção durante o aleitamento materno;
*  ao desenvolvimento das funções de respiração, mastigação, deglutição e articulação dos sons da fala;
* ao desenvolvimento motor-oral, com adequação dos órgãos fonoarticulatórios: lábios, língua, mandíbula, maxila, bochechas, palato mole, palato duro, musculatura orofacial e arcadas dentárias;
*  à mobilidade, força e postura da musculatura orofacial e das estruturas ósseas;
* ao padrão adequado de respiração nasal e da postura adequada de língua. Neste caso, os músculos da deglutição são estimulados adequadamente, aumentando o tônus e promovendo a postura correta para futuramente exercer a mastigação.

Muitas das características físicas do seu bebê são projetadas para ajudar a amamentação. A mecânica da sucção exige o máximo de contato possível entre a língua do bebê e maxilar, e do peito da mãe. Para maximizar o contato, então, a língua de um lactente é grande em comparação com o tamanho da boca e as bochechas; além de conter gordura e força suficiente para ajudar a manter a língua na posição correta para a aspiração.

As vias aéreas superiores do recém-nascido, através do qual o ar entra e sai dos pulmões, também se apoiam na amamentação. E a epiglote, uma aba de tecido na base da língua, que se eleva fechando as vias aéreas superiores, tocando o tecido mole na parte de trás do céu da boca, possibilita que o percurso do alimento desça pela traqueia naturalmente.

Esta combinação de características anatômicas possibilita que o leite seja direcionado direto para o esôfago. Este por sua vez leva o leite ao estômago, reduzindo assim o risco de o leite a descer até a traqueia. Além disso, esta combinação incentiva a criança a fazer o movimento de estender o pescoço, o que traz a mandíbula para frente para maximizar o contato com o peito.

A linguagem está diretamente relacionada a tudo isso, uma vez que o aleitamento materno favorece também  as necessidades afetivas da criança: maior tempo de permanência da criança com sua mãe num contato muito próximo e íntimo. No processo de aleitamento, a mãe acaricia, faz contato visual e conversa com seu bebê, estimulando, dessa forma, ao desenvolvimento da linguagem e a relação que o bebê irá estabelecer, socialmente, com o mundo.

Enquanto mama, a criança produz diversos sons que mais tarde fará uso para iniciar os balbucios: é o preparo às primeiras palavras para falar sendo privilegiado nesta etapa. A experiência vivida e o contato corporal que o bebê tem consigo, com as pessoas e com o meio, é o primeiro passo para o desenvolvimento da linguagem. É através da experiência sensorial, os sentidos visuais, auditivos, gustativos e táteis, que o bebê vai formando sua linguagem interna, fazendo assim, associação de objetos ao seu uso e as pessoas às suas necessidades pessoais, dando a eles um significado e estabelecendo as primeiras relações, criando um contato mais forte que o bebê tem com a mãe, durante a amamentação. E é por isso que a alimentação é uma fase muito importante para a estimulação da linguagem.

Mas e quando não é possível amamentar unto ao peito da mãe e se faz necessário o uso da mamadeira?

Quando esta situação ocorre, vale ressaltar: a posição correta da mamadeira durante a amamentação deve ser mais verticalizada para a prevenção de otites (dor de ouvido). O tipo de bico anatômico e o tamanho do furo são de suma importância que sejam respeitados conforme venham de fábrica, pois eles fornecem informações diferentes para a criança, mas mantém o esforço necessário, já que ambos tentam se aproximar, ao máximo, do tamanho do furo e da forma do bico do seio materno.

Muitas mamadeiras encontradas no mercado não são indicadas, uma vez que a criança não precisa fazer o mínimo esforço para se alimentar. Não havendo necessidade de ocluir e pressionar o bico com movimentos coordenados de lábio, língua, bochechas e mandíbula para a aquisição do alimento. E, consequentemente, não estarão preparando a musculatura dos órgãos fonoarticulatórios para que, mais adiante, estes estejam prontos para a produção e a articulação das palavras. Há o favorecimento inadequado da atuação da língua no sentido de impedir a introdução total do bico na boca, além disso, o controle do o fluxo de leite empurra o leite para fora e não no sentido correto para engolir, o que pode favorecer, mais tarde, a projeção de língua.

Não podemos esquecer que cada uma destas etapas, vivenciada pela criança, prepara para que, mais adiante, ela possa estar apta a receber alimentos pastosos e sólidos, iniciando a função da mastigação.

Muitas vezes as crianças rejeitam alimentos sólidos, por conta deste pequeno detalhe, pois nesta transição, a musculatura e o aparato fonoarticulatório não foram estimulados adequadamente. Portanto, atenção pais, para essas pequenas dicas que se tornam essenciais e indispensáveis para que a alimentação da criança seja adequada, proporcionando assim oportunidades para o exercício da mastigação e estimulação oral, além de evitar problemas futuros de fala e linguagem.



Maria Paula C. Raphael

CRFa1 7364

Fonoaudióloga, Sociopsicomotricista Ramain-Thiers, Fonoaudióloga e Supervisora de Fonoaudiologia do Projeto Escola na SPB  de 1991 / 1997, Docente da AVM  Faculdade Integrada, cursos de pós graduação (UCAM), Eventos em Educação,  Supervisora na Formação em Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers, Palestrante em eventos de educação.



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