segunda-feira, 21 de março de 2016

COLUNA DO DIA: A Síndrome de Down e a Psicomotricidade







Buscar informações sobre a Síndrome de Down sempre é muito importante, principalmente, se atualizando com profissionais diversos, escolas, livros, instituições, associações. Procurar sempre ficar por dentro do assunto, buscar soluções (elas existem), perceber que a família é a essência de tudo e acreditar acima de tudo nas coisas boas e não se ocupar somente de problemas. O diagnóstico não deve alterar o sentimento de amor e aceitação de um filho com Síndrome de Down. A família tem de procurar fortalecer este sentimento desde sempre.

           Fatores psicomotores como motricidades, lateralidade, tônus, esquema corporal, postura, dentre outros atuam na integração do SPH (Sistema Psicomotor Humano) e dessa forma a pessoa consegue desenvolver-se dentro dos padrões normais e de uma forma mais saudável, mesmo aqueles que precisam de uma atenção maior, com alguma necessidade especial, o desenvolvimento acontece. Podendo traçar um plano de intervenção mais apropriado, identificando problemas, padrões diferenciados fica muito mais adequado o trabalho psicomotor com a pessoa Síndrome de Down. A psicomotricidade pode ampliar a percepção sensorial e motora, prevenir possíveis complicações, oferecer meios para a obtenção de uma melhor qualidade de vida, dando uma nova perspectiva ao desenvolvimento. Ela surge para amenizar dificuldades psicomotoras e utiliza estratégias cognitivas para as aprendizagens. A Síndrome de Down possui características específicas em sua motricidade, item fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Faz-se necessário uma avaliação motora para delinear um perfil psicomotor e assim destacar as potencialidades e dificuldades motoras e oferecer a oportunidade da Síndrome de Down ser acompanhada através de um programa adequado que deve levar em consideração trabalhos que envolvam atividades lúdicas, músicas, histórias, mímicas, dentre outras que venham a estimular a evolução dos aspectos psicomotores. Através da psicomotricidade cria-se possibilidades para todos poderem explorar os potenciais motores próprios, facilitando que outras habilidades sejam adquiridas. 

A criança com síndrome de Down possui o desenvolvimento psicomotor mais lento devido às próprias peculiares da enfermidade e pelos problemas associados, como alterações visuais, cardíacos congênitos e outros (LEFÈVRE, 1988).

          A alteração cromossômica, Trissomia 21, existente da Síndrome de Down  não impede que a pessoa Down tenha o desenvolvimento da inteligência comprometido. De certa forma, uma das coisas que possibilita seu desenvolvimento é a influência derivada do seu meio, influências ambientais e, especialmente relacionais. Esse meio é justamente um dos fatores que influenciará nas limitações para realização de algumas atividades e habilidades motoras, estimulando a parte motora, psicológica e afetiva. A pessoa com Síndrome de Down trabalhada com a psicomotricidade adquire capacidades cognitiva, afetiva, motora, intelectiva e afetiva e passa a ter como base de sustentação o seu próprio corpo. É importante que este trabalho vise a atenção, pois irá trabalhar a fixação e a mobilização nos outros, nos objetos, nas informações fornecidas, na expressão que ajudará em seu comportamento, temperamento e sociabilidade,  na memória para ajudar na dificuldade de organização, na correlação, na análise, no cálculo, no pensamento abstrato e na linguagem, focando as dificuldades respiratórias, perturbações fonéticas e de articulação e auditivas. Todas estas contribuições e aquisições ajudam a desmistificar o preconceito e exclusão a respeito das pessoas com essa síndrome. Pessoas que estimuladas desde o nascimento desenvolvem interesse e habilidades necessárias para a aquisição e evolução das funções cognitivas e motoras.

          A família tem um papel fundamental em todo este processo. Deve haver afeto, contato e vínculo. É de extrema importância para a aprendizagem, já que ela só acontece de forma adequada, quando o emocional da pessoa se encontra estabilizado. Um filho é um acontecimento na vida de uma família, especialmente dos pais e mães. São várias transformações, o recebimento de um novo membro, a fantasia de uma criança chegando. É uma mudança. De repente vem o diagnóstico que muda toda uma representação, a fantasia de que está gerando um filho dito “normal”, uma desconstrução, um desequilíbrio, o começo de períodos difíceis. Fatores emocionais são mais atuantes, principalmente relacionados à interação com seus bebês. O processo de adaptação é mais exigente, mas nunca será impossível. Entendam: “Meu filho nasceu Down, o que eu faço?” – “Seja mãe, seja pai”. É o que eles precisam.

Dia 21 de Março – Dia Mundial da Síndrome de Down  (2016)
          As pessoas com Síndrome de Down deixam lindas histórias expressas na alma, que mesmo a distância não muda o sentimento que sinto por elas. Amor, puro amor! Tudo é muito presente e é um mundo bonito e feito por pessoas lindas. Você que tem Síndrome de Down tira as fotos mais simples, mas são as mais lindas, porque revelam as pessoas que vocês são em cada momento e em um momento no tempo em que apenas o motivo daquele sorriso importa. Vocês não precisam mostrar que são pessoas lindas, tá? Deixem que as pessoas se tornem lindas diante de vocês.

Beijos e até a próxima!

Fátima Alves

Fonoaudióloga, Palestrante, Autora, e Consultora na área de Psicomotricidade, Inclusão e Educação; Sócio-terapeuta Ramain-Thiers, Psicomotricista titulada pela SBP. Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente, UNIPLI. Docente da Pós-graduação da AVM Faculdade Integrada, FAMESP e IBMR Centro Universitário. Presidente da ABP, gestão 2008/2010. Conselheira da ABP. Autora dos livros da WAK Editora: “Psicomotricidade: corpo, ação e emoção”; “Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio”; “Como aplicar a Psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com Amor e União”,  “Para Entender a Síndrome de Down” e “A Psicomotricidade e o Idoso: uma educação para a saúde”.



 
Referência Bibliográfica:
·         LEFÈVRE, B.H. (1985). Mongolismo – orientação para famílias. ALMED, 2ª Ed. SP.

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