sábado, 9 de fevereiro de 2013

Especialistas usam roupa de astronauta para tratar crianças com paralisia cerebral



 
 
Uma equipa de especialistas está até sexta-feira em Faro a ensinar técnicos de uma instituição algarvia a tratar crianças com paralisia cerebral através de um fato inspirado em tecnologia usada por astronautas da agência espacial americana NASA, avança a agência Lusa.

A equipa, composta por especialistas do Brasil e Estados Unidos, está a treinar onze técnicos da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC) de Faro ao abrigo do projecto "Vamos ser astronautas", disse à agência Lusa Cristina Sobral, uma das terapeutas que está a receber formação.

Destinado a pessoas com paralisia cerebral e outros distúrbios neurológicos, o tratamento consiste na utilização de um fato originalmente usado por astronautas em voos espaciais e posteriormente adaptado à reabilitação de pessoas com paralisia cerebral.

Marta, de oito anos – que ficou com sequelas neurológicas depois de ter sido atropelada, aos seis –, é uma das crianças que frequentam a APPC/Faro e que está a ajudar os técnicos a testar o método de tratamento.

Depois de ter o fato [Pediasuit] vestido e interligado por elásticos, a criança é colocada numa estrutura metálica de suporte específica, onde são feitas as actividades terapêuticas, assistiu a Lusa no local.

"É como se o fisioterapeuta ganhasse várias mãos e com isso a criança tem um ganho muito mais rápido, fazendo exercícios que jamais poderia fazer", explicou à Lusa a instrutora internacional de "Pediasuit" e Terapia Intensiva, Lúcia Queiróz.

De acordo com a especialista, o tratamento – feito durante quatro semanas, quatro horas por dia, período após o qual se faz um intervalo de um mês – representa um ganho de um ano relativamente à terapia convencional.

"O ideal seria que a criança retomasse o tratamento no espaço de dois a três meses, mas não perde o que ganhou, desde que faça fisioterapia convencional regularmente", acrescentou.

O método pode ser usado em crianças ou adultos que tenham todo o tipo de dificuldades motoras ou sensoriais, desde sequelas por traumatismos cranianos ou Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), a síndrome de Down ou Autismo.

O "Pediasuit" começou a ser usado na Florida, EUA, há nove anos, depois de o filho de Eileen de Oliveira, Lucas, ter nascido prematuro e com Paralisia Cerebral, o que a levou a procurar métodos de tratamento.

A presidente e fundadora da clínica "Therapies4kids", que desenvolveu o método, explicou que, antes do tratamento, o filho não conseguia sentar-se, gatinhar ou andar.

A utilização do fato em exercícios ajuda a normalizar o tónus muscular, diminuindo os movimentos descontrolados e melhorando a postura e simetria corporais, entre outros benefícios.

"Os pais ficam emocionados, falam até em milagre. Mas não é um milagre, é um efeito fisiológico", explicou Lúcia Queiróz, admitindo que o tratamento é "relativamente caro", mas porque ainda não está suficientemente difundido.

A concretização do projecto "Vamos ser Astronautas" só é possível graças a um prémio que a APPC/Faro recebeu de uma instituição bancária, no valor de 50 mil euros, que contempla a formação de técnicos e a aquisição do material necessário.

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